domingo, 24 de dezembro de 2017

FELIZ DE QUEM O TIVER AMADO!

 Ó santo Menino, vejo-vos hoje sobre a palha, pobre, aflito e abandonado, mas sei que um dia vireis, para julgar-me, num trono resplendente e cercado de anjos.
 Feliz de quem O tiver amado!
“A graça de Deus, nosso Salvador, apareceu a todos os homens e nos ensinou a viver no século presente com piedade, aguardando a beatitude que esperamos, e o futuro glorioso de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.” (Tt 2, 11)
Considera que, por essa graça de que aqui fala o apóstolo, entende-se o ardente amor de Jesus Cristo aos homens, amor que não merecemos e que por essa razão é chamada graça. Esse amor em Deus foi sempre o mesmo, mas não apareceu sempre.
Foi primeiro prometido por um grande número de profecias e anunciado por muitas figuras; mas apareceu manifestamente quando o Redentor nasceu, quando o Verbo eterno se mostrou aos homens sob a forma duma criancinha, reclinada sobre palha, chorando e tremendo de frio, começando assim a satisfazer pelas penas por nós merecidas, e fazendo-nos conhecer o afeto que nos tinha pelo sacrifício que fez de sua vida por nós.
“Nisto conhecemos o amor de Deus”, diz S. João, “em ter ele dado a sua vida por nós” (1Jo 3, 16). Apareceu pois o amor do nosso Deus e apareceu a todos os homens. Mas por que não o conheceram todos, e ainda hoje nem todos o conhecem? Eis como Jesus mesmo responde, a essa pergunta: “A luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à luz” (Jo 3, 19). Não o conheceram e não o conhecem, porque não querem conhecê-lo, amando mais as trevas do pecado do que a luz da graça.
Procuremos não ser do número desses infelizes. Se no passado fechamos os olhos à luz pensando pouco no amor de Jesus Cristo, procuremos no resto da nossa vida não perder jamais de vista as dores e a morte de nosso Salvador, a fim de amarmos, como devemos, Aquele que tanto nos amou. Assim teremos direito de esperar, segundo as divinas promessas, o belo paraíso que Jesus Cristo nos adquiriu com seu sangue, esperando a beatitude e o glorioso advento de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo: “Vivendo a esperança, aguardamos a vinda de Cristo Salvador”.
No seu primeiro advento, Jesus veio sob a forma duma criança pobre e desprezada, nascida num estábulo, coberta de míseros paninhos e reclinada sobre palha; no segundo aparecerá como juiz sobre um trono glorioso. “Eles verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu, com grande poder e majestade” (Mt 24, 30). Feliz de quem o tiver amado! Mas ai de quem não o tiver amado!

Afetos e Súplicas

Ó santo Menino, vejo-vos hoje sobre a palha, pobre, aflito e abandonado; mas sei que um dia vireis, para julgar-me, num trono resplendente e cercado de anjos. Ah! perdoai-me antes desse dia terrível. Então devereis agir como juiz rigoroso; mas hoje sois Redentor e Pai de misericórdia. Eu, ingrato, fui um dos que não vos conheceram, porque não quis conhecer-vos; eis por que, em vez de pensar em amar-vos considerando o amor que me testemunhastes, só pensei em satisfazer-me desprezando vossa graça e vosso amor.
Entrego agora nas vossas mãos a alma que perdi; salvai-a. “Em tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel” (Sl 30, 6). Ponho em vós todas as minhas esperanças, sabendo que, para resgatar-me do inferno, destes o vosso sangue e a vossa vida. Não me fizestes morrer quando estava em pecado, e esperastes-me com tanta paciência, a fim de que, caindo em mim e arrependido de vos haver ofendido, comece a amar-vos, e vós possais depois perdoar-me e salvar-me.
Ó meu Jesus, quero corresponder a tanta bondade: arrependo-me sobre todas as coisas dos desgostos que vos dei; arrependo-me e amo-vos sobre todas as coisas.
Salvai-me por vossa misericórdia, e a minha salvação consista em amar-vos sempre nesta vida e na eternidade. Maria, minha querida Mãe, recomendai-me a vosso divino Filho. Dizei-lhe que sou vosso servo e que pus em vós a minha esperança; ele vos ouve e nada vos recusa.



Santo Afonso Maria de Ligório 
Notas
  • Extraído e adaptado do livro “Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo”, São Paulo: Cultor de Livros, 2016, pp. 249-251. A versão original italiana desta novena pode ser livremente consultada aqui.

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