O mistério do Natal só pode ser entendido se se compreende o mistério
da misericórdia divina. A Segunda Pessoa divina da Santíssima Trindade, o
próprio Verbo de Deus tomou uma carne. Para elevar a humanidade
miserável e pecadora à participação na Sua própria vida, na Sua
bem-aventurança eterna, Ele Se fez homem.
Diante de um amor tão grande, que faz o Criador de tudo o que existe
transpor o abismo infinito e tomar as vestes de Sua criatura, a única
resposta adequada do homem é a gratidão. A quem foi alvo de tão grande
misericórdia, só lhe resta transformar a sua vida e corresponder
generosamente ao amor com que foi amado.
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"Ó Deus bem-aventurado, quanto Te custou haver-me amado!" É o que canta a Igreja neste Natal do Senhor, pegando emprestadas as palavras de Santo Afonso de Ligório, em seu famoso poema Tu scendi dalle stelle
("Tu desces das estrelas"). Meditando a letra desta bela cantiga
natalina, determinemo-nos também nós a pagar o preço do amor. Se tanto
custou a Deus amar-nos, como queremos que isso não nos custe nada?
Tu scendi dalle stelle
(Tu desces das estrelas"),
de Santo Afonso Maria de Ligório
Tu scendi dalle stelle, o Re del cielo,
e vieni in una grotta al freddo e al gelo.
O Bambino mio divino, io ti vedo qui a tremar;
o Dio beato! Ah, quanto ti costò l'avermi amato!
A te, che sei del mondo il Creatore,
mancano panni e fuoco, o mio Signore.
Caro eletto pargoletto, quanto questa povertà
più m'innamora, giacché ti fece amor povero ancora.
Tu lasci il bel gioir del divin seno,
per giunger a penar su questo fieno.
Dolce amore del mio core, dove amore ti trasportò?
O Gesù mio, perché tanto patir? Per amor mio!
Ma se fu tuo voler il tuo patire,
perché vuoi pianger poi, perché vagire?
Mio Gesù, t'intendo sì! Ah, mio Signore!
Tu piangi non per duol, ma per amore.
Tu piangi per vederti da me ingrato
dopo sì grande amor, sì poco amato!
O diletto - del mio petto,
se già un tempo fu così, or te sol bramo
Caro non pianger più, ch'io t'amo e t'amo
Tu dormi, Ninno mio, ma intanto il core
non dorme, no ma veglia a tutte l'ore
Deh, mio bello e puro Agnello
a che pensi? dimmi tu. O amore immenso,
un dì morir per te, rispondi, io penso.
Dunque a morire per me, tu pensi, o Dio
ed altro, fuor di te, amar poss'io?
O Maria, speranza mia,
se poc'amo il tuo Gesù, non ti sdegnare
amalo tu per me, s'io non so amare!
Tu desces das estrelas, ó Rei do céu
E vens a uma gruta no frio e no gelo.
Ó Menino meu divino, eu Te vejo aqui a tremer;
Ó Deus beato, quanto Te custou haver-me amado!
A Ti, que és do mundo o Criador,
Faltam agasalhos e fogo, ó meu Senhor.
Querida e eleita criança, esta Tua pobreza me apaixona
Pois foi o amor que Te fez pobre novamente.
Tu deixas as delícias da intimidade divina
Para vir a sofrer sobre essa palha.
Doce amor do meu coração, aonde Te levou o amor?
Ó meu Jesus, por que tanto sofrer? Por meu amor!
Mas se sofres por Tua própria vontade,
por que então este choro, por que estes gemidos?
Meu Jesus, eu Te entendo sim! Ah, meu Senhor!
Tu choras não de dor, mas de amor!
Tu choras ao ver a minha ingratidão,
Um amor tão grande e tão pouco amado!
Ó amado do meu coração,
se fui assim outrora, hoje somente por Ti eu anseio
Querido, não chores mais, pois eu Te amo, Te amo.
Enquanto dormes, meu Menino, o coração
não dorme, não, mas vigia a todo momento
Vai, meu querido e puro Cordeiro,
Em que pensas? Dize-me Tu. Ó amor imenso,
um dia em morrer por ti, respondes, é o que eu penso.
Então, pensas em morrer por mim, ó Deus
Que mais posso eu amar fora de Ti?
Ó Maria, esperança minha,
se pouco eu amo o teu Jesus, não te indignes
de amá-Lo tu por mim, se eu não O sei amar!
Um feliz e santo Natal!
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