De onde veio a tradição de celebrar Missas “no sétimo dia” do falecimento de nossos entes queridos? Qual o significado do número 7 em nossas liturgias?
Em primeiro lugar, o número 3 faz referência aos três dias em que Jesus permaneceu sepultado e ao fim dos quais ressuscitou dos mortos. Assim, ao rezarem a Santa Missa no terceiro dia do falecimento de seus entes queridos, os cristãos manifestavam a esperança de que, no fim dos tempos, também os corpos deles ressurgissem para a vida eterna.
O número 7, por sua vez, guarda relação com o sétimo dia da Criação, quando o Senhor “descansou” de toda a obra que fizera. Trata-se de uma alusão ao “shabat” divino, mais do que apropriada enquanto rezamos pelo “descanso” eterno daqueles que partiram deste mundo. Esse costume, que hoje nos é tão caro, é deveras bastante antigo, pois Santo Ambrósio de Milão o explica, ainda no século IV, durante uma celebração em favor de seu irmão de sangue, São Sátiro, que há pouco havia morrido: Nunc quoniam dies septimo ad sepulcrum redimus, ele diz, qui dies symbolum futuræ quietis est. “Agora voltamos ao sepulcro no sétimo dia, que é símbolo do repouso futuro.” [1]
No Brasil, essa prática recebeu ainda mais força devido ao clima e à extensão de nosso país. Por causa de nosso clima tropical, precisamos sepultar nossos mortos o quanto antes e, dado não ser possível todos os amigos e familiares se reunirem imediatamente após o óbito, o prazo de 7 dias é relativamente suficiente para todos receberem a notícia e se reunirem pelo menos para a Santa Missa em favor de seus entes queridos.
Mantenhamos esta tradição, pois, atentando-nos principalmente a seu significado: não se trata de uma semana de falecimento simplesmente, mas do dia do descanso, símbolo da quietude eterna que todos esperamos viver, um dia, junto do Pai.
Referências
- De Excessu Fratris sui Santyri, l. II, n. 2 (PL 16, 1135).
Nenhum comentário:
Postar um comentário