“A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas. Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis” (At 2, 32-33).
Cinquenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo em Jerusalém no dia de Pentecostes, que era uma das festas judaicas. Sete semanas após a Páscoa, no quinquagésimo dia – geralmente 6 de Siwan (Maio/Junho) – os judeus ofereciam as primícias do pão feito com o trigo da nova colheita. Esta festa também era chamada da “Festa das Semanas”. Alguns ambientes judaicos comemoravam a promulgação dos Dez Mandamentos entregues a Moisés sobre o monte Sinai. São Lucas narra:
“De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2, 2-4).
O Espírito Santo foi enviado por Jesus, agora glorificado também como homem no seio da Santíssima Trindade, para assistir, guiar, animar e fortalecer a Igreja. São Pedro, no discurso que fez ao povo, explicou:
“A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas. Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis” (At 2, 32-33).
São Pedro proclamou na manhã de Pentecostes que nos “últimos tempos” (o tempo da Igreja) o Espírito do Senhor renovará o coração dos homens, gravando neles uma Lei Nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a criação primeira; e Deus habitará nela com os homens na paz.
Pentecostes foi o oposto da Torre de Babel; ali, por orgulho os homens se desentenderam, falando línguas diferentes. Em Pentecostes, falando numa mesma língua todos os povos presentes em Jerusalém, compreendiam os Apóstolos.
No dia de Pentecostes acontece a efusão (derramamento) do Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina: ai começa a vida da Igreja, Corpo Místico de Cristo, que no poder do Espírito vai levar a salvação a todos os homens.
Nesse dia é revelada plenamente a Santíssima Trindade. A partir desse dia, o Reino anunciado por Cristo está aberto aos que creem nele. Por sua vinda, que não cessa, o Espírito Santo faz o mundo entrar nos “últimos tempos”, o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda não consumado; como diz a liturgia bizantina: “Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, pois foi ela quem nos salvou”.
Cristo prometeu esta efusão do Espírito, promessa que realizou no dia de Pentecostes: “Vós sereis batizados no Espírito Santo”. Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começam a proclamar “as maravilhas de Deus” (At 2,11), e Pedro começa a declarar que esta efusão do Espírito é o sinal dos tempos messiânicos. Desde então, os apóstolos comunicaram aos novos cristãos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito que leva a graça do Batismo à sua consumação.
Em Pentecostes a Igreja é manifestada ao mundo e começou a difusão do Evangelho com a pregação. No seu discurso naquela manhã São Pedro, diz São Lucas que:
“Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos. Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum”.
Pentecostes é também o dia da plena revelação da Santíssima Trindade. Jesus já tinha revelado o Pai, e se revelado; agora, do Pai e do Filho procede o Espírito.
Prof. Felipe Aquino
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