Apostas e jogos de sorte são formas de lazer. Porém, a pergunta é se essas práticas são convenientes ou não.
Apostas e jogos de sorte são uma realidade no meio social, pois a
diversão, o lazer e o entretenimento, nas suas várias expressões, fazem
parte de uma das dimensões do ser humano. Porém, a pergunta é se essas
práticas são convenientes ou não.
Diante do que a Igreja ensina sobre apostas e jogos de sorte ou azar,
sendo essa uma questão complexa, um aspecto imprescindível é destacar o
abandono e a confiança na Providência de Deus, que rege todas as coisas
e deve ter a primazia na vida de todo ser humano. Também é preciso a
todos disposição e empenho para o trabalho que “pode ser um meio de
santificação” (CIC 2427), que não deve ser descartado frente a possíveis
acomodamentos por motivos fúteis.
O que a Igreja ensina
O Catecismo da Igreja Católica, em sua terceira parte, na segunda
seção sobre os dez mandamentos, que trata do sétimo mandamento “não
roubarás” (Mateus 19,18), traz as direções sobre os jogos de sorte e
apostas, ou seja, se são convenientes ou não, e os riscos que tais
práticas podem trazer quando excedem e causam dependência nas pessoas.
O Catecismo da Igreja diz:
“Os jogos de azar (jogos de carta etc.) ou apostas em si não são
contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis quando privam a
pessoa daquilo que lhe é necessário para suprir suas necessidades e as
dos outros. A paixão pelo jogo corre o risco de se transformar em uma
dependência grave. Apostar injustamente ou trapacear nos jogos constitui
matéria grave, a menos que o dano infligido seja tão pequeno, que
aquele que o sofre não possa razoavelmente considerá-lo significativo
(CIC 2413)”.
Perante esse ensinamento do Catecismo, verifica-se que os jogos de
sorte ou apostas, por eles mesmos, não são um problema para os
princípios conceituados justos. Entretanto, essa prática torna-se
inadmissível quando inflige valores primordiais da vida e seus direitos
inalienáveis, ao priorizar mais as coisas secundárias.
Exemplos de incoerência:
Um pai de família que deixa de comprar o necessário para sua casa se
manter com dignidade e gasta seu dinheiro com jogos de sorte e apostas
está dando prioridade ao que é secundário. Outra situação é quando uma
pessoa, devido a sua exagerada frequência nos jogos e apostas, acaba
viciando-se nessas práticas e deixa de fazer as coisas realmente
necessárias em sua vida, como cuidar da própria saúde, cumprir com
responsabilidades familiares e sociais.
Outro risco é acreditar mais em apostas e jogos de sorte do que no
próprio Deus, o que pode interferir tanto na espiritualidade da pessoa
quanto no seu equilíbrio na vivência social. Com efeito, o vício provoca
a perda da liberdade de filho de Deus e dos princípios básicos do
Evangelho.
Assim, é importante ter claro que o ser humano também deve trabalhar
para sua sobrevivência, pois, em Gênesis 3,17, ao falar sobre a terra,
diz que o homem “tirará dela com trabalhos penosos o teu sustento todos
os dias de tua vida”. Ou seja, não se deve confiar o sustento às apostas
e jogos.
Postura coerente frente a essa realidade
Diante da participação de apostas e jogos de sorte, conforme a Igreja
ensina, é importante que cada um saiba analisar suas próprias
limitações e intenções por trás de cada prática, para não se viciar, ou
optar sempre por aquilo que pode ser supérfluo. Com isso, se for por
simples diversão, sem resquício de vícios e com uma consciência moral
reta, não haverá problemas nesse sentido.
Uma forma de não incorrer em riscos relacionados ao excesso de jogos
de sorte, cartas e apostas é perceber como e o quanto estamos
envolvidos, se temos o domínio sobre nós mesmos para dizer sim e não na
hora de começar e na hora de parar.
Assim, o que precisa reger nossa vida é a Providência de Deus, tanto
na parte material quanto a promoção de divertimentos que sejam saudáveis
para o corpo e a alma. Já que, na vida do cristão, “procura-se ordenar
para Deus e para a caridade fraterna os bens deste mundo” (CIC 2401).
O básico e necessário sempre nos será concedido pelo Senhor por meio
da Sua Providência junto ao nosso esforço e trabalho, pois Jesus nos
garante: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e
todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mateus 6,33).
(via Canção Nova)
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