Primeira Leitura: Jonas 3, 1-10
SÃO FRANCISCODE ASSIS
RELIGIOSA E PAI DA ECOLOGIA
(branco, pref.comum ou dos santos - ofício da memória)
Leitura da profesia de Jonas - 1A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos: 2Vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te ordenei. 3Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para percorrê-la. 4Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: Daqui a quarenta dias Nínive será destruída. 5Os ninivitas creram (nessa mensagem) de Deus, e proclamaram um jejum, vestindo-se de sacos desde o maior até o menor. 6A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. 7Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber. 8Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz; deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos. 9Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de nos perder! 10Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(129)
REFRÃO: Se levardes em conta nossas faltas, / quem haverá de substituir?
1. Cântico das peregrinações. Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. - R.
2. Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, quem poderá subsistir diante de vós? Mas em vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, vos sirvamos. - R.
3. Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra. Minha alma espera pelo Senhor, mais ansiosa do que os vigias pela manhã. - R.
4. Mais do que os vigias que aguardam a manhã, espere Israel pelo Senhor, porque junto ao Senhor se acha a misericórdia; encontra-se nele copiosa redenção. E ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniqüidades. - R.
Evangelho: Lucas 10, 38-42
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 38Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. 39Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. 40Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. 41Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; 42no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe bantu
Nossa história hoje menciona uma aldeia ou vila. Trata-se de Betânia, que ficava a 2 milhas ao leste do templo em Jerusalém, nas colinas no leste do Monte das Oliveiras. Ali moravam os irmãos Marta, Maria e Lázaro (João 11:1). Não sabemos muito sobre eles fora o fato de que eram amigos de Jesus e que O hospedavam de quando em quando. Sabemos que Jesus ressucitou a Lázaro (João 11); que Jesus era conhecido de Marta e que falava com Ele de forma bastante casual e informal, que aparece em duas das três histórias servindo (João 12:2; Lucas 10:40); e que “Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos” (João 11:2).
Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
Há algo sempre me impressionou sobre Jesus: como conseguia dizer tanto em tão poucas palavras. E hoje vemos uma história com muito a nos ensinar que ocupa apenas. Enquanto estavam andando pelo caminho Jesus entrou numa vila. Uma mulher chamada Marta O recebeu em sua casa. Marta tinha uma irmã chamada Maria que se sentou aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que Ele estava dizendo.
O verbo usado em grego para “receber”, indica a acolhida que se oferece a um hóspede, uma característica própria e muito importante do povo judeu do tempo de Jesus: a boa acolhida aos hóspedes. Nos diversos comentários sobre esta passagem bíblica, podemos encontrar a certa tendência a contrastar, exaltando a atitude de Maria em detrimento da de Marta. Mas, como iremos notar, a atitude de Maria é uma ilustração concreta do amor a Deus, já que na narração precedente, tivemos uma ilustração do amor ao próximo, ou seja, bom samaritano.
Como diz o texto, Maria se sentou aos pés do Senhor para escutar sua Palavra. Maria estava sentada ao lado de Jesus, postura característica do discípulo que escuta atento os ensinamentos do Mestre. Marta, pelo contrário, estava ocupada com os muitos afazeres de casa. É óbvio que Marta também queria escutar os ensinamentos do Mestre, mas alguém tinha justamente que fazer a faxina, arrumar a casa para que Jesus se sentisse muito bem acolhido e não lhe faltasse nada.
Afinal de contas, alguém tinha que fazer a refeição; provavelmente, Marta não tinha empregados nem dispunha dos serviços que dispomos hoje como comida pré-cozida, ou comida self-service etc. Enquanto Maria escutava, Marta servia. Esta, inquieta com a atitude da irmã, se aproxima de Jesus e lhe pergunta se ele não estava achando Maria folgada demais, enquanto ela fazia tudo sozinha? Bem que Maria poderia dar uma mãozinha à irmã!
Mas, Jesus com uma suave repreensão, disse: “Marta, Marta! Você se preocupa com muitos detalhes?” Essa atitude de Jesus ilumina o que ele mesmo disse em Mc 10,45: “eu não vim para ser servido, mas para servir”.
Jesus continua e diz: “porém, uma só coisa é necessária”. Mas, uma tradução que ajuda a entender melhor o texto como um todo diz: “pouca coisa basta, não se preocupe em fazer muitos pratos nem em me oferecer muita coisa. Maria escolheu a parte boa e isto lhe está assegurado”.
Este evangelho é uma exortação à vida contemplativa, um convite a escuta da Palavra de Deus. Mas, querer colocar a escuta como superior a prática, é interpretar de maneira alegórica, que não só carece de fundamento no próprio relato, como vai contra as diretrizes dos últimos documentos sobre a interpretação da Bíblia.
O texto quer dizer que a vida do cristão deve ser caracterizada pelo “ora et labora” como expressou tão bem São Bento. Betânia (Marta e Maria) é um ícone, imagem da Igreja. Igreja, lugar onde Jesus habita, lugar no qual não somente se fala e se celebra a presença de Deus, mas onde o acolhemos no nosso coração, onde preparamos a Ceia do Senhor, com gestos simples e intensos de afeto e verdade.
Como seria bom se a nossa casa, os nossos lares, as nossas famílias se tornassem uma Betânia, capazes de acolher, como fez tão bem Abraão na visita inesperada dos três homens junto ao carvalho de Mambré. Marta e Maria se tornaram modelo, estilo de vida para o cristão.
Infelizmente, quase sempre erroneamente elas são confrontadas. O ativismo de Marta em contraposição à atitude contemplativa de Maria. Ou a superioridade da oração sobre a ação. Esta é uma interpretação incapaz de colher o profundo deste texto. Pois, Marta e Maria, as duas irmãs, são o modelo das duas partes da vida cristã: oração e ação. Não pode existir uma sem a outra, não há discipulado autêntico sem ambas. É importante que todas as pessoas possam ver que nós você e eu não fazemos apenas uma “profissão”, horas de trabalho, mas é um homem apaixonado por Cristo, que traz em si o fogo do amor de Cristo. Por isso, é preciso rezar, ouvir e se alimentar da Palavra de Deus.
O discípulo busca na oração, na oração silenciosa e constante, cotidiana e autêntica, o encontro com Jesus. A nossa oração deve ser um escutar o silencioso murmúrio de Deus em nós. E o discípulo encontra Jesus quando o reconhece no irmão que sofre. Uma fé que não sai das igrejas, que se resume àquela horinha da missa dominical, que não muda a relação com o próximo, que não ensina a refletir a vida e mudá-la à luz do Evangelho, é e permanece estéril. Marta e Maria, portanto, são modelos essenciais do “ser cristão”.
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta palavra assim como fizeram, Maria ouvindo e Marta servindo ao Vosso Filho.
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