domingo, 6 de novembro de 2011

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS.


“Caminhemos ao encontro dos Santos que nos esperam”
Leituras: Apocalipse 7, 2-4,9-14; Salmo 24 (23);
Primeira Carta de São João 3,1-3;
Mateus 5, 1-12a. (Bem- aventurança).
Nesta páscoa semanal de Jesus Cristo, onde fazemos memória de todos os santos, referimo-nos a todos que glorificaram a Deus com suas vidas e, reconhecidos ou não, alcançaram a santidade.

1. Situando- nos brevemente:

Na memória dos santos e santas de Deus renova-se para nós a Palavra de Jesus: “Sede santos como Deus é santo”. “Na verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda santidade.”
Somos chamados à santidade e, por isso, rezamos confiantes: “Deus eterno e todo-poderoso, que nos dais celebrar numa só festa os mérito de todos os santos, concedei-nos, por intercessores tão numerosos, a plenitude da vossa misericórdia”.
Na Páscoa de Jesus, temos certeza de que a vida vence a morte e de que somos santificados pela ação do Espírito que habita em nós.
Alegremo-nos no Senhor, celebrando a festa de todos os Santos que, na grande assembléia da nova Jerusalém, cantam sem cessar a glória de Deus diante do trono do Cordeiro imolado.
Fica mais uma vez entre nós a pergunta crucial: como ser santo? O que significa ser santo? A liturgia vai nos conduzir para mais perto da santidade de Deus.
O Senhor vai reforçar os laços de comunhão entre o céu e a terra e vai nos convidar a viver a comunhão dos santos entre nós. Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando a festa de todos os santos e justos de todas as raças e nações, cujos nomes estão inscritos no livro da vida (cf. Ap.20,12)

2. Recordando a Palavra

O Apocalipse precisa ser lido no contexto das terríveis perseguições e massacres. Tem por objetivo animar as comunidades perseguidas pelo Império Romano. A tônica é a esperança. Deus protege do julgamento aqueles que lhes são fiéis e os salva. Lembramos de todos os torturados em todos os tempos. Inclusive nos anos de chumbo no Brasil.

Através do simbolismo dos números, o autor revela que os que lutam e resistem são muitos e formam uma totalidade perfeita (144 mil é o resultado da multiplicação de 12x12x1000). A multidão de fiéis que ninguém pode contar – gente de todas as tribos e nações, povos e línguas – reconhece que a salvação é obra de Deus e do Cordeiro.
A comunidade cristã, em clima de celebração e discernimento, é convidada a descobrir, no meio dessa imensa multidão, seus mártires e santos que resistiram até as últimas conseqüências para defender o nome e Deus, implantar a justiça e testemunhar a solidariedade. Sua memória anima a caminhada dos que estão lutando pela implantação do projeto de Deus na Terra (primeira leitura).

Na festa de Todos os Santos uma surpresa: o grande presente de Deus consiste em sermos chamados filhos de Deus. Seremos semelhantes a Jesus quando Ele se manifestar. João fala à comunidade em crise, em razão da desistência de um grupo. É vazia e sem valor a espiritualidade sem uma prática de vida cristã, uma vez que não é possível amar a Deus sem amar o próximo e sem formar autênticas comunidades.
O desafio está em integrar-se plenamente à comunidade e amar os seus membros. Se Deus é Pai e todos somos seus filhos, consequentemente todos devem se amar como irmãos. Viver como filhos de Deus implica na prática da justiça. O amor do Pai é a grande força que sustenta a caminhada dos seus filhos, das comunidades que se empenham na implantação do projeto de Deus revelado por Jesus Cristo (segunda leitura).
Ser discípulo de Jesus significa ser santo assim como é santo Deus, nosso Pai (Mt 5,48). É possível ser santo e a multidão dos santos comprova isso. As oito bem-aventuranças apresentam esse ideal cristão, traduzido nas atitudes fundamentais de quem se propõe ser santo, seguindo a Jesus.
O discípulo deposita sua confiança nele; é solidário, compartilhando os sofrimentos dos outros; tem, como o Senhor, um relacionamento cordial com os demais; deseja ardentemente saciar a sede de justiça neste mundo; possui um coração integro e livre de toda a ambigüidade; é aberto e acolhedor; empenha-se para que aconteça a paz como conseqüência da justiça.
O discípulo possui consciência das conseqüências de seu modo de agir: será hostilizado por aqueles que se negam a reconhecer os direitos dos outros, mas se alegra com a promessa da posse do reino dos céus. Dessa forma, as bem-aventuranças são um convite a todos os que desejam participar do Reino de Deus que Jesus veio anunciar e inaugurar.
No mundo que nos cerca, prensados pela filosofia da violência e ridicularizado nos gestos de solidariedade, ser santo significa ter uma proposta alternativa de solidariedade.

