Paulo fala da imensidão de Cristo. Não há como medir a sua
dimensão, por isso nos convida a mergulhar na sua altura, comprimento, largura
e profundidade... Cristo é imenso. Não há como medi-Lo com os padrões deste
mundo. O evangelista João afirma que se alguém quisesse escrever tudo o que Ele
disse e fez não haveria papel suficiente nem lugar para guardar todos os
possíveis livros a seu respeito. E ainda assim não teríamos chegado ao cerne do
mistério que foi o Filho de Deus entre nós. A linguagem da Igreja é uma só, mas
cada cristão terá seu modo de falar da experiência que teve ao aceitar Jesus
como o Cristo.
Creio em Jesus Cristo e penso que o amo. Afirmo que ele é o
Filho de Deus eternamente gerado pelo Pai. Não nasceu do Pai porque sempre
existiu com Ele. Nascer é começar. Ele não teve começo. No seio da Trindade de
pessoas divinas que é o Ser Deus, Ele é a pessoa Filho. Um dia, e só Deus sabe
porque e como isso é possível, veio ser pessoa humana.
No período que entre nós viveu, chamou-se Jesus de Nazaré,
mas era o Cristo, o ungido que Deus prometera. Admito que na minha Igreja e nas
outras há pessoas que amam a Jesus mais do que eu e falam dele com muito mais
clareza e profundidade. Falam de Jesus e com Jesus muito melhor do que eu.
Tenho aprendido com eles.
Não sou o melhor e nem o mais sábio, nem o mais santo dentre
os seus seguidores. Milhões que jamais leram um livro de teologia e não
conseguiriam falar dele acreditam e amam Jesus o suficiente para dar a vida por
Ele. Não é questão de teologia. É de sintonia que mais cedo ou mais tarde
encontra a teologia. O melhor tratado de Cristologia é aquele que nos ensina a
tratar o Cristo como Filho de Deus. Pode-se ler um tratado e não tratá-lo como
tal. Pode-se tratá-lo como Filho de Deus e nem sequer saber dessas coisas.
Não me impressiono com quem fala bonito sobre Ele, porque
pode-se falar bonito sobre Cristo e não segui-lo nem amá-lo. Tenho sido o
primeiro a dizer aos que elogiam minha pregação: não confundam palavras bonitas
com vida bonita.
Mas conheço gente que fala bonito sobre Jesus e vive o que
fala. Conheço quem não sabe muito sobre Ele e até confunde as coisas, mas o ama
de verdade. Fazem como o irmão mais novo, que não sabe muita coisa sobre seu irmão
mais velho, mas gosta demais de estar com ele e confia no que seu irmão ensina.
Ouvirei todos os que falam de Jesus. Inclusive, quem não
sabe muito sobre Ele e se atrapalha no primeiro minuto do seu discurso. Dou-lhe
o direito de saber pouca teologia, já que faz o que a teologia manda: ama a
Deus e ama as pessoas. Sabe o suficiente para salvar-se.
Só não ouvirei os donos da verdade. Em geral sentem-se donos
até do Cristo, mas não são donos nem de si mesmos. Se em nome de Jesus eles
puderem destruir alguém, é isso o que farão. Abrem a porta para o Cristo, mas
costumam cobrar o seu pedágio.
Creio em Jesus, acho que sei ler a Bíblia. Penso que sei
compreender o que os escritores sagrados queriam mostrar. Talvez nem tudo sobre
Cristo seja exatamente como alguns daqueles cristãos de primeira hora antigos
escreveram. Mas também não será como os padres, pastores e VIDENTES de agora o
dizem. Fico com os evangelhos. São suficientes para eu conhecer e amar a pessoa
que eles anunciam. No céu, eu saberei a verdade total. Por enquanto, já tenho o
suficiente para continuar a buscá-lo.
Sei que Ele voltou para o Pai e um dia retornará a este
mundo, mas será diferente do que a primeira vez. Não sofrerá mais, nem será
crucificado. Virá com poder e glória para julgar o mundo. Da primeira vez, Ele
mesmo disse que veio oferecer salvação. Não veio condenar e sim salvar. Quando
voltar será glorioso com todo o seu poder e aí, sim, julgará a humanidade! Não
vai ser um dia fácil. Cada um vai ter sua vida mostrada e esmiuçada. Então se
saberá porque alguns foram e outros não foram dignos do céu.
O que nossa fraqueza não consegue, a misericórdia dele
consegue. É por isso que nós católicos oramos em todas as missas pedindo
piedade e perdão. Outros cristãos também o fazem. Nós cremos no imenso poder
redentor do imenso Filho de Deus. Há perdão para todos, desde que nos
arrependamos de verdade.
Se isso é crer em Cristo, então eu acho que tenho fé. Ainda
é pequena, mas é fé. Preocupam-me as pessoas de fé grande, mas fanática, porque
pode-se crer muito, mas de maneira errada. Para matar a sede, entre o copo de
água e o litro de pinga, eu fico com o copo de água. É menor, mas não embriaga!
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