quinta-feira, 20 de outubro de 2011

APRENDENDO A PLANTAR COM PACIÊNCIA


Marcos 4,26-29

E ele disse: “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra, depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.”

Há uma expressão nos Salmos, característica especialmente de Davi, que diz: “Espera pelo Senhor.” “Espera pelo Senhor; tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor” (26,14). Esta é a mensagem da parábola da semente que cresce, uma parábola que só Marcos nos dá. A parábola parece ser tão simples e direta que não precisa de interpretação especial, e Jesus não dá nenhuma, mas tem sido ocasião de considerável discordância. Quem é o semeador? Jesus ou seus discípulos? Quando é a colheita? Dentro do tempo ou no seu fim? Qual processo é ilustrado? O crescimento espiritual do discípulo individual ou o progresso do reino como um todo? Diversos estudiosos reconhecem a dificuldade dessa parábola nos seus comentários.

Provavelmente o problema começa com explicações demais sobre matérias que não são a ênfase da história de Jesus. O foco da parábola não está no semeador ou no campo mas sobre o disciplinado processo pelo qual uma semente (grão) de trigo plantada germina e desenvolve-se até a maturidade por um poder residente em si mesma. Há duas movimentadas estações no crescimento das plantações: o tempo de semear e o tempo de colher. No meio estão os meses de espera paciente por um processo que está além do poder humano para obrar suas maravilhas. Entrementes, o agricultor vai fazer outras tarefas, ocupado no ciclo usual de trabalhar e dormir. O comportamento do agricultor não reflete um ócio despreocupado, mas o simples reconhecimento de que o que acontece agora é trabalho da semente, não do semeador. Há tempos quando a única coisa sensata a fazer é esperar e confiar.

O foco da parábola do semeador estava no solo, a influência do coração no que acontece à semente do evangelho plantada. Na parábola da semente crescendo, o foco se reduz ao bom solo, o bom coração, e o processo pelo qual o evangelho atinge seu propósito numa mente receptiva. A parábola parece ser contada principalmente àqueles que estão semeando a semente do reino e é uma exortação à confiança paciente. Quando os discípulos do Senhor tiverem espalhado diligentemente o evangelho pelo mundo eles precisarão confiar nos resultados do espantoso poder de transformação de Deus que reside na mensagem (Romanos 1,16). E a ausência de resultados imediatos nunca deverá impedi-los de pregar entusiástica e continuamente a palavra de Cristo em todas as ocasiões e em todos os lugares.

Há trabalho para fazermos, mas “a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4,7). Então, a Deus seja a glória! Conforme Deus uma vez lembrou a Moisés, não importa muito quem somos; importa lembrar quem é ele (Êxodo 3,10-14). Por esta razão não faz nenhuma diferença se a semente do evangelho é plantada por algum doutor em agricultura espiritual ou por algum santo recém-convertido, a semente germinará e crescerá por si mesma! Como o apóstolo Paulo uma vez observou a alguns cristãos impressionados com pregadores e suas habilidades: “Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos, por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus” (1 Coríntios 3,5-6).

Mas isto não é apenas um problema daqueles que pensam muito orgulhosamente nas habilidades humanas, mas também daquelas almas humildes que ansiosamente se atormentam pela sua própria incapacidade como mestre. Aqui, novamente, precisa ser asseverado que o que acontece com a semente plantada não depende de nossas habilidades ou da falta delas, mas da própria palavra de Deus. Não temos que ficar o tempo todo afinando as coisas, sempre tentando pegar uma linha que pensamos que podemos ter deixado escapar. Precisamos somente dizer aos outros o que Jesus disse, e essa poderosa palavra eterna ficará trabalhando enquanto estivermos dormindo!




Com minha benção.
Pe. Emílio Carlos Mancini +

A

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