3. Atualizando a Palavra

A celebração de todos os santos é a festa da santidade anônima. Da santidade entendida, em primeiro lugar, como dom de Deus e resposta fiel da criatura humana. Torna-se impossível enumerar todos os santos, tidos como sinais da manifestação maravilhosa da ação de Deus. A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única santidade: Deus.
Cada santo é um exemplar único e exclusivo. Não podemos pensar a santidade como um produto em série. A comemoração de todos os santos nos abre à imprevisibilidade do Espírito Santo.

A multiplicidade de santos faz deles um modelo perfeito para a vivência dos carismas pessoais e para a diversidade de opções no seguimento de Jesus e no serviço à Igreja e à sociedade.
Quando veneremos ou falamos de um santo de nossa devoção, somos tentados a contemplá-lo (a) pela ótica perfeccionista. “Ele foi perfeito”, “Um super-humano”. Não! Os santos, antes de tudo, foram pessoas comuns. Eles fizeram sua caminhada de vida seguindo os passos de Jesus.
Participaram da realidade do povo santo e pecador. Contudo, eles se destacaram na vivência radical do ideal proposto pelas bem-aventuranças. Foram pessoas que, por seu modo de viver a Boa-Nova, marcaram significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em referenciais atualizados para a história.
O culto da Igreja a determinado santo proclama o mistério pascal na pessoa que sofreu com Cristo e com ele é glorificada. Ao mesmo tempo, propõe aos fiéis o seu exemplo e implorar porseus merecimentos os benefícios de Deus (Cf. SC, n.104).

A Igreja propõe os santos como testemunhas ilustres da glória de Deus, membros do Corpo de Cristo, especialmente unidos a Cristo, modelos e protetores, homens e mulheres que inspiram a atualidade.
Os santos são irrepetíveis anunciadores do amor de Deus para com a humanidade e de sua santidade. São exemplos insuperáveis da salvação realizada pelo mistério pascal, modelos perfeitos de comunhão com Jesus Cristo e intercessores perenes eficazes.
Sobre a intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica afirma: “Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e do gênero humano, Jesus Cristo.
Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe os mais valiosos auxílios”. (CIC, n.956).
Quanto à veneração que a Igreja tributa aos santos, o Concílio Vaticano II esclarece: ”Não veneramos, porém, a memória dos santos apenas pelo exemplo que nos dão; fazemo-lo mais ainda para que a união de toda a igreja no Espírito se consolide pelo exercício da caridade fraterna. Pois, do mesmo modo que a comunhão cristã entre os que peregrinam neste mundo nos coloca mais perto de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem promovam, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus.
“Muito convém, portanto, que amemos estes amigos e benfeitores insignes, que demos as devidas graças a Deus por no-los ter dado e que os invoquemos humildemente, recorrendo às suas orações, à sua intercessão e ao seu auxílio, para impetrarmos de Deus as graças necessárias, por meio de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor, único redentor e Salvador nosso.” (LG, nº50).
O convite evangélico à santidade é proposto a todos. Não é uma realidade impossível de alcançar. Tudo depende do vigor com que se vive o ideal das bem-aventuranças na relação com Cristo e nos compromissos inerentes à vida.
Eu e você podemos ser santos. Não importa se somos pessoas de muitas qualidades ou não. O que conta é que sejamos pessoas extraordinárias pela vivência do programa de Jesus resumido nas bem-aventuranças.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Na celebração eucarística deste domingo de Todos os Santos, rendemos graças ao Senhor, Deus santo, que nos chama a viver em santidade de vida. Participando do memorial da Páscoa de Jesus, alimentamos a certeza de que a vida vence as forças do mal e de que somos santificados pela ação do Espírito que habita em nós.
A Palavra de Deus proclamada alimenta-nos na confiança da realização das promessas de Cristo Ressuscitado, anima-nos na esperança dos novos céus e da nova terra. Suplicamos: “Ajudai-nos, ó Deus, a trabalhar juntos na construção do vosso Reino, até o dia em que, diante de vós, formos santos com os vossos santos” (Oração Eucarística sobre reconciliação, I).
O banquete eucarístico vem ajudar a todos quantos estão a caminho da felicidade verdadeira e eterna, isto é, da santidade. “Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas e descrito no Novo Testamento como ‘as núpcias do Cordeiro que hão de celebrar na comunhão dos santos” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n.31).

A celebração deste dia antecipa e nos torna participantes, não ainda de forma plena, na assembleia do céu, na qual nossos irmãos, os santos, cantam eternamente os louvores ao Pai diante do Cordeiro imolado. Contemplando alegres tantos membros da Igreja transformados em exemplos e em intercessores, caminharemos com maior esperança rumo ao reino definitivo.
Que Deus, santo e fonte de toda santidade renove em nós o dom do seu amor e da nossa resposta fiel à sua iniciativa e à entrega de seu Reino.

A

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