“O olhar de Jesus vai além dos pecados e dos preconceitos”: foi o que
disse o Papa na manhã deste domingo, ao rezar com os fiéis na Praça S.
Pedro a oração mariana do Angelus.
Em sua alocução, Francisco comentou o Evangelho do dia, que narra o
encontro de Jesus com Zaqueu em Jericó. Zaqueu era um rico cobrador de
impostos, colaborador dos ocupantes romanos e, portanto, um explorador
de seu povo. Ao chegar a Jericó, também Zaqueu queria ver Jesus, mas a
sua condição de pecador público não lhe permitia se aproximar do mestre;
além do mais, era pequeno de estatura; por isso sobe numa figueira para
esperar Jesus passar.
Necessidade de conversão
Quando chega perto da árvore, Jesus ordena que Zaqueu desça, porque
deve ficar em sua casa. No desenho de salvação da misericórdia do Pai,
explicou o Papa, há também a salvação de Zaqueu, um homem desonesto e
desprezado por todos, e por isso necessitado de conversão. De fato, o
Evangelho diz que, quando Jesus o chamou, todos começaram a murmurar,
dizendo: ‘Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!’.
“Se Jesus tivesse dito: ‘Desça você, explorador, traidor do povo, e
venha falar comigo para fazer as contas’, certamente o povo teria
aplaudido”, comentou Francisco. Mas Jesus, guiado pela misericórdia,
buscava justamente Zaqueu.
Jesus não se detém nas aparências, mas olha para o coração
“O olhar de Jesus vai além dos pecados e dos preconceitos”, repetiu
duas vezes o Papa. Jesus vê a pessoa com os olhos de Deus, que não se
detém no mal passado, mas entrevê o bem futuro; não se resigna aos
fechamentos, mas sempre abre novos espaços de vida; não se detém nas
aparências, mas olha para o coração.” Jesus olhou o coração ferido de
Zaqueu e foi ali.
Às vezes, prosseguiu, nós buscamos corrigir ou converter um pecador
repreendendo-o, reforçando seus erros e o seu comportamento injusto. A
atitude de Jesus com Zaqueu nos indica outro caminho: de mostrar a quem
erra o seu valor, aquele valor que Deus continua vendo não obstante
tudo. “Assim se comporta Deus conosco: não fica preso no nosso pecado,
mas o supera com o amor e nos faz sentir a saudade do bem. Todos
sentimos esta saudade do bem depois de um erro. Não existe uma pessoa
que não tenha algo de bom”, disse o Pontífice, que concluiu:
“Que a Virgem Maria nos ajude a ver o bem que existe nas pessoas que
encontramos todos os dias. O nosso Deus é o Deus das surpresas!”
(Rádio Vaticano)
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