“A  vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não
seja  envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não
será  desiludido quem em vós espera” (cf. Sl. 24,1 ss)
Chegamos  ao início de mais um ano litúrgico, o ano chamado A, dedicado ao estudo do  Evangelho de são Mateus. Assim começamos o chamado tempo do Advento. O que vem a  ser o Advento? O Advento quer dizer espera das coisas que hão de vir. E o centro  destas coisas é Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Advento é o tempo  propício de espera. Espera que deve estar unida à esperança, à doce esperança  dos cristãos contra toda a esperança humana.
Advento  que nos ensina a esperança. Esperamos Aquele que já está conosco, que está no  meio de nós, por isso cantamos: “O Senhor esteja convosco! R. Ele Está no meio  de nós!”. Realmente Jesus está no meio de nós, caminhando na história e sendo o  início e o fim da vida humana.
Somos  chamados neste ano a estudar, refletir e viver o Evangelho escrito pelo  evangelista Mateus. Com Mateus caminharemos neste ano chamado de ano litúrgico  A. Para entender bem o Evangelho de São Mateus é necessário termos presentes as  cinco linhas mestras de seu Evangelho: o Sermão da Montanha, o discurso sobre a  missão dos apóstolos, o discurso sobre as parábolas do Reino de Deus, o discurso  sobre a instrução dos apóstolos e o discurso escatológico, isto é, sobre as  últimas coisas que acontecerão com o homem e a mulher.
A  escatologia será o tema principal dos quatro domingos do Advento, nos preparando  assim para o Natal. Temos que ter presente que a escatologia é o tratado da  teologia que estuda as últimas coisas que acontecerão ao homem. Costuma-se  mencionar a morte, o juízo, o inferno e o paraíso. Seriam os novíssimos, porque  aos olhos dos homens seriam as ultimas coisas que nos aconteceriam. Mas no  contexto de Deus são as coisas primeiras, porque trata do destino de nossa vida  na vida que nos é reservada depois de nossa jornada neste vale de  lágrimas.
Refletimos  hoje sobre a parusia. Parusia que é a vinda de Jesus glorioso conforme a palavra  de são Paulo apóstolo: “Que todo o vosso espírito, toda a vossa alma e corpo se  conservem sem mancha para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”(Cf. 1Tes. 5,23).  Trata-se do encontro pessoal entre o homem e o Cristo salvador. É o Natal do  homem que entendeu e viveu o Natal de Jesus. É a realização plena de todas as  promessas.
A  primeira leitura (cf. Is. 2,1-5) nos mostra a utopia messiânica e o caminho dos  homens ao recinto de Deus. Sião é o lugar da presença de Deus. Para aí subirão  as nações no tempo messiânico, para procurar a Palavra e a Sabedoria de Deus.  Profecia proclamada pelos anos 700 a.C; o profeta já não espera a salvação da  estratégia política e militar, mas do Deus de Sião e do  universo.
A segunda leitura (cf. Rm. 13,11-14) são Paulo aduz que todos somos convidados a levantar do sono, pois a salvação está perto. Com a vinda de Cristo, chega o “dia” decisivo: a luz do “dia” brilha para todos os homens. Desde nosso nascimento no batismo, vivemos para o dia que agora chegou: o dia do encontro com Cristo. Sua luz orienta nossa vida.
O Evangelho de hoje (Mt. 24,37-44) mostra o vigilante dono da casa, na expectativa escatológica. O Filho do Homem virá arrematar a história e julgar toda a existência, mas ninguém conhece a hora. Apesar dos presságios, Ele vem de repente.
A  decisão de seguir a Jesus e ter acesso à vida eterna é uma decisão muito pessoal  que o fiel deve tomar com toda a sua liberdade. Vive plenamente o Natal o homem  e a mulher que se define pelo Cristo, a partir do momento em que a pessoa se  define pelo Ressuscitado, que já está em nosso meio, que vem e já veio para a  salvação de todos.
Somos  chamados hoje para que prestemos atenção a tudo que nos envolve e em nossas  vidas, em nossas atitudes, no nosso cotidiano. Somos chamados a fazer um doce  exame de consciência a respeito de nossa vida e de nossas atitudes. Somos  chamados a nos contrapor a nossa caminhada. Devemos estar vigilantes, porque não  sabemos nem o dia e nem a hora que o Senhor virá ao nosso  encontro.
A  necessidade da vigilância é reforçada com a lembrança do dilúvio, que purificou  a terra. O advento deve purificar a nossa vida para viver bem o Natal. Como o  dilúvio veio à morte também virá e é uma certeza inexorável. Como Deus salvou  Noé por causa da fé e da fidelidade, também salvará os que crerem em Jesus e  forem fiéis aos seus ensinamentos.
O  homem tem um víeis para a eternidade. O homem encontra a felicidade no tempo,  preparando-se assim para a eternidade. O homem encontra o equilíbrio na vida  presente e efêmera, construindo a vida futura, a definitiva, e eterna junto de  Deus. Isso é a doce vigilância que é o centro da liturgia deste  domingo.
Vigiar  com compromisso, com ardor missionário que passa não só pela individualidade,  mas, sobretudo, pela vigilância que quer significar um compromisso com a nova  evangelização, um compromisso missionário renovador e santo. Vamos, pois,  construir o Reino de Deus aqui e agora fazendo dos mistérios da salvação o  quotidiano da nossa futura salvação.
O  Advento nos desperta três atitudes: 1. Ficai preparados; 2. Esperar o Cristo e  3. Esperar o Senhor da Paz.
Assim  devemos ser vigilantes, agindo com prudência e desapego, esperando o Cristo.  Entretanto Cristo não pode ser programado: deve ser esperado; devemos deixar em  nossa vida espaço para a sua presença. A vigilância cristã permite ler em  profundidade os fatos para neles descobrir a “vinda” do Senhor. Exige coração  suficientemente missionário para ver essa vinda nos encontros com os  outros.
O  Senhor Jesus não vem no meio do ruído, não se encontra na agitação e na  confusão. Veio na paz e para a paz. A hora de Deus chega até nós, porque cada  instante da nossa vida contém a eternidade de Deus. É preciso não nos basearmos  unicamente na sabedoria humana, e não esperarmos uma intervenção ostensiva da  parte de Deus. É no momento atual que é dada a salvação. Toda opção que se faz  no presente, entre a luz e as trevas, é um sinal da vinda do Filho do  Homem.
Vigilantes,  acordados, livres, vamos caminhando na “luz do Senhor”, conforme nos recorda o  profeta Isaías na primeira leitura ou como nos lembra o apóstolo Paulo na  segunda leitura, que nos pede coragem de deixar o mundo do pecado e das trevas  para praticar o bem, a caridade e o amor.
Bom  advento a todos! Que todos possamos viver unicamente o amor de Deus Pai, Filho e  Espírito Santo.
padre  Wagner Augusto Portugal - www.catequisar.com.br
 
 
 
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