Tome hoje a narrativa da fuga de Elias e seu encontro com Deus no monte Horeb. Leia com atenção, em voz alta ou à meia voz, pelo menos três vezes, 1Rs 19,1-18.
Pela leitura dessa passagem, notamos que o profeta Elias, perseguido pelo rei Acab e por sua mulher Jezabel, foge para o deserto do Sinai e sobe o monte Horeb, onde tem um encontro com o Senhor. Este é o sentido literal.
A caminhada de quarenta dias e quarenta noites do profeta lembra os quarenta dias e quarenta noites que Moisés passou na montanha quando recebeu a Lei de Deus (cf. Ex 4,18ss) e os quarenta anos que o povo passou no deserto antes da entrada na Terra prometida. Anunciava os quarenta dias e quarenta noites que Jesus passaria no deserto antes de iniciar sua pregação do Reino dos céus. E simbolizava ainda os quarenta dias da Quaresma que a Igreja propõe aos fiéis como preparação para a Páscoa.
O deserto é marcado por privações, penitências e busca de Deus na oração, que significam nossa necessidade de ascese e de conversão. É o sentido moral.
E por último, podemos ver a caminhada do profeta como a nossa peregrinação terrena em busca da pátria definitiva, o céu. É o sentido anagógico, escatológico, eterno.
Mas retome a leitura proposta, relendo silenciosamente mais duas vezes, meditando com o texto, deixando que ele questione sua vida. Depois, faça sua oração, louvando, agradecendo ou suplicando a Deus. Continue em oração, mergulhando nas belezas da Revelação Divina em contemplação das maravilhas que o Senhor realiza a cada dia.
Quero partilhar com você alguns pontos dessa meditação. No primeiro versículo, o rei Acab conta à sua mulher tudo o que fizera Elias, ou seja, o desafio e a morte dos 450 profetas de Baal por Elias que rogou ao Senhor e veio fogo do céu, consumindo inteiramente o novilho em holocausto (cf. 1Rs 18,20-40). O relato, em vez de provocar admiração e conversão, leva Jezabel, irada, a ameaçar de morte o profeta.
Veja a que ponto chegou a cegueira dessa mulher que contaminou o rei e levava todo o povo a abandonar a Deus. E com você, será que diante dos milagres e prodígios que o Senhor fez (e faz) na sua vida e na de seu povo, você continua cego? Será que você está sendo arrastado por uma Jezabel, às vezes um parente ou pessoa próxima que se passa por amiga, mas o leva ao pecado e ao abandono de Deus? Você se deixa levar pela palavra dos homens ou pela de Deus? Jesus diz: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,31b-32). E o apóstolo São Paulo afirma: “É para a liberdade que Cristo vos libertou. Não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gl 5,1).
Diante da ameaça concreta de Jezabel, Elias teve medo e fugiu para salvar a própria vida. Ele tinha consciência de que Deus o escutava, mas reagiu como qualquer um diante do perigo, partindo para bem longe. Tendo entrado no deserto, e não aguentando mais, pede a morte. Parece até incoerência ele fugir com medo da morte e pedir para morrer. Mas Deus, que perscruta o mais íntimo de cada um, prepara para ele algo muito maior. Envia primeiro um anjo com água e um alimento tão forte que o sustenta por quarenta dias e quarenta noites. Seu destino é a fenda da rocha, ou uma caverna, para outros tradutores. Lá, o Senhor lhe pergunta: “Que fazes aqui, Elias?” Este se rende e responde: “Eu me consumo de ardente zelo pelo Senhor...”. “Vem para fora e fica diante de mim...”. Veio um furacão, um terremoto e um fogo... Mas o Senhor não estava no furacão, no terremoto nem no fogo... Veio então um murmúrio de uma brisa suave e Elias cobriu o rosto. Ele compreendeu que Deus tinha (e tem) absoluto controle da natureza, mas se manifestava na simplicidade.
No encontro com Nicodemos, Jesus vai explicar: “O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3,8). E você, espera manifestações estrondosas de Deus ou tem os ouvidos atentos aos suaves murmúrios do Espírito? Deus dá orientações claras e concretas a Elias (cf. 19,15-18) assim como a cada um daqueles que se dispõe a ouvi-lo. Você para e escuta a Deus ou é sem paciência?
Oração
Diante do convite irrecusável do Senhor, ore e clame ao Espírito Santo. Peça uma (nova) experiência forte de batismo no Espírito. Faça a sua oração que somente você pode fazer. Entre na fenda da rocha do seu coração e busque o Senhor que conhece os mais íntimos dos seus segredos... Renove, como São Francisco de Assis, o desejo de conhecer profundamente a Deus e a você mesmo: “Quem és tu, Senhor, e quem sou eu?” Louve e bendiga livremente o Senhor que te conhece e te ama...
Não deixe de anotar, em seu caderno, tudo o que o Senhor te mostrou nesta Lectio.
Que o Senhor te abençoe e te dê a Paz!
Ó Maria, Esposa do Espírito, rogai por nós!
por
Comunidade Católica Shalom
Comunidade Católica Shalom
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