domingo, 1 de novembro de 2009

FINADOS: SAUDADES SIM, TRISTEZA NUNCA.

Origens do dia de Finados
Fonte: Arquidiocese de Campinas
Transmissão: Antonio Xisto Arruda
Os finados, os falecidos, sempre estiveram presentes nas celebrações da Igreja e no Momento dos mortos no cânon da missa, desde os primórdios do Cristianismo. Por que então a liturgia cristã interessou-se pelos mortos também fora do memento da missa? Por que a Igreja dedicou um dia exclusivo à lembrança dos finados? Os mártires, a perseguição, os "encontros" e orações em catacumbas, cemitérios e áreas isoladas marcaram o início da vida eclesial de muitos cristãos. Os mais antigos sacramentários romanos atestam o uso de missas pelos defuntos. Não sendo realizadas nos funerais (devido às perseguições etc.), as celebrações funerárias aconteciam depois, como comemoração. A essa prática estão vinculadas diretamente as missas de sétimo e trinta dias. Paralelamente surgiu o registro dos vivos e mortos a serem lembrados nas missas, como pratica-se ainda hoje em toda a Igreja. Esse costume está bem documentado na época carolíngia (IX-X séculos). Isso tomou o lugar dos antigos dípticos, tabuinhas de cera onde figuravam os nomes dos doadores de oferendas. Esses registros eram chamados de livros da vida (Libri vitae) e, como foi dito, incluíam vivos e mortos. Depois, os mortos foram separados dos vivos nessas listas. Desde o século VII (Irlanda), escreviam-se os nomes dos mortos em rolos que circulavam como informação entre monastérios e comunidades. Era também uma maneira de comunicar a morte de monges e membros das comunidades, num contexto carente de meios de informação, muito diferente dos dias de hoje. Dessa tradição surgiram as necrologias (lidas nos ofícios) e obituários (lembrando serviços fundados ou obras de misericórdia dos defuntos em suas datas). Passou-se claramente das menções globais aos nomes individuais. Os libri memorialis carolingianos continham de 15.000 a 40.000 nomes a serem lembrados! As necrologias clunisianas (Abadia de Cluni na França) mencionavam de 40 a 50 nomes por dia! A lembrança litúrgica estava garantida duravelmente aos mortos nominalmente inscritos. Rapidamente, em toda a Igreja, o tempo da morte individual se impõe doravante nos registros mortuários. Existe uma importante contribuição e originalidade clunisiana no cuidado devido aos mortos pela Igreja, que corresponde aos anseios da comunidade e à visão de uma Igreja Peregrina em comunhão com a Igreja Transcedental ou Triunfante (comunhão dos santos). Entretanto, um certo caráter elitista marcava essa união dos vivos com os mortos, pois dizia respeito, em geral, aos grupos dirigentes. Por essas razões, a Igreja decidiu estender à totalidade dos mortos, de forma solene, uma vez por ano, essa atenção litúrgica. No século XI, entre 1024 e 1033, Cluni instituiu a comemoração dos mortos no dia 2 de novembro, em contato com a festa de todos os santos. A Festa dos Mortos será rapidamente celebrada em todo mundo cristão e pagão. Ela surge como um vínculo suplementar entre vivos e mortos na prática da Igreja, destinada a todos. O próprio mundo profano, em geral, também vai aderir a essa prática. Trata-se hoje de um dos feriados mais universais. São cerca de 1000 anos de celebração de Finados pela fé na ressurreição! Principais aspectos celebrados nos Finados Um texto anterior evocou a origem histórica dos Finados. Agora destacam-se os principais aspectos, símbolos e imagens dessa festa cristã. No dia de Finados, não festejamos a morte. Seria uma ignorância e uma contradição. Celebramos sim, nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro na morada que Jesus nos preparou, no seio amoroso de Deus. Nos Finados, lembramos e agradecemos a Deus a vida de nossos ascendentes, aqueles que nos antecederam (pais, avós, parentes e amigos). Paramos um minuto. Acendemos uma vela. Proferimos uma oração. Vamos à missa nos cemitérios ou comunidades. Agradecemos a Deus essa cadeia da vida que nos tornou possíveis e viventes. Não somos filhos do nada, nem começamos em nós mesmos. Os filhos do nada são sementes de caos. Somos sementes do Cosmos, do amor de Deus, transmitido por avós, pais e antepassados. Essa cadeia de gerações nos transmitiu vida e fé, como expressão da tradição católica, a transmissão pela Igreja das verdades da fé. A luz, que nos iluminou através de pais, avós, parentes ou amigos, não se apagou com suas mortes. Acendemos velas para lembrar que essa luz segue nos iluminando, em nossos corações. Veneramos seus exemplos e imitamos sua fé (Hb 13,7). Enfeitamos as sepulturas com flores, símbolo da ressurreição. Nossos mortos são plantados como sementes, regadas com nossas lágrimas, e florescem ressuscitados no jardim do Senhor. Cada um de nós recebe de Deus dons especiais, como sementes do Reino. Durante a vida devemos cultivar esses dons, deixá-los florescer e perfumar os irmãos e irmãs. A Igreja católica é o jardim perfumado do Senhor. Ela não condena, mas ama e acolhe. Quem busca caminhar com Jesus na vida, estará com Ele na morte e eternidade. Nossa morte não é um fim. É nossa páscoa, nossa passagem para a casa do Pai. Nada pode nos separar do amor de Cristo. Os mortos e os vivos participam da comunhão dos santos. Quem morre sai deste mundo, destas dimensões e entra na eternidade. Na eternidade não existe tempo, nem espaço. Deus vê sempre como presente nossa oração, passada ou futura. Por isso ainda oramos pela conversão do outro malfeitor ao lado de Jesus e por nossos entes queridos falecidos que morreram na esperança da ressurreição. Nos Finados nós não rezamos aos mortos, mas pelos mortos. Os mortos não saíram da economia eclesial e participam da comunhão dos santos. Na morte a vida não é tirada mas transformada. Nossa vida é eterna.
Site: cleofas.com.br
Foto: cancaonova.com.br







































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