domingo, 4 de setembro de 2022

23º Domingo do Tempo Comum - A cruz e sua sabedoria.

 Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 6,27-38 - Evangelho do Dia - Click  Nova Olímpia - Resenha e Curtição em um só CLICK.

Primeira Leitura (Sb 9,13-18)

Leitura do Livro da Sabedoria:

13Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? 14Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas: 15porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e tenda de argila oprime a mente que pensa.

16Mal podemos conhecer o que há na terra, e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? 17Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito? 18Só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra, e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial (Sl 89)

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.

— Vós fazeis voltar ao pó todo mortal,/ quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”/ Pois mil anos para vós são como ontem,/ qual vigília de uma noite que passou.

Eles passam como o sono da manhã,/ são iguais à erva verde pelos campos:/ De manhã ela floresce vicejante,/ mas à tarde é cortada e logo seca.

— Ensinai-nos a contar os nossos dias,/ e dai ao nosso coração sabedoria!/ Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?/ Tende piedade e compaixão de vossos servos!

— Saciai-nos de manhã com vosso amor,/ e exultaremos de alegria todo o dia!/ Que a bondade do Senhor e nosso Deus/ repouse sobre nós e nos conduza!/ Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.

Segunda Leitura (Fm 9b-10.12-17)

Leitura da Carta de São Paulo a Filêmon:

Caríssimo: 9bEu, Paulo, velho como estou e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, 10faço-te um pedido em favor do meu filho, que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo. 12Eu o estou mandando de volta para ti. Ele é como se fosse o meu próprio coração. 13Gostaria de tê-lo comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão, que eu devo ao Evangelho.

14Mas eu não quis fazer nada sem o teu parecer, para que a tua bondade não seja forçada, mas espontânea. 15Se ele te foi retirado por algum tempo, talvez seja para que o tenhas de volta para sempre, 16já não como escravo, mas, muito mais do que isso, como um irmão querido, muitíssimo querido para mim quanto mais ele o for para ti, tanto como pessoa humana quanto como irmão no Senhor. 17Assim, se estás em comunhão de fé comigo, recebe-o como se fosse a mim mesmo.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Anúncio do Evangelho (Lc 14,25-33)

O Senhor esteja convosco.

Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.

28Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’

31Ou ainda: Qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz.

33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”

Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Reflexão

No Evangelho de hoje, o Senhor pronuncia uma frase que é um lema tão característico do cristianismo que chega a identificar-se com sua própria substância: “Quem não carrega sua cruz”, diz Ele, “e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Esse lema, porém, não é uma frase isolada, dita fora de todo e qualquer contexto. O discurso ao qual ele pertence e os termos com que no-lo conservou o evangelista S. Lucas nos devem ajudar a compreender mais a fundo o seu sentido e alcance. Jesus, lembremo-nos bem, está já a caminho de Jerusalém, preparando-se para o momento tão aguardado de sua paixão e morte de cruz. Por isso, “caminhar atrás dele” não pode, nessa tessitura, significar outra coisa além de subir com Ele para Jerusalém, isto é, para lá sofrer e morrer ao mundo. No entanto, o verbo utilizado por Cristo possui um matiz peculiar: o que a nossa tradução verte por “carregar” corresponde, em grego, ao verbo βαστάζω, que na Vulgata é traduzido como baiulō. Embora ambas as palavras signifiquem levantar um peso desde a base e carregá-lo, o verbo em latim também significa exaltar, glorificar, como se vê por seu derivado português “bajular”. 

Isso indica que, além de fazermos cortejo a Cristo nesta subida ao altar de seu sacrifício, o fardo que nos toca carregar deve ser suportado, não só com paciência, mas com a alegria de quem leva nas mãos um troféu, como se a nossa luta nesta vida fôra, por trás de tantas lágrimas e aparentes derrotas, uma procissão triunfal em direção ao céu. E nesta procissão só se pode avançar se se põe Cristo à frente, e nada mais. Eis por que o Senhor diz, em tons bem semíticos, que hemos de “odiar” nossa família e a nós mesmos, isto é, hemos de amá-lo acima de todas as coisas e pessoas. E como viver tão grande amor, que não exige menores sacrifícios, sem plano, sem estratégia, sem disciplina, sem os meios naturais e sobrenaturais, sem, numa palavra, a sabedoria do Espírito Santo, que torna doce a nossa cruz e triunfante o nosso próprio calvário?

 

 

 https://padrepauloricardo.org

Nenhum comentário: