Antes de iniciar nossa matéria, se faz necessário ligeiramente conhecer um pouco deste gigante da Igreja, que vai nos ajudar a entender a questão sobre a origem do mal. Aurélio Agostinho, Agostinho de Hipona ou simplesmente Santo Agostinho, nasceu em Tagaste, uma cidade no Norte da África,na atual Argélia. Filho de Mônica, uma devota cristã, e de Patrício, um pagão até ser batizado no leito de morte.
Aos 12 anos, foi enviado para a escola secundária na cidade vizinha de Maudaudos por três anos. Depois, foi para Cártago afim de investir na educação superior. Estudou retórica sa qual futuramente tornaria-se Professor. Nessa época, tentou ler as Escrituras Sagradas para como ele mesmo diz: "descobrir como eram". Diante de seu estudo sobre o livro dos cristãos, acabou gerando nele um questionamento que figura como sendo o mais significativo. QUAL A ORIGEM DO MAL? Quem me criou? Não foi o meu Deus, que é não só bom, mas a suprema Bondade? Donde me veio, então, o impulso para querer o mal e não querer o bem? Seria para fornecer uma razão que justifique o fato de eu sofrer uma punição?... Se for o diabo o responsável, donde foi que ele veio? E se, por uma decisão de sua vontade perversa, se transformou de anjo bom que era em diabo, qual é a origem dessa vontade má que dele fez um diabo, quando um anjo é inteiramente obra de um Criador que é pura bondade?” (AGOSTINHO, VIII, cap. V, 1955).
Agostinho era um homem versado na retórica, foi fortemente influenciado pelas principais escolas da filosofia helenística, bem como, o estoicismo também acabou sendo mais um de seus atrativos. Mas, toda sua eloquência retórica não foi suficiente para responder objeto de suas indagações. Somente após ouvir a pregação de Ambrósio, bispo de Milão, Agostinho começa a compreender as Sagradas Escrituras e começar o caminho para todas as respostas que precisava. Agostinho fala dos dois conceitos de mal: O malum culpae (mal de culpa) e o malum poenae (mal de punição). O primeiro seria o mal praticado por aqueles que, por sua própria culpa, afastam-se do sumo Bem, surgindo por intermédio da vontade livre do homem que se permite seduzir pelas paixões. Assim, neste primeiro, o mal estaria associado a ausência do bem, ou seja, a existência do mal, seria a ausência do bem. Como por exemplo, a existência da escuridão. Sabemos que a escuridão não existe, mas que foi um termo criado para descrever a ausência da luz. Ela não existe por si só. Por essa mesma linha de raciocínio, fica o entendimento para a existência do mal. Ele não existe por si só, mas, é tão somente a ausência do bem. Se por minha vontade me afasto do bem (Deus), não resta outra saída a não ser me aproximar do mal e privar-se da presença da verdade. Não é algo que foi criado por Deus, como os seres vivos e as demais coisas. O que chamamos de mal é, na verdade, a absoluta ausência de Deus.
O Malum poenae, seria simplesmente uma consequência do malum culpae. Uma espécie de punição, mas, que não poderia se traduzir em um mal sofrido e sim um justo julgamento divino. Agostinho nos ensina que seu único objetivo seria o bem, pois visa restabelecer a ordem em nossas vidas. Fica o entendemento de como sendo um mal, apenas por aqueles que tornam-se "vitimas" de tal correção e nem param para compreender que uma correção divina é um bem.
Por fim, conclui que o mal está em um defeito de si mesmo, desfalecimento da vontade, que cede aos desejos da carne. Para pecar, primeiro alimento a minha mente que move a minha vontade(livre arbítrio), a fazer uso dos deleites que são postos acima do sumo Bem que é Deus. O Livre arbítrio, é a causa dos males que praticamos. O Mal não possui substância, não é nada. A realidade que torna a mente escrava das paixões, é o livre arbítrio. Afirma que, para encontrar a verdade, o homem necessita primeiro de uma vontade reta e desejosa de encontrá-la. Depois, esta nunca poderá estar separada do auxílio da graça divina que a todos deseja conduzir a esssa verdade.
A partir de agora estamos aptos para, nas matérias seguintes, passar a compreender a existência do mal no mundo, bem como, a presença do Criador de todas as coisas em meio a todo esse caos pela qual passa toda humanidade. Fome, Miséria, Catástrofes naturais etc.
Nas próximas postagens: A ORIGEM DO MAL II.
Segue como dica de leitura para os amantes da Filosofia, o Livro I da obra O Livre Arbítrio, desse gigante da nossa Igreja.
Aos leitores assíduos do blog do Semeando, fica as desculpas pelo atraso na referida postagem. As limitações pessoais foram decisas para o referido atraso. Mas, como as leituras do livro sagrado nos garante que para tudo existe um tempo, prefiro assim acreditar, tendo a certeza que em nenhum momento fui deselegante ou usei da falta de respeito para com todos aqueles que direta ou indiretamente fazem uso dos acessos a esta página.
Wellington Dantas
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