quinta-feira, 2 de maio de 2024

5ª Semana da Páscoa - Se Deus ama a Cristo, por que o entregou à morte?

 Evangelho do dia – Página: 89 – Diocese de Blumenau

No meio da Igreja o Senhor abriu os seus lábios, encheu-o com o espírito de sabedoria e inteligência e o revestiu com um manto de glória, aleluia (Eclo 15,5).

Atanásio viveu no Egito, no século 4º. Bispo de Alexandria, foi corajoso defensor da doutrina cristã em tempos de heresias que negavam a divindade de Cristo. Por isso, acabou sofrendo perseguições e exílios, que se tornaram inspiração para novos tratados teológicos. Ao celebrarmos a memória deste que é um dos quatro grandes doutores da Igreja oriental, pedimos a graça de, imitando seus passos, permanecer no amor de Deus revelado em Jesus.

Primeira Leitura: Atos 15,7-21

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 7depois de longa discussão, Pedro levantou-se e falou aos apóstolos e anciãos: “Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, Deus me escolheu do vosso meio para que os pagãos ouvissem de minha boca a palavra do Evangelho e acreditassem. 8Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo como o deu a nós. 9E não fez nenhuma distinção entre nós e eles, purificando o coração deles mediante a fé. 10Então, por que vós agora colocais Deus à prova, querendo impor aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós mesmos tivemos força para suportar? 11Ao contrário, é pela graça do Senhor Jesus que acreditamos ser salvos, exatamente como eles”. 12Houve então um grande silêncio em toda a assembleia. Depois disso, ouviram Barnabé e Paulo contar todos os sinais e prodígios que Deus havia realizado, por meio deles, entre os pagãos. 13Quando Barnabé e Paulo terminaram de falar, Tiago tomou a palavra e disse: “Irmãos, ouvi-me: 14Simão acaba de nos lembrar como, desde o começo, Deus se dignou tomar homens das nações pagãs para formar um povo dedicado ao seu nome. 15Isso concorda com as palavras dos profetas, pois está escrito: 16‘Depois disso, eu voltarei e reconstruirei a tenda de Davi que havia caído; reconstruirei as ruínas que ficaram e a reerguerei, 17a fim de que o resto dos homens procure o Senhor com todas as nações que foram consagradas ao meu nome. É o que diz o Senhor, que fez essas coisas, 18conhecidas há muito tempo’. 19Por isso, sou do parecer que devemos parar de importunar os pagãos que se convertem a Deus. 20Vamos somente prescrever que eles evitem o que está contaminado pelos ídolos, as uniões ilegítimas, comer carne de animal sufocado e o uso do sangue. 21Com efeito, desde os tempos antigos, em cada cidade Moisés tem os seus pregadores, que o leem todos os sábados nas sinagogas”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 95(96)

Anunciai as maravilhas do Senhor / entre todas as nações.

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, † cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Cantai e bendizei seu santo nome! – R.

2. Dia após dia anunciai sua salvação, † manifestai a sua glória entre as nações / e entre os povos do universo seus prodígios! – R.

3. Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!” † Ele firmou o universo inabalável, / pois os povos ele julga com justiça. – R.

Evangelho: João 15,9-11

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam minha voz, / minha voz estão elas a escutar; / eu conheço, então, minhas ovelhas, / que me seguem, comigo a caminhar (Jo 10,27). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. – Palavra da salvação.

Reflexão
Após falar aos discípulos da necessidade de estarmos unidos a Ele para termos vida, por ser Ele a videira e nós, os ramos, Nosso Senhor Jesus Cristo pronuncia hoje uma de suas falas mais sentidas do Evangelho, e também uma das mais misteriosas, se a lermos à luz do que acontecerá poucas horas depois do fim deste discurso no Cenáculo, lá em cima no monte Calvário: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei”. Ora, sabemos que Cristo, por ser o Filho natural de Deus, é amado pelo Pai desde toda a eternidade, com aquele amor infinito que é o Espírito Santo. Mas como entender que, sendo Ele o Filho amado, em quem Deus pôs toda a sua complacência, o Pai o tenha entregado à morte? Como harmonizar aquele: “Como o Pai me amou”, que Cristo pronuncia momentos antes de padecer, com o decreto eterno, iníquo e cruel à primeira vista, com que o mesmo o Pai o quis entregar a seus inimigos? Não há dúvida, por certo, de que Deus é “Deus de lealdade, não de iniquidade” (Dt 32, 4), e por isso não podemos dizer que tenha sido nem injusto nem cruel por parte dele entregar Nosso Senhor à morte, senão que, ao contrário, nisto mesmo se manifesta o imenso amor que o Pai lhe devota e com que o Filho lhe corresponde: o Pai ama ao Filho escolhendo-o para a mais alta missão que jamais houve — redimir o gênero humano —, e o Filho ama ao Pai obedecendo-lhe em tudo, até a morte na cruz. Ao entregar, pois, seu Filho à morte, o Pai expressa ao mesmo tempo (a) a sua severidade (cf. Rm 11, 22), por não ter querido perdoar-nos sem a devida satisfação, e por isso “não poupou seu próprio Filho” (Rm 8, 32), e também (b) a sua bondade (cf. Rm 11, 22), por ter proporcionado aos homens quem os pudesse redimir, e por isso “o entregou por todos nós” (Rm 8, 32). E, apesar dos horrores do Calvário, o Pai não deixou de predestinar Cristo a uma glória sem comparação, permitindo que Ele, uma vez rebaixado sob as nossas mãos, fosse mais tarde exaltado acima de todos (cf. Fp 2, 9). Assim, por ter-se entregado à morte, mereceu Ele ser ressuscitado, como primícias dentre os mortos (cf. 1Cor 15, 20); por ter descido aos infernos, enquanto seu corpo jazia no sepulcro, mereceu ascender aos céus (cf. Ef 4, 9-10); por ter sido humilhado e confundido, mereceu sentar-se à direita do Pai, como glória e majestade; e por ter-se submetido ao poder dos homens, mereceu o direito de os julgar a todos. Foi assim “como o Pai me amou”, inspirando-me o desejo de por todos sofrer e morrer, a fim de a todos salvar, destruída de uma vez para sempre o poder da morte. E é assim que o Filho, escolhido com amor pelo Pai, hoje nos escolhe com o mesmo amor: “Assim também eu vos amei”, para que saibamos que a nossa vida é luta, é muitas vezes padecer e, a olhos humanos, ser derrotado vergonhosamente; mas é uma vida que, se combatida com fé, é já uma vitória, porque Ele mesmo já reina, vivo e triunfante no céu: “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16, 33).


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