Leitura da profecia de Amós – 4Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; 5vós que andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos e adulterar balanças, 6dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?” 7Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”. – Palavra do Senhor.
Louvai o Senhor, que eleva os pobres!
1. Louvai, louvai, ó servos do Senhor, / louvai, louvai o nome do Senhor! / Bendito seja o nome do Senhor, / agora e por toda a eternidade! – R.
2. O Senhor está acima das nações, / sua glória vai além dos altos céus. / Quem pode comparar-se ao nosso Deus, † ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono / e se inclina para olhar o céu e a terra? – R.
3. Levanta da poeira o indigente / e do lixo ele retira o pobrezinho, / para fazê-lo assentar-se com os nobres, / assentar-se com nobres do seu povo. – R.
Leitura da primeira carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 1antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens; 2pelos que governam e por todos os que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade. 3Isso é bom e agradável a Deus, nosso salvador; 4ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6que se entregou em resgate por todos. Esse é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7e para esse testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e – falo a verdade, não minto – mestre das nações pagãs na fé e na verdade. 8Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões. – Palavra do Senhor.
[A forma breve está entre colchetes.]
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor, / para que sua pobreza nos, assim, enriquecesse (2Cor 8,9). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – [Naquele tempo, 1Jesus dizia aos discípulos:] “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isso que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo, usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. [10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.] – Palavra da salvação.
O Evangelho nos narra neste domingo a Parábola do Administrador Infiel que, antevendo sua demissão, começa a defraudar o patrão para garantir o próprio futuro. Surpreendentemente, Nosso Senhor elogia a atitude do mordomo, evidentemente não por sua desonestidade, senão por sua prudência: "E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza". Santo Agostinho, comentando essa passagem, escreve: "O administrador prestes a ser demitido é louvado pelo senhor porque estava provendo o próprio futuro. Não devemos porém procurar imitá-lo em tudo, cometendo fraude contra nosso senhor para da mesma fraude distribuírmos esmolas" (Catena Aurea in Lucam, XVI, 2).
"Os filhos deste mundo", prossegue Jesus, "são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz". Com isso, Nosso Senhor divide a humanidade em duas facções — uma que põe suas aspirações nas riquezas deste mundo perecível, e outra que deposita sua esperança nos bens eternos. O que Ele lamenta, porém, é que os filhos das trevas sejam mais astutos que os seus discípulos. A "Imitação de Cristo" põe nos lábios do Senhor esse mesmo lamento (III, 1, 3-4), que deveria comover-nos:
"O mundo promete apenas coisas temporais e mesquinhas e é servido com grande ardor; eu prometo bens sublimes e eternos, e só encontro frieza nos corações dos mortais. [...] Por um pequeno salário se empreendem grandes viagens, e pela vida eterna muitos nem dão um passo sequer. Busca-se o lucro vil; por um vintém, às vezes, há torpes brigas; por uma ninharia e promessa mesquinha não se teme a fadiga, nem de dia, nem de noite. Mas que vergonha! Pelo bem imutável, pelo prêmio inestimável, para honra suprema e pela glória sem fim, o menor esforço nos cansa. Envergonha-te, pois, servo preguiçoso e murmurador, por serem os mundanos mais solícitos para a perdição que tu para a salvação."
Ainda na distinção entre "filhos do mundo" e "filhos da luz", é possível dizer que estes usam das coisas materiais para chegar às celestes, enquanto aqueles se servem das espirituais para conquistar prosperidade mundana. As palavras de Cristo, no entanto, são claras: "Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas". A vida eterna é o fim, portanto; o dinheiro e as outras coisas desta vida, que vão acabar, não passam de meios. Daí Santo Agostinho dizer que "dinheiro injusto são todas as riquezas terrenas, venham de onde vierem". "Riquezas verdadeiras são aquelas de que Jó estava repleto quando, mesmo estando nu, tinha o seu coração cheio de Deus", ensina o doutor. "As outras, no entanto, chamam-se iníquas porque falsas, sendo cheias de pobreza e passíveis de perda: se fossem verdadeiras, ofereceriam segurança" (Ibid.).
Eis aí, portanto, uma importante lição a tirarmos desse Evangelho: se
fossem bens verdadeiros, as coisas deste mundo ofereceriam segurança.
Tudo aquilo de que dispomos nesta vida, no entanto, é certo que
perderemos. Resta-nos, portanto, ou nos desapegarmos por completo das
criaturas e corrermos em direção ao Criador, ou abraçarmos as riquezas
caducas da terra — e perecermos com elas. Tertium non datur.
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