terça-feira, 5 de julho de 2011

EM BUSCA DE UM REENCONTRO.


Às vezes e ultimamente com muito mais intensidade, sou surpreendido por questionamentos e reflexões que me incomodam e tomam toda atenção. Seja no trabalho ou na estrada, sempre sou lançado dentro de uma tempestade de pensamentos. Primeiro, perguntas e mais perguntas, depois várias respostas, algumas sem sentido, outras com sentido até demais. A verdade é que, nunca tenho uma certeza, algo de concreto, seja pelas perguntas, pois não sei se as fiz corretamente, ou que seja pelas respostas, uma vez que não sei se são suficientes. Uma coisa é certa, entre ambas, jaz o medo de incorrer no equívoco de chegar a uma falsa conclusão.
Algumas se manifestam neste sentido:

O que aconteceu comigo? Até pouco tempo atrás acreditava está no rumo certo. Tive a certeza que conhecia e viva nos caminho do Senhor, pois, muitos foram os momentos alegres, de muita paz, dedicação ao serviço e atribuições que normalmente são conferidas a um arauto.
Poderia ter me enganado? Mas, Por quê?

O que era símbolo de pureza encontrou-se maculado. Foi como que, objetos de despojos proibidos por Deus, fossem encontrados comigo. Teria eu praticado a desobediência do soldado acã? (Js7,1) Certamente não em seu sentido literal, mas possivelmente pelo mesmo ângulo de infidelidade.

Deus é um Deus Eterno que age por princípios que se tornam leis. Muitas vezes queremos ou desejamos coisas que contrariam ou que violam esses princípios divinos, não existindo permissão para que a situação que tanto queremos possa acontecer. Tudo deve ser observado tão somente para o nosso bem. Desobedecer às ordens de Deus é “roubar” objetos despojados. È permanecer distante da presença do Senhor, não podendo viver Sua plenitude. (Js7,12b). É rebelar-se, insurgir-se. E tudo gera consequências.
Em ato contínuo:

Teria sido deportado para o exílio, para que meu passado fosse transformado em maturidade e que pudesse enxergar um verdadeiro sentido na forma de seguimento a Cristo?
Será que ainda existem outros que possam se encontrar na minha condição anterior dentro dos cultos praticados nas limitadas muralhas dos templos? 
Quantos estariam certos e convictos que não? Em que fundamentos poderiam está alicerçado? Eu tinha convicção e fundamentos, onde teria nascido a corrupção?
Sem norte, sem visão, sem temor e sem sabedoria. Embora não acreditasse assim.
Por que somente agora deixam de ser obscurecidos em minha mente?

Onde estão os objetos despojados que comigo estavam?

Estariam na mais secreta parte do meu coração onde alguém jamais conseguiu chegar? Um lugar descrito como sendo frio e solitário, que guarda as mais terríveis armas com poder de fogo para ferir, enganar, destruir e dominar.

O que é o homem? Não seria o mais sublime ato da criação? Sim. Amado ao extremo tendo seu criador se tornado igual a ele em tudo, menos no pecado, para trazê-lo de volta à sua verdadeira morada.

O que poderia alcançar um coração assim? O que seria capaz de tocar e transformar uma área tão sombria?
O amor. O incomensurável amor de Deus. Então porque não há uma ação por parte desse amor?
Ação sempre há. O que falta é reação. Pois a chave que abre para reagir, tem sua fechadura pelo lado de dentro e somente o homem poderá abrir.
Da parte de Deus, ele sempre espera que lhe seja dado uma única abertura, para entrar, agir, e transforma esse lado obscuro.

A primeira palavra de Deus a Josué mediante seu ato de reparação, foi: “Levante-se”.(Js7,10).
Era como se dissesse: “ Por que está parado. Foi Israel que pecou. Houve uma transgressão. É hora de reagir”. E nos versículos seguintes: “levante-se e purifique o povo...”(Js 7,12).

Por que me sinto mais leve em relação a toda angústia, culpabilidade e inquietação de antes? Será que o melhor ainda está por vir?

Seria hora de rasgar as vestes, cair por terra e me cobrir com cinzas?

Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso. Em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados. Trazemos sempre no nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifesta no nosso corpo. Estando ainda vivos, estamos continuamente expostos à morte por causa de Jesus, para que a vida de Jesus seja manifesta também na nossa carne mortal. Assim, em nós opera a morte, e em vós a vida.” (2cor 4,7-12).

O que parece uma vida constituída de frustação, fraquezas e fracassos, para o Apóstolo Paulo, é a manifestação da força e do poder de Deus.
Assim é possível chegar a pelo menos as seguintes conclusões:
O homem é livre para poder dizer “Sim” ou “Não” ao Amor de Deus. Pode privar-se de forma voluntária dessa grandeza de poder ser tão amado, de modo que sua vida já nada mais lhe falta.

Que dentro da área tenebrosa presente no coração do homem, esse amor insiste em renascer, concedendo tempo para que possa existir uma reação e esse homem, mergulhe em seu próprio interior e ali mesmo, O possa descobrir.

Que o redescobrir, revele o “Sim” como uma única resposta a Deus que a ele se revela e se doa.
“Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu criador” (Gaudium et spes 19,1)
Que mais uma conclusão é certa: Que o esforço próprio é imprescindível para reinflamar a chama do batismo, deixando ser conduzido para sua poderosa ação.
Assim, nessa tentativa de poder encontrar a mim mesmo, mesmo envolvido a tantos conflitos, sigo ainda meio “grogue”, mas a serração já não é tão forte e a água já não está tão turva. Confusão e medo ficam para trás, e a “terra vista” que se encontra ao longe, apontam para um tempo de esperança e de renovação.


Por
Wellington Dantas

 

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