É importante saber diferenciar a “Pessoa” da Igreja, que é santa, das pessoas da Igreja, que são santos e pecadores. O Papa João Paulo II nunca pediu ao mundo perdão pelos pecados da Igreja, mas, sim pelos pecados cometidos pelos filhos da Igreja!
O Catecismo da Igreja afirma:
“Todos os membros da Igreja, inclusive os ministros, devem reconhecer-se pecadores” (Nº 827). Isto por causa da palavra de Deus que nos diz: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade, se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1,8-10).
Em quase todos nós, o joio do pecado ainda se mistura ao bom trigo das virtudes, até o fim da nossa vida.
Desta forma a Igreja sempre será formada de santos e pecadores, como Jesus deixa claro na parábola do joio e do trigo (Mt 13,24-30.36-43). Por causa da fraqueza dos cristãos, o pecado existe na Igreja, mas podemos dizer que não é da Igreja. O pecado que está em nós não pertence à Igreja. Neste sentido, afirma D. Estêvão Bettencourt, osb, que “as fronteiras da Igreja passam por cada cristão” (Curso de Iniciação Teológica, Mod. 21, p. 85).
O agente do pecado não pode ser a Igreja, porque ela é uma Instituição, mas as pessoas que a formam. Por sua natureza a Igreja é sem mancha, já que Cristo a purificou com o seu sangue (Ef 5,25-27).
Contudo ela carrega os pecados de seus filhos; mas estes não são seus propriamente dito. Como disse Karl Rahner: “Igreja Santa de homens pecadores”.
Quando a Igreja canoniza certas pessoas que viveram uma vida conformada à de Cristo – os santos e santas – que viveram na graça de Deus e praticaram as virtudes de maneira heroica, ela confirma e reconhece o poder do espírito de santidade que está nela. Esses são aqueles, como viu São João no Apocalipse, “os sobreviventes da grande tribulação; que lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). A Igreja os propõe a nós como modelos a serem imitados. “Diante de Deus, eles intercedem por nós sem cessar” (Oração Eucarística).
A pujança dos santos, presentes em toda a longa história da Igreja, é a grande prova da sua santidade intrínseca. Eles sempre foram a fonte de renovação da Igreja nas horas mais difíceis. Foi assim com Santa Teresa D’Ávila e São João da Cruz, que percorreram boa parte da Europa reformando o Carmelo masculino e feminino; foi assim com São Bernardo e São Domingos, que enfrentaram as heresias dos cátaros e albigenses do seu tempo; foi assim com São Francisco de Assis, que abraçando a “irmã Pobreza” restaurou a Igreja do seu tempo; foi assim também com Santo Inácio de Loyola, que fundou a Companhia de Jesus, com total submissão ao Papa, para edificar a Igreja; e foi assim, com tantos outros grandes santos, mártires, confessores, virgens, viúvas, jovens e até crianças, que testemunharam Jesus até o derramamento do sangue.
O brilho dos santos é um reflexo inequívoco da santidade intrínseca da Igreja. Diz a “Chirstifidelis Laici”:
“A santidade é a fonte secreta e a medida infalível da sua atividade apostólica e do seu ela missionário” (CL, 17,3).
Certa vez o Papa João Paulo II disse:
“A santidade é a força mais poderosa para levar o Cristo, aos corações dos homens” (LR nº 24, 14/06/92, p. 22 [ 338]).
Os santos arrastaram multidões para Deus pela força imensa da sua santidade. Em outra ocasião, diz o Papa:
“Ser santo, ser apóstolo, ser evangelizador: eis, caros fiéis, seja este também o vosso constante desejo e a vossa aspiração… Desde as suas origens apostólicas a Igreja escreveu e continua a escrever uma história de santidade… Aqueles que seguem fielmente a chamada à santidade, escrevem a história da Igreja na sua dimensão mais essencial, isto é, aquela da intimidade com Deus” (LR Nº 8, 24/2/96, pg 10 [903]).
Porque a Igreja é santa, na sua própria natureza, a santidade é, então, a vocação de todos os seus membros.
Prof. Felipe Aquino
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