domingo, 31 de março de 2024

Páscoa do Senhor - Nossa fé deve ressuscitar com Cristo.

 156. Reflexão para o Domingo da Ressurreição - Jo 20, 1-9

Ressuscitei e sempre estou contigo, aleluia; pousaste tua mão sobre mim, aleluia; admirável é tua sabedoria, aleluia, aleluia (Sl 138,18.5s).

Com grande alegria nos reunimos para celebrar o acontecimento central de nossa fé: a ressurreição de Jesus Cristo. Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos, aleluia! Jesus permanece conosco para sempre; a morte já não tem poder sobre ele. É na Eucaristia que encontramos o suporte para testemunharmos a vida nova do Ressuscitado.

Primeira Leitura: Atos 10,34.37-43

Façamos, com Maria Madalena e os discípulos, a experiência da pedra removida e do túmulo vazio. Ressuscitados com Cristo e suas testemunhas, deixemo-nos guiar pela Palavra de Deus.

Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 34Pedro tomou a palavra e disse: 37“Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: 38como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele. 39E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. 40Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se 41não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. 42E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos. 43Todos os profetas dão testemunho dele: ‘Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados'”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 117(118)

Este é o dia que o Senhor fez para nós: / alegremo-nos e nele exultemos!

1. Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! / “Eterna é a sua misericórdia!” / A casa de Israel agora o diga: / “Eterna é a sua misericórdia!” – R.

2. A mão direita do Senhor fez maravilhas, / a mão direita do Senhor me levantou. / Não morrerei, mas, ao contrário, viverei / para cantar as grandes obras do Senhor! – R.

3. A pedra que os pedreiros rejeitaram / tornou-se agora a pedra angular. / Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: / que maravilhas ele fez a nossos olhos! – R.

Segunda Leitura: Colossenses 3,1-4

Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses – Irmãos, 1se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. 4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. – Palavra do Senhor.

Evangelho: João 20,1-9

Aleluia, aleluia, aleluia.

O nosso cordeiro pascal, / Jesus Cristo, já foi imolado. / Celebremos, assim, esta festa / na sinceridade e verdade (1Cor 5,7s). –  R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”. 3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou. 9De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. – Palavra da salvação.

Reflexão 

Nosso Senhor Jesus Cristo, ao ressuscitar dentre os mortos, não voltou atrás simplesmente, como se recuperasse o antigo corpo de morte com que padeceu por nossos pecados; ao contrário, vindo novamente à vida, o que Ele fez foi tomar um corpo transformado, divinizado, glorioso, agora impassível e não mais sujeito à morte — vencida que foi esta, e de uma vez por todas. Cumpre-se na madrugada de sábado para domingo, pois, aquilo que predissera o profeta Isaías a respeito do fim glorioso de que gozaria o Servo Sofredor: 

“Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo — tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano —, do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram.” (Is 52, 13-15)

Esta mesmíssima profecia é repetida pela boca do Apóstolo, em seu hino cristológico aos Filipenses, quando diz — depois de indicar o mesmo itinerário da Cruz de Nosso Senhor — que “Deus o exaltou sobremaneira e deu-lhe o nome mais excelso, mais sublime, e elevado muito acima de outro nome” (Fl 2, 9). Considerando que Jesus era verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é evidente que as Escrituras estão a falar, nessas passagens, do modo como seria glorificada a humanidade do Salvador, já que, por sua divindade, o Cristo já havia desde sempre vencido a morte, o pecado e Satanás. Era necessário, porém, que na plenitude dos tempos a vitória do Céu sobre o Inferno se manifestasse também na carne de Adão, já que por ela havia caído na desgraça todo o gênero humano.

O que vem fazer o Senhor, portanto, com sua Ressurreição, senão devolver-nos a graça, a vida divina que por nossos pecados havíamos miseravelmente perdido? De fato, ensina-nos São Paulo, em passagem contundente de uma de suas cartas, “se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados” (1Cor 15, 17). Vencendo claramente a morte, que foi o castigo infligido aos nossos pais pelo pecado, o que Nosso Senhor fazia, na verdade, era pisar sobre a cabeça da serpente maligna, destruindo, a um só e mesmo tempo, o mal do pecado, o seu autor e a sua consequência mortífera.

Assim como, porém, um remédio só traz a saúde a quem dele bebe — e o cálice da salvação só salva os que dele tomam parte (DH 624) —, o mistério da Ressurreição precisa ser aplicado concretamente na vida de cada batizado, pois só assim pode render frutos. Nosso Senhor realmente morreu e ressuscitou para a nossa salvação (propter nostram salutem, como rezamos no Credo), mas, como Ele mesmo diz, “quem não crer já está condenado” (Jo 3, 18), pelo que só através da fé, pois os justos de Deus vivem por ela (cf. Rm 1, 17), podemos entrar verdadeiramente em contato com a carne gloriosa do Senhor e receber a sua graça, a sua virtude, a sua força. 

É exatamente para reavivar a fé em seus discípulos, virtude que neles fôra sepultada com o corpo de Cristo no entardecer da Sexta-feira Santa, que Jesus Ressuscitado lhes aparece, ainda por quarenta dias, antes de ascender aos céus e sentar-se à direita do Pai. Durante todo esse período, para o qual a liturgia da Igreja alarga a celebração da Páscoa do Senhor, a grande lição que fica para nós, cristãos aparentemente longínquos do século XXI, é que a presença de Cristo pela fé e pelos sacramentos é muito mais poderosa e eficaz do que qualquer convívio meramente físico com o Salvador. Quando O comungamos, por exemplo, ou fazemos um ato de fé nEle, tenhamos certeza, a sua santíssima humanidade toca real e profundamente o mais íntimo de nosso ser, elevando-nos cada vez mais à participação na vida trinitária, na natureza do próprio Deus (cf. 2Pd 1, 4).

 

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