São João Paulo II no ano de 2000 instituiu o domingo
depois da Páscoa como o Dia da Misericórdia, atendendo ao pedido de
Cristo a Santa Faustina. O intento de Jesus é que a meditação da
infinita divina seja um recurso e um refugio para todas as almas,
sobretudo, para os pecadores. Para todos o divino Redentor deseja abrir
as entranhas de sua comiseração, imergindo-os no oceano imenso de suas
graças. O
Evangelho é o da aparição de Jesus ressuscitado aos apóstolos e a São
Tomé (Jo 20,19-31) e na sua homilia dia 30 de abril de 2000 o Papa
explicou o sentido da Misericórdia a partir deste fato narrado por São
João. Ressaltou que antes da significativa saudação aos seus
discípulos: “A paz esteja convosco”, Jesus “mostrou suas mãos e seu
lado, isto é, as chagas da Paixão, em particular a ferida do coração,
fonte de onde jorrou a grande vaga de misericórdia que se derrama sobre
a humanidade”. Em seguida, acentuou o Papa: “Através
do coração de Cristo crucificado a misericórdia divina atinge todos os
homens. Esta misericórdia Cristo a difunde sobre a humanidade por meio
do envio do Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor”. Indaga então este Pontífice: “Não
é a misericórdia o segundo nome do amor, tomado no seu aspecto mais
profundo e mais terno, na sua aptidão de se apossar de cada
necessidade, em particular na sua imensa capacidade de perdão”? Numa frase o bem-aventurado João Paulo II sintetiza então a grande mensagem deste domingo: “Cada pessoa é preciosa aos olhos de Deus, pois Cristo sacrificou sua vida para cada um”.
É que, de fato, pela misericórdia o Filho de Deus foi ao limite de sua
benevolência, pois se mostrou sensível à miséria humana não só se
imolando por todos os homens, mas ainda lhes oferecendo como remédio
para esta precariedade o seu perdão cordial. Ele foi claro: “Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores; é a misericórdia que eu desejo e
não o sacrifício” (Mt 9,13). É
por isto que a conversão é possível e obtém a anistia completa para
aquele que, arrependido, se imerge no oceano da infinita compaixão
divina. Cumpre, porém, não apenas se maravilhar com a ternura de Jesus,
mas é preciso imitá-lo. Cada batizado é, realmente, chamado a fazer
misericórdia com os outros como o Mestre divino e isto como condição de
se usufruir de Sua bondade: “Bem-aventurados os misericordiosos porque
obterão misericórdia”, conforme está no prólogo do Sermão da Montanha.
Isto significa ter compaixão para com o próximo, ou seja, o hábito de
fazer o bem aos que sofrem, vindo de encontro a suas necessidades
corporais e espirituais. Viver
a compaixão misericordiosa é possuir uma sensibilidade interior que se
traduz em ações práticas. Ajuda oportuna dentro dos limites possíveis a
cada um, mesmo porque o nosso pão nunca é tão pequenino que não possa
ser partilhado com o necessitado e às carências espirituais todos podem
socorrer com preces ser partilhado com o necessitado e às carências
espirituais todos podem socorrer com preces ininterruptas que se
traduzem no apostolado da oração. A misericórdia
se traduz ainda na bondade, na benignidade, na paciência, na doçura de
gestos e palavras. Trata-se de se ter o coração aberto para os que
padecem os males inerentes à condição humana numa ajuda efetiva nos
momentos de sofrimento. É a vibração da alma perante toda a miséria,
levando a um movimento que leva a consolar, amparar, enxugar as
lágrimas alheias. Em suma, é o hábito de se fazer o bem a todos. Jesus
manifestou sempre esta sensibilidade profunda. Os Evangelhos narram sua
ternura personalizada, repleta de comiseração ativa. Seus gestos
revelaram os valores de Deus que devem esplender na existência de todos
os seus discípulos. A
palavra misericórdia se liga ao termo miséria cuja lista é imensa:
corações feridos, espíritos alienados, almas pecadoras, falta de
alimento, de remédio, de vestuário, enfim tudo que representa a dor, a
amargura na existência de cada um. Todos os batizados têm necessidade
do sinal oferecido a São Tomé, ou seja, contemplar o Coração aberto do
divino Ressuscitado e dentro desta chaga passar a viver, imitando em
tudo a benevolência deste abismo de amor. Aí o único e verdadeiro
refugio mas também o exemplo de clemência a ser continuamente imitado. É
deste modo que se percebe o verdadeiro sentido da Ressurreição de
Jesus no qual esplendeu a misericórdia em toda sua grandeza. | |||
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domingo, 11 de abril de 2021
Domingo da Divina Misericórdia.
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