quinta-feira, 28 de julho de 2011

COMO SE DEVE REZAR.


Antes de começar a rezar deve-se livrar de todas as ocupações e deveres habituais, reunir os pensamentos, como se fechasse a porta da sua alma para tudo o que é terrestre, e direcionar toda a sua atenção para Deus.
Estando perante a face de Deus e imaginando vivamente a Sua grandeza, quem reza ,deve sentir uma profunda consciência da sua indignidade e fraqueza. "Orando deve-se imaginar toda a criação como nada perante Deus, e unicamente Deus - Tudo" (São João de Kronstad). Um moralizante exemplo da disposição do orador, o Salvador apresentou-nos na parábola do publicano que fora perdoado por Deus pela sua humildade (Lucas 18,9-14).
A humildade de um cristão não dá origem ao desânimo nem ao desespero, pelo contrário, ela reune-se com a forte fé na bondade e onipotência do nosso Pai celeste. Apenas uma oração com fé pode ser ouvida por Deus: "Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes e será assim convosco" (Marcos 11,24). Aquecida pela fé, a oração de um cristão torna-se dedicada. Ele tem em mente o testamento de Jesus Cristo, que deve-se rezar sempre e não desanimar (Lucas 18,1), tem em mente a Sua promessa: "Pedi, e dar-se vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se vos-á" (Mateus 7,7). As imagens Evangélicas da mulher cananéia que pediu a Cristo cura da sua filha (Mateus 15,21-28), da pobre viúva que conseguiu justiça de um juiz injusto (Lucas 18,2-8), e outros casos semelhantes a este dão testemunho da grande força da oração. Mesmo que a oração não seja logo ouvida, o orador não se deve desesperar e nem perder o ânimo: Isso, é uma prova e não um recuso.

Por isso Jesus Cristo disse: "batei," para mostrar que mesmo se Ele não abre logo as portas da Sua misericórdia deve se aguardar com uma clara esperança" (Crisóstomo). O verdadeiro cristão, continuar a rezar com uma força e dedicação incorruptas, até convencer o Senhor e trazer para si a Sua misericórdia . Como o patriarca Jacó, que disse ao desconhecido com quem lutava: "não te deixarei ir se não me abençoes," e, de fato, ele recebeu a benção de Deus (Gênesis 32,26).
Como o Senhor é o nosso Pai celeste, somos todos irmãos. Ele receberá a nossa oração, apenas quando tivermos uma disposição verdadeiramente fraternal e benevolente para com as pessoas, quando destruirmos todas as maldades, inimizades, cobrirmos com o perdão os aborrecimentos e fizermos as pazes com todos: "Quando estiverdes orando se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai celeste perdoe as vossas ofensas" (Marcos 11,25).
O que pedir a Deus
São Isaque, o sírio, disse o seguinte a respeito do que se deve pedir a Deus: "Não sejas imprudente nos teus pedidos para não enfureceres Deus com a tua falta de senso, sê razoável para te habilitares a dons gloriosos. Pede aquilo que tem valor a Aquele que é alheio à sovinice, e receberás o que tem valor segundo o teu razoável desejo. Salomão pediu sabedoria e juntamente com ela recebeu o reino terrestre, porque pediu com senso ao grande Rei. Elizeu pediu uma exclusiva benção do Espírito Santo em relação a que possuía o seu mestre, e o seu pedido não foi recusado. Quem pede algo insignificante ao Rei rebaixa a Sua honra."
O grande mestre da oração é o nosso Salvador. A oração acompanha todos os fatos importantíssimos da Sua vida terrestre. O Senhor reza ao receber o batismo de João (Lucas 3,21); passa uma noite inteira em oração antes da escolha dos apóstolos (Lucas 6,12); reza durante a transfiguração (Lucas 22,41), e reza na cruz. A última palavra do Senhor antes de morrer, foi uma oração (Lucas 23,46).
Sob a impressão inspirante do Salvador a rezar, um dos discípulos direcionou-se a Ele com um pedido: "Senhor ensinai-nos a rezar" (Lucas 11,1). E como resposta a isso, o Senhor deu-lhe uma oração curta no tamanho mas rica no conteúdo, a tal maravilhosa oração, que até hoje reúne todo o mundo cristão. Essa oração chama-se "Pai Nosso" ou "Oração Dominical." Ela nos ensina sobre o quê e em que ordem é que devemos rezar. Direcionando-nos para Deus: "Pai nosso," consideramo-nos seus filhos e em relação um ao outro - irmãos, por isso não rezamos apenas por nós, mas por todas as pessoas. "Santificado seja o Teu Nome" - pedimos para que o Teu Nome seja sagrado para todos e que todas as pessoas louvem o Nome de Deus com as suas palavras e os seus atos. "Venha a nós o Teu Reino." O Reino de Deus começa no interior de cada pessoa religiosa, quando a benção de Deus entrando nela, a purifica e transfigura o seu mundo interior. Juntamente com isso, a sensação da presença de Deus, reúne todas as pessoas e os anjos numa grande família espiritual, chamada Reino de Deus ou da Igreja. Para que o bem se difunda entre as pessoas é preciso pedir: "Seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu" - ou seja, que tudo no mundo se faça segundo a inteiramente boa e a mais sábia vontade de Deus, e que nós as pessoas, igualmente de bom grado, realizemos a vontade de Deus aqui na terra, como a realizam os anjos no Céu. "O pão nosso de cada dia nos dai hoje" - Dai-nos hoje, tudo o que é indispensável para a alimentação do nosso corpo; o que acontecerá conosco amanhã nós não sabemos: necessitamos apenas do pão diário, ou seja, de cada dia, que é indispensável para manter a nossa existência. "E perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores," estas palavras são explicadas por São Lucas, que as escreve da seguinte forma: "E perdoa-nos os nossos pecados" (Lucas 11,4). Nossos pecados são dívidas, porque ao pecarmos não realizamos o que devemos, e nos tornamos devedores perante à Deus e as pessoas. Este pedido insinua-nos com uma força especial, a necessidade de perdoar ao próximo todas as ofensas: não perdoando aos outros, não ousamos pedir perdão a Deus pelos nossos pecados, não ousamos rezar com as palavras da oração do Senhor. "E não nos deixes cair em tentação" - verificação das nossas forças morais por meio da inclinação para qualquer ato impuro. Aqui, nós pedimos a Deus para nos prevenir da queda, se uma tal prova das nossas forças é inevitável e indispensável. "Mas livra-nos do mal" - de toda a maldade e do seu culpado - o diabo. A oração acaba com a certeza na realização daquilo que fora pedido, pois a Deus pertence o Reino eterno, o poder e a glória.
Desse modo, o Pai Nosso reúne em si tudo sobre o que se deve rezar, ensina-nos a colocar todas as nossas necessidades na ordem correta: primeiro pedir a benção mais alta - a glória de Deus, a difusão do bem entre as pessoas e a salvação da nossa alma. Depois pedir pelas necessidades da vida quotidiana. "Em relação a elas, não Lhe vamos ensinar o meio de nos ajudar," diz São João (Crisóstomo). "Se as pessoas que nos defendem, falam por nós perante os juizes deste mundo, dizemos apenas os nossos atos e deixamos a eles o meio de defesa, mais ainda devemos agir dessa forma em relação a Deus, Ele próprio sabe bem o que é melhor para ti." Além disso, devemos nos entregar inteiramente à vontade de Deus, "seja feita a Tua vontade." O exemplo tal oração, deixou-nos o próprio Salvador. Ele rezava no jardim de Getsêmani, o seguinte: "Meu Pai, se possível passe de Mim este cálice! Todavia não seja como Eu quero, e, sim, como Tu queres" (Mateus 26,39).




blog Pe Emilio

Nenhum comentário: