Estes são homens santos que o Senhor escolheu com verdadeiro amor; deu-lhes a glória eterna, aleluia.
Celebramos hoje dois apóstolos de
Cristo: Filipe e Tiago. “Há tanto tempo estou convosco e não me
conheces, Filipe?”, assim questionava Jesus ao discípulo que queria ver o
Pai, estando justamente diante da plena revelação de Deus, o seu Filho.
Tiago, chamado Menor, era parente de Jesus e foi grande líder da
comunidade cristã em Jerusalém. Ambos morreram mártires, doando a vida
pela causa do Evangelho. Festejando-os, renovemos nosso compromisso de
discípulos do Ressuscitado e rezemos pelos projetos de evangelização em
nossas comunidades.
Primeira Leitura: 1Coríntios 15,1-8
Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – 1Irmãos, quero lembrar-vos o Evangelho que vos preguei e que recebestes, e no qual estais firmes. 2Por ele sois salvos, se o estais guardando tal qual ele vos foi pregado por mim. De outro modo, teríeis abraçado a fé em vão. 3Com
efeito, transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha
recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras; 4que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras; 5e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze. 6Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. 7Depois, apareceu a Tiago e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. 8Por último, apareceu também a mim, como a um abortivo. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 18(19)
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
1. Os céus proclamam a glória do Senhor, / e o firmamento, a obra de suas mãos; / o dia ao dia transmite esta mensagem, / a noite à noite publica esta notícia. – R.
2. Não são discursos nem frases ou palavras, / nem são vozes que possam ser ouvidas; / seu som ressoa e se espalha em toda a terra, / chega aos confins do universo a sua voz. – R.
Evangelho: João 14,6-14
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida, diz Jesus; / Filipe, quem me vê, igualmente vê meu Pai! (Jo 14,6.9) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. 8Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” 9Jesus
respondeu: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe?
Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10Não
acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu
vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em
mim, realiza as suas obras. 11Acreditai-me, eu estou no Pai, e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa dessas mesmas obras. 12Em
verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu
faço e fará ainda maiores do que estas, pois eu vou para o Pai. 13E o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”. – Palavra da salvação.
Reflexão
Hoje, celebramos a festa dos Apóstolos S. Filipe e S. Tiago, celebrados
juntos por estarem enterrados juntos na mesma igreja em Roma, chamada
Basílica dos Doze Apóstolos. Os dois entregaram a vida, derramando o
próprio sangue, para testemunhar Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa é a
beleza de celebrar os Apóstolos, a quem temos de valorizar como os
maiores entre os vários santos da Igreja. No céu, os Apóstolos estão
sentados em tronos altíssimos, por causa do grau de santidade que
tiveram. Mas como temos certeza de que eles são tão santos assim? Nós
sabemos, antes de tudo, que a fonte da santidade é o próprio Jesus, e se
eles estiveram em contato constante com Ele, não há dúvida de que foram
particularmente tocados pela graça. Embora tenham fraquejado na hora da
Paixão (a maior parte deles saiu correndo, S. Pedro negou Cristo três
vezes, somente João permaneceu aos pés da cruz), sabemos que, através
dessa provação e, mais tarde, graças ao dom do Espírito Santo derramado
em Pentecostes, os onze se tornaram santos de sétima morada. A partir
dali, por causa de seu empenho, de sua entrega, de sua obra de
evangelização, eles foram crescendo cada vez mais em caridade, no amor a
Jesus Cristo. É por causa deles que, hoje, podemos professar a fé na
Igreja una, santa, católica e apostólica. A Igreja é apostólica
porque está fundada na fé dessas doze testemunhas de Cristo. E quando
falamos de testemunhas, falamos de mártires. Segundo a tradição, S.
Filipe foi martirizado por crucificação e apedrejamento. S. Tiago Menor,
bispo de Jerusalém e parente de Nosso Senhor, foi jogado do alto do
Templo, quebrou as pernas e depois, no chão, teve o crânio esmagado a
pauladas por seus cruéis assassinos. Derramaram o próprio sangue para
testemunhar Cristo, a ressurreição de Jesus e o fato de que Ele é Deus
feito homem, descido dos céus pela nossa salvação. A grandeza dos
Apóstolos é de fato enorme. Deveríamos ter por eles uma grande devoção.
Hoje em dia, as pessoas têm devoção a santos que podem, é certo, ser
grandes, mas que parecem mais “simpáticos” ou “próximos”, como S.
Teresinha, o Padre Pio etc. São santos mais conhecidos. No entanto, é
preciso ter pelos Apóstolos um apreço especialíssimo porque são o fundamento
da Igreja, a base em cima da qual tudo está edificado. Durante séculos,
a Igreja teve essa consciência, e é por isso que na Oração eucarística I
— chamada também Cânon Romano, a única Oração eucarística do rito
latino por muitos séculos —, os doze Apóstolos são mencionados um por
um. Durante vinte séculos, a Igreja, todos os dias, em cada Eucaristia,
em todos os lugares do mundo, mencionou os Apóstolos um por um.
A devoção a eles estava, pois, muito arraigada no coração dos fiéis.
Também nós precisamos aprender a venerá-los. Mas o que podemos fazer
concretamente para manifestar nossa fé nos Apóstolos? A primeira coisa é
conhecê-los, conhecer a história de cada um deles. Sim, é verdade que
essa história nem sempre é contada em detalhes, e há nela muita coisa
que pertence mais a tradições não comprovadas que aos fatos. Contudo, é
parte do amor que temos às pessoas o querer conhecê-las. Se Nosso Senhor
escolheu esses doze homens como seus Apóstolos, é porque eles têm algo
de especial na eleição da graça. Alguém poderá dizer: “Mas, padre, e
Judas? Como fica?” Judas poderia ter sido um deles. Eis, portanto, o
tamanho da traição de Judas! Poderíamos ter um S. Judas Iscariotes, e
não o temos… Ele recebeu todas as graças necessárias para tornar-se um
grande Apóstolo, mas virou as costas, desprezou os auxílios
sobrenaturais e acabou substituído por S. Matias, que agora é contado no
coro dos Apóstolos. É preciso conhecê-los, amá-los e ter grande
fidelidade à fé por eles transmitida. Afinal, todo o edifício da Igreja
está baseado nisso. Estamos unidos a Jesus graças à vida desses doze
homens. Reflitamos um pouco. Todos temos acesso a Jesus através de um
instrumento, um ministro, uma pessoa. É o padre — por exemplo, o nosso
pároco. É ele quem batiza, é ele quem celebra a Eucaristia, é ele quem
perdoa nossos pecados etc. Naturalmente, todo bom católico deve ser
grato ao sacerdote, que lhe traz a graça de Cristo e lhe permite ter
contato com Jesus por meio dos sacramentos. Não é assim? Ora, que
gratidão não devemos ter aos doze homens que estão na base de tudo
isso, sem os quais jamais teríamos recebido nada? Com efeito, sem os
Apóstolos, sem a sucessão apostólica, não teríamos o Espírito Santo, não
teríamos os evangelhos, não teríamos a doutrina de Cristo, não teríamos
os sacramentos… Tudo, tudo, absolutamente tudo na santa Igreja de Deus
se teria perdido. Não teríamos notícia sequer de que Deus veio a esse
mundo, encarnou-se e morreu por nós na cruz. Tudo o que de bom, tudo o
que de graça recebemos em nossas vidas, nós o recebemos pelas mãos dos
Apóstolos. É impossível dar dignas ações de graças a Deus pelo dom de
sua misericórdia que são os Apóstolos! Tudo o que mais amamos, tudo o
que somos espiritualmente, nós o recebemos deles. Por isso, ainda que
desconheçamos os detalhes da vida dos Doze, quando celebramos a festa
deles, o nosso coração deve cantar: cantar a alegria que é ser membro da
Igreja apostólica, cantar a alegria de saber que Jesus, ao subir aos
céus, deixou esses encarregados e agraciados pelo Espírito Santo para
nos transmitir todos os instrumentos necessários à nossa salvação, ao
nosso crescimento espiritual, à nossa santificação. Se um dia, no céu,
formos admitidos entre aqueles que irão cantar para sempre as glórias do
Cordeiro, é porque tivemos à nossa frente esses doze anciãos, hoje com
suas coroas de virtude diante do trono do Cordeiro, louvando-o sem
cessar.
https://padrepauloricardo.org
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