Sete antífonas do Advento que nos lembram a plenitude de Deus, que é “Tudo em todos”
A matéria deste dia 18 sobre Nossa Senhora do Ó (ou da Expectação)
despertou o interesse de vários leitores que nos escreveram querendo
saber mais sobre as invocações de Advento que incluem a exclamação “ó” –
e que, por isso mesmo, são conhecidas como “Antífonas do Ó”.
Reproduzimos, a este propósito, o seguinte artigo veiculado nesta semana pelo blog católico português Senza Pagare – um blog, aliás, que recomendamos. A grafia do texto é a de Portugal.
Antífonas do Ó
A Liturgia das Horas a partir do dia 17 ao dia 23 de Dezembro
expressa-se de forma poética a chegada do Senhor, nas antífonas das
Vésperas, chamadas “Antífonas do Ó”. Mas esta forma poética vem desde a
Idade Média e esta maneira de se exprimir tomou grande destaque porque
foram solenemente cantadas como introdução ao Magnificat. Aparecem pela
primeira vez no Responsório atribuído ao Papa São Gregório (+604).
Estas antífonas vêm de longe, tem atravessado séculos ressoando na
voz orante da Igreja e ajudando o povo cristão a invocar a vinda do
Senhor, isto é, ensinando o povo cristão quem é Aquele a quem deve
esperar e do qual deve pedir a vinda.
Nos mosteiros, há muito tempo se costumavam cantar essas antífonas,
como as suas melodias majestosas, com acompanhamento de órgão e com o
toque dos sinos da igreja. O sacerdote, que entoa a antífona, usa alva e
capa e incensa o altar durante o canto do Magnificat, e assim essas
antífonas são significativas não só pelo seu texto e pela música, mas
também pelo imponente cerimonial que as cerca.
Pierre Journel, conhecido especialista francês em liturgia, escreveu:
As grandes antífonas não são apenas uma síntese da mais pura
esperança messiânica do Antigo Testamento: por meio das imagens da
Bíblia, mas enumeram também os títulos divinos do Verbo encarnado e o
seu Veni (vinde) exprime todo o anseio presente da Igreja. Nelas, a
liturgia do Advento chega ao auge. [1]
As grandes antífonas são usadas na Igreja romana desde o século VIII.
O seu autor, cuja identidade é desconhecida, deveria ser versado na
Escritura Sagrada, pois nessas composições entreteceu passagens do
Antigo Testamento, e ao fazê-lo criou algo novo. Ao redor do texto
abaixo, incluí as referências bíblicas:
17 de Dezembro: Ó Sabedoria, que saístes da
boca do Altíssimo (Eclo 24,3), e atingis até os confins de todo o
universo e com força e suavidade governais o mundo inteiro (Sb 8,1): Ó,
vinde ensinar-nos o caminho da prudência! (Is 40,14);
18 de Dezembro: Ó Adonai, guia da casa de
Israel (Mt 2,6), que aparecestes a Moisés na sarça ardente e lhe destes
vossa lei sobre o Sinai: Vinde salvar-nos com seu braço poderoso! (Jr
32,21);
19 de Dezembro: Ó Raiz de Jessé, ó
estandarte levantado em sinal para as nações! (Is 11,10); ante vós se
calarão os reis da terra e as nações implorarão misericórdia (Is 52,15):
Vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora! (Hab 2,3);
20 de Dezembro: Ó Chave de David, Ceptro da
casa de Israel, que abris e ninguém fecha, que fechais e ninguém abre
(Is 22,22): Vinde logo e libertai o homem prisioneiro, que, nas trevas e
na sombra da morte, está sentado (Sl 106,10);
21 de Dezembro: Ó Sol nascente justiceiro,
resplendor da Luz eterna (Hab 3,4): Ó vinde e iluminai os que jazem nas
trevas e, na sombra do pecado e da morte, estão sentados (Lc 1,78);
22 de Dezembro: Ó Rei das nações, desejado
dos povos (Ag 2,8): Ó Pedra angular, que os opostos unis (Ef 2,20): Ó
vinde e salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da
terra! (Gn 2,7);
23 de Dezembro: Ó Emanuel: Deus-connosco,
nosso Rei Legislador (Is 32,22), Esperança das nações e dos povos
Salvador (Gn 49,10): Vinde enfim para salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!
Sete antífonas que nos lembram a plenitude de Deus que é “tudo em todos”.
Além disso, elas somam as letras que constituem o acróstico invertido: “ERO CRAS”, isto é, Estarei
(aí) amanhã!
17 – S apientia
18 – A donai
19 – R adix Jesse
20 – C lavis David
21 – O riens
22 – R ex Gentium
23 – E mmanuel
18 – A donai
19 – R adix Jesse
20 – C lavis David
21 – O riens
22 – R ex Gentium
23 – E mmanuel
[1] 1 Apud. Ryan, 1992, p. 43.
Senza Pagare
Nenhum comentário:
Postar um comentário