segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A ERA DOS PSEUDOS-ESPECIALISTAS


Deu a entender que era literato e citou algumas obras de autores russos, árabes e norte-americanos. Um especialista em literatura o rebateu; citara oito autores fora de contexto. Deu a entender que entendia de medicina, mas quando falou em cloridrato de ciclosforinamida e amido-estearato de sódio para tratamento de dores musculares, o professor de medicina quis saber onde ele estudara. Deu a entender que sabia filosofia e teologia, mas quando falou em espiritossantogênese e do capítulo 27 de Lucas, onde se lia que a “filha” do centurião romano estava enferma, não imaginava que entre aquelas pessoas simples havia uma senhora, de Bíblia em punho, que sabia achar todas as passagens; ela protestou. Nos três casos, alguém fingiu saber o que não sabia.

Admitir que sabemos alguma coisa faz sentido, mas agir como se soubéssemos o que não sabemos é coisa de impostor. Profeta que é profeta, prova sem alardear. A comunidade percebe por sua vida e pela constância e linearidade de seu comportamento e de suas palavras que ele tem algo a dizer. Assumir ares de pessoa culta porque lemos alguns livros, de médico porque lemos alguns artigos em revistas de consultório médico, de pregador com o dom de cura porque curamos doenças pouco conhecidas que por acaso lemos em algumas bulas, passar por filósofos e teólogos quando lemos alguns resumos é perigoso para quem nos ouve e para nós mesmos.

Uma coisa é citar alguns livros que realmente conhecemos e mostrar que o assunto nos interessa e outra é posar de doutores. Mas é o que tem acontecido na mídia, rádio e televisão. Há entrevistados e pregadores falando como se soubessem, como se fossem revelados e como se conhecessem do assunto. Melhor seria se admitissem que não conhecem e levassem quem conhece a falar.

Não faz muito tempo um entrevistado no rádio falava da África do Sul, país onde se realizaria a copa, como nação extremamente pobre, violenta e com guerrilha urbana, com 97% de negros e com cerca de 34 % da população com HIV. Alguém ao telefone interferiu, dizendo que morava lá e que os dados eram totalmente falsos. Corrigiu os dados e falou das cidades que caberiam em qualquer país europeu. Mostrou o lado moderno da África do Sul, que não perde para vastas regiões do Brasil. De repente o telefone silenciou...

Foi Jesus quem disse para tomarmos cuidado com os falsos profetas:Mt 7,15 e Mt 24,11. Falava dos pseudo-especialistas...Há muitos deles nos templos e na mídia. E pensar que bastaria se aterem ao que sabem!


Padre Zezinho

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