Nem toda solidão precisa ser sarada ou contida
Vivemos, atualmente, o vazio existencial
marcado por grandes avanços tecnológicos, científicos e pelo acelerado
alargamento dos meios de comunicação, gerando uma crescente solidão
humana. Faz com que a comunicação, o contato e o enlaçamento entre as
pessoas encontrem-se preocupantemente comprometidos e consumidos pelo
estilo de vida individualista preponderante na sociedade atual.
O mau uso das redes sociais virtuais está
destruindo as redes sociais reais que construímos durante toda nossa
história. O que deveria aproximar os que estão longe está distanciando
quem está perto e a solidão só cresce deixando um vazio. Com isso surge a
necessidade de tamponar essa falta que levará ao comportamento de
compensação ligado ao consumo, ao excesso, como comprar e comer de forma
desproporcional e desfreada, numa tentativa de preencher o que está
vazio.
Pode-se falar também da solidão não
geográfica ou “solidão acompanhada”, ou seja, onde o indivíduo
encontra-se em meio ao convívio social, mas mesmo assim se sente só,
invisível, desconectado. Sente-se incompreendido, não se vincula ao
outro, numa ausência afetiva tão profunda que gera um grave sofrimento
psíquico levando esse indivíduo ao acometimento de sérios transtornos,
como a depressão.
Nessa solidão, o comportamento do sujeito
pode se tornar superficial e inconstante, egocêntrico, individualista e
narcisista e no desejo de tamponar seu vazio, de forma obsessiva, mantém
relações com trocas constantes de parceiros, indiferença a dor do
outro, aos acontecimentos ao seu redor até chegar ao ponto de não
compreender o seu existir.
É fatídico que em algum momento de nossa
vida a solidão surja por decorrência de ocupações no trabalho, cuidado
dos filhos recém chegados, doenças, viagens, por momentos que se faz
necessário um período de afastamento e recolhimento, mas é fundamental a
atenção para o seu encerramento, não deixando que se cronifique.
O bom uso da solidão traz grandes
transformações na vida sujeito. Uma solidão necessária que permite ao
homem a parar de fugir de si mesmo e estar frente a frente da solidão
que lhe faz bem. Aproveitar esse período como um tempo de reordenação de
si, seus pensamentos, sua vida. A autorreflexão leva ao
autoconhecimento e com isso a capacidade de ordenar os desejos e filtrar
as diversas vozes interiores que tanto causam inquietações.
A vida de oração é uma abençoada solidão
que permite reservar algumas horas por dia para estar com Deus e nesse
momento de entrega, louvor e silêncio para-se para um momento de
introspecção, olhar para quem é, o que está fazendo e quais escolhas
estão reverberando em sua vida. Com um olhar que não se encerra em si,
mas que transcende, como nos ensina Santo Agostinho: “Não vá fora, entra
em ti mesmo, no homem interior habita a verdade” e é justamente aí que
se encontra Deus.
Uma solidão abençoada que desintoxica a
mentalidade mundana, que cura os afetos desordenados, que gera um tempo
de escuta, discernimento vocacional, estado de vida e vontade de Deus
para própria vida. Descoberta de potencialidades antes nem percebidas e
que através do silêncio muito se dirá sobre si.
Percebe-se claramente que nem toda solidão
deve ser sarada ou contida, pois tem a solidão boa que ressignifica o
existir, proporciona o encontro conosco e é essa que deve ser vivida,
então, aproveite e faça seu retiro pessoal, busque estar na solidão que
te leva para o encontro contigo e com Deus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS, Pe. Rômulo. Quero ser amigo de Deus. Edições Shalom, Aquiraz, Fortaleza-CE, 2016, 1ª Edição.
BASTOS, Marta Teixeira; COSTA, Maria Emília. A influência da vinculação nos sentimentos de solidão nos jovens universitários: Implicações para a intervenção psicológica. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/psi/v18n2/v18n2a02.pdfAcesso em: 18/11/2017.
MOREIRA, Virginia; CALLOU, Virgínia. Fenomenologia da solidão na depressão. Disponível em:http://www.redalyc.org/pdf/420/42000705.pdfAcesso em: 18/11/2017.
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MOREIRA, Virginia; CALLOU, Virgínia. Fenomenologia da solidão na depressão. Disponível em:http://www.redalyc.org/pdf/420/42000705.pdfAcesso em: 18/11/2017.
(via Shalom)
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