quarta-feira, 3 de abril de 2024

Oitava da Páscoa - O sentido das Escrituras.

 Não, o sofrimento não é em vão!

Vinde, benditos do meu Pai: tomai posse do reino preparado para vós desde a origem do mundo, aleluia (Mt 25,34).

O Senhor se manifesta, falando-nos das Escrituras e partindo o Pão para nós, assim como fez com os discípulos de Emaús. Por meio da fé em seu nome, todas as pessoas podem desfrutar de salvação e vida em plenitude. Agradecidos por tão grande riqueza, que só com o Mestre podemos experimentar, peçamos que ele permaneça sempre conosco na jornada da vida.

Primeira Leitura: Atos 3,1-10

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 1Pedro e João subiram ao templo para a oração das três horas da tarde. 2Então trouxeram um homem, coxo de nascença, que costumavam colocar todos os dias na porta do templo, chamada Formosa, a fim de que pedisse esmolas aos que entravam. 3Quando viu Pedro e João entrando no templo, o homem pediu uma esmola. 4Os dois olharam bem para ele e Pedro disse: “Olha para nós!” 5O homem fitou neles o olhar, esperando receber alguma coisa. 6Pedro então lhe disse: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” 7E, pegando-lhe a mão direita, Pedro o levantou. Na mesma hora, os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. 8Então ele deu um pulo, ficou de pé e começou a andar. E entrou no templo junto com Pedro e João, andando, pulando e louvando a Deus. 9O povo todo viu o homem andando e louvando a Deus. 10E reconheceram que era ele o mesmo que pedia esmolas, sentado na porta Formosa do templo. E ficaram admirados e espantados com o que havia acontecido com ele. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 104(105)

Exulte o coração dos que buscam o Senhor.

1. Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, / anunciai entre as nações seus grandes feitos! / Cantai, entoai salmos para ele, / publicai todas as suas maravilhas! – R.

2. Gloriai-vos em seu nome que é santo, / exulte o coração que busca a Deus! / Procurai o Senhor Deus e seu poder, / buscai constantemente a sua face! – R.

3. Descendentes de Abraão, seu servidor, / e filhos de Jacó, seu escolhido, / ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, / vigoram suas leis em toda a terra. – R.

4. Ele sempre se recorda da Aliança, / promulgada a incontáveis gerações; / da Aliança que ele fez com Abraão / e do seu santo juramento a Isaac. – R.

Evangelho: Lucas 24,13-35

Aleluia, aleluia, aleluia.

Este é o dia que o Senhor fez para nós, / alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?” 19Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso, em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. 25Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. – Palavra da salvação.

Reflexão

Ressuscitado no glorioso Domingo de Páscoa, o Senhor aparece hoje a dois de seus seguidores. Cléofas e seu companheiro, cujo nome não nos foi preservado, deviam pertencer muito provavelmente ao grupo dos setenta e dois discípulos de que ouvimos falar no Evangelho segundo São Lucas. Iam eles como que tristes e desconsolados em direção a Emaús, um povoado a poucos quilômetros de Jerusalém. Muito lhes devia passar pelo coração; o primeiro encontro que tiveram com Cristo, a forte impressão que lhes causara o Sermão da Montanha, os milagres que viram, o apostolado de que foram encarregados… "Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido", diz o Evangelista. Conversavam, acima de tudo, sobre o que acabara de se passar; a humilhação a que o Mestre fora exposto, os açoites injustos com que lhe feriram a carne os verdugos romanos, a subida do Calvário e, por fim, a ignominiosa morte na Cruz.

Eis que, enquanto lamuriavam pelo caminho, Jesus lhes aprece de forma irreconhecível. Disfarçado, pois, àqueles corações cegos, o Senhor começa a desvendar-lhes o sentido de todas as "passagens da Escritura que falavam a respeito dEle". E fará a mesma coisa quando, momentos depois, aparecer aos Onze em Jerusalém: "Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras" (Lc 24, 45). O Senhor nos ensina, assim, a procurar sempre por sua presença, silenciosa e eloquente, ao folhearmos os livros quer do Novo, quer do Antigo Testamento. Porque só Cristo, com efeito, pode dar pleno sentido às Escrituras Sagradas; porque ninguém senão o Verbo eterno do Pai é digno de abrir o Livro da Palavra de Deus e desatar os seus selos (cf. Ap 5, 2-5); porque é a Ele, Verbum abbreviatum, que está ordenada não apenas a História Sagrada, mas também a história de nossa própria vida.

Aquele fogo que fazia arder o coração dos discípulos de Emaús também nos recorda que, se deixarmos o Cristo ressuscitado caminhar conosco, se dermos ouvidos ao que Ele nos quer ensinar, toda as nossas cruzes e amarguras se tornam doçuras e consolos. Tendo a Cristo como o norte e sentido de nossa existência, não há calvário que não possamos subir, não há paixão que não possamos suportar, não há dor que não possamos padecer com verdadeira alegria cristã. Crucifiquemo-nos com o Senhor para que, morrendo com Ele, possamos com Ele ressurgir para uma vida nova. Não deixemos de implorar à Virgem Santíssima que nos alcance a graça necessária para tudo vermos à sombra da Cruz, para tudo sofrermos com os olhos e o ardor da fé.


https://padrepauloricardo.org

Nenhum comentário: