Francisco alertou ontem sobre os hipócritas: "dentro deles está tudo sujo"
O
Senhor nos dê a graça da “verdade interior”. Esta foi a oração do Papa
na missa celebrada na manhã de sexta-feira (20/10) na capela da Casa
Santa Marta.
Francisco comentou a Carta de São Paulo aos Romanos, em que se exorta
a aderir com um ato de fé a Deus, explicando qual seja o “verdadeiro
perdão de Deus”, isto é, o perdão gratuito que vem da Sua graça, da Sua
vontade, e não certamente do que pensamos obter com as nossas obras.
“As nossas obras são a resposta ao amor gratuito de Deus, que nos
justificou e que nos perdoa sempre. E a nossa santidade é justamente
receber sempre este perdão. É o Senhor, Ele nos perdoou o pecado
original e nos perdoa todas as vezes que O procuramos. Nós não podemos
perdoar os nossos pecados com as nossas obras, somente Ele perdoa. Nós
podemos responder com as nossas obras a este perdão.”
No Evangelho do dia, de Lucas, prossegue o Pontífice, Jesus nos faz
entender “outro modo de buscar a justificação”, propondo-nos a imagem
“dos que se creem justos pelas aparências”: ou seja, os que sabem fazer
“cara de santo”, como “se fossem santos”, diz Francisco. “São os
hipócritas.” Dentro eles, “está tudo sujo”, mas externamente querem
“aparecer” justos e bons, mostrando que jejuam, rezam ou dão esmola. Mas
dentro do coração não têm nada, “não têm substância”, têm “uma vida
hipócrita”, a verdade deles é inexistente:
“Essas pessoas maquiam a alma, vivem de maquiagem, a santidade é uma
maquiagem para eles. Jesus sempre nos pede para sermos verdadeiros, mas
verdadeiros dentro do coração. E, se alguma coisa aparecer, que apareça
esta verdade, aquilo que temos dentro do coração. Por isso se dá este
conselho: quando rezar, reze escondido; quando jejuar, aí sim, maquie-se
um pouco, para que ninguém veja no rosto a fraqueza do jejum; e quando
der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que faz a direita, faça
escondido.”
Eles usam “a justificação da aparência”, afirmou o Papa. São “bolhas de sabão” que hoje existem e amanhã não existem mais:
“Jesus nos pede coerência de vida, coerência entre aquilo que fazemos
e aquilo que vivemos dentro. A falsidade faz muito mal, a hipocrisia
faz muito mal, é um modo de viver. No Salmo, pedimos a graça da verdade
diante do Senhor. É belo o que pedimos: ‘Senhor, contei o meu pecado,
não o escondi, não encobri a minha culpa, não maquiei a minha alma. Eu
disse: ‘Confessarei ao Senhor as minhas iniquidades’ e o Senhor tirou a
minha culpa e o meu pecado’. A verdade sempre diante do Senhor, sempre. E
esta verdade diante de Deus é aquela que abre o caminho para que o
Senhor nos perdoe.”
A hipocrisia se torna assim um “hábito”: portanto, a estrada indicada
por Francisco não é acusar os outros, mas aprender a “sabedoria de
acusar a si mesmos”, sem encobrir as nossas culpas diante do Senhor.
(Com Rádio Vaticano)
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