segunda-feira, 11 de julho de 2011

O AMOR DE DEUS.


Nunca se reflete demais sobre a notável sentença de São João ao asseverar que Deus é amor (1 Jo 4,8). O amor humano é causado pela bondade das coisas; o amor divino é causa da bondade das coisas criadas. Estas são boas porque Ele as ama, e a bondade das criaturas mede-se pelo amor que Deus tem para com elas. Deus sempre age, amando. Isto porque o amor é o primeiro ato da vontade. A prova máxima da dileção divina foi a Encarnação. É o mesmo São João quem ensina isto: “Neste fato manifestou-se o amor de Deus para conosco: que Deus enviou ao mundo o seu Filho unigênito, para que por seu meio tivéssemos a vida” (1 Jo 4,9).
Eis por que São Paulo afirmou aos Efésios: “Deus que é rico em misericórdia, movido pela imensa caridade com que nos amou, restituiu-nos à vida juntamente com Cristo” (Ef 2,4-5). Na sua passagem por esse mundo Jesus fez resplandecer sua imensa dileção:
“Tenho compaixão da multidão” (Mc 8,2). Este amor foi até o fim: “Nisso conhecemos o amor de Deus, que o Senhor deu a sua vida por nós” (1 Jo 3,16). Maravilhado Paulo de Tarso exclamou: “Amou-me e entregou-se a si mesmo por mim” (Gl 2,20). Deste modo se confirmou o que está no Profeta Jeremias: “Amei-te com amor eterno” (Jr 31,3). Cumpre então corresponder a esta dileção do Todo-Poderoso e verídico é o brocardo: “Amor com amor se paga”. Daí o preceito que está no Deuteronômio: “Amarás ao Senhor, teu Deus de com todo teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Deut 6, 4)Este amor deve se manifestar nas obras: “Quem guarda a sua palavra nesse, em verdade, o amor de Deus se tornou perfeito” (1 Jo 2, 5) ; “Ama o Senhor teu Deus, observa as suas prescrições, os seus estatutos, decretos e preceitos em todo o tempo” (Deut 11,1). É preciso, realmente, participar da santidade de um Deus que é amor. Além disto, possui a dileção divina apenas quem ama o próximo, pois “quem ama seu irmão está na luz, e não há nele motivo de tropeço. Ao passo que aquele que odeia seu irmão está nas trevas” (1 Jo 2 4-5). A Bíblia mostra, deste modo, que tal é a maravilhosa e inebriante verdade: Deus nos ama. Nosso amor deve sintonizar seu ritmo com o dele: em sentido vertical, amando-O sobre todas as coisas; em sentido horizontal, ou seja, amando o próximo de todo o coração.

A vontade humana não pode, contudo, amar deste modo em plenitude, se o Espírito Santo não infundir em cada um o verdadeiro amor. Na realidade, nem todos são os que sabem amar! Inteligência e vontade feridas pelo pecado origina deturpam a verdadeira dileção, enganando a muitos acerca do verdadeiro amor e, não sabendo encontrá-lo se entregam a um erotismo desenfreado indigno de um cristão. Assim inúmeros correm enlouquecidos, iludidos, atrás dos falsos amores que o mundo lhe oferece. Depois só decepções, ciúmes, ódios, doenças, crimes, morte do corpo e da alma. O verdadeiro amor se encontra apenas no verdadeiro bem: Deus. Foi o que se deu com Santo Agostinho após seus desvios juvenis: “Ó verdade tão antiga e tão nova, quão tarde eu te conheci, quão tarde eu te amei”! Deus é o amigo mais íntimo e devemos abismar-nos, aprofundar-nos nele. É o nosso mestre: devemos deixar que nos forme, nos guie, demonstrando-nos dóceis às suas moções, aos dons do Espírito Santo. O Coração de Jesus é que sacia plenamente os desejos mais recônditos da alma, oferecendo saúde, vida, felicidade completa: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*


Local:Mariana (MG)

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