Antífona
Iluminai meus olhos, Senhor, para que eu não adormeça no sono da morte. Que meu inimigo não possa dizer: triunfei sobre ele (Sl 12,4s).
Pela boca do profeta, Deus convida o povo a abandonar os vícios de uma sociedade injusta e assumir uma vida social que defenda os fracos e oprimidos. Do contrário, a ruína virá. Abramos os ouvidos e o coração aos apelos divinos.
Jesus censura uma religião sem consistência, sem bom testemunho: “Não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam”. Para corrigir essa tendência, o Mestre propõe o serviço generoso em favor do próximo.
Leitura do livro do profeta Isaías – 10Ouvi a palavra do Senhor, magistrados de Sodoma, prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus, povo de Gomorra. 16Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! 17Aprendei a fazer o bem! Procurai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. 18Vinde, debatamos – diz o Senhor. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve. Se forem vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como lã. 19Se consentirdes em obedecer, comereis as coisas boas da terra. 20Mas se recusardes e vos rebelardes, pela espada sereis devorados, porque a boca do Senhor falou! – Palavra do Senhor.
A todos os que procedem retamente / eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
1. “Eu não venho censurar teus sacrifícios, / pois sempre estão perante mim teus holocaustos; / não preciso dos novilhos de tua casa / nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. – R.
2. Como ousas repetir os meus preceitos / e trazer minha aliança em tua boca? / Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos / e deste as costas às palavras dos meus lábios! – R.
3. Diante disso que fizeste, eu calarei? / Acaso pensas que eu sou igual a ti? / É disso que te acuso e repreendo, / e manifesto essas coisas aos teus olhos. – R.
4. Quem me oferece um sacrifício de louvor, / este, sim, é que me honra de verdade. / A todo homem que procede retamente / eu mostrarei a salvação que vem de Deus.” – R.
Salve, ó Cristo, imagem do Pai, / a plena verdade nos comunicai!
Lançai para bem longe toda a vossa iniquidade! / Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31) – R.
Proclamação do santo Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”. – Palavra da salvação.
O Evangelho da Missa nos chama hoje a meditar sobre o pecado da vaidade, mãe de inúmeros e disformes rebentos — dentre eles, a hipocrisia, sempre duramente repreendida por Nosso Senhor. "Quem se exaltar será humilhado", assim termina a leitura desta 3.ª-feira, "e quem se humilhar será exaltado". Nisto consiste, pois, a vaidade: no desejo desordenado que todos temos por manifestar aos outros as nossas "excelências" vazias, as nossas "glórias" de pés de barro (cf. Dn 2, 33), os nossos méritos imerecidos. Queremos parecer o que não somos, exibir o que não temos, fazer o que não podemos.
Pretendemos roubar a Deus o louvor que só a Ele é devido e esquecemo-nos de que, se há em nós algo de bom, foi dEle mesmo que o recebemos. Pois sem Ele, que opera em nós tanto o querer quanto o fazer (cf. Fl 2, 13), somos como varas secas, decepadas da videira (cf. Jo 15, 5). Quantas vezes ao dia não colocamos as nossas máscaras e, quais sepulcros caiados (cf. Mt 23, 27), julgamo-nos melhores que os outros, comprazemo-nos diante da nossa piedade — jejuns, esmolas, orações... — e, esquecidos de nossas inúmeras misérias e da infinita misericórdia do Senhor, pensamos ser os autores de todo o bem que fazemos!
O remédio para esse apetite louco e vão, que nos impele a tomar o lugar do Altíssimo, é reconhecer todos os dias, com fervor e sinceridade, os santos direitos de Deus: dar a Ele o que lhe é devido e recusar dar a nós mesmos, ao mundo e aos homens a honra e o louvor que somente podem pertencer Àquele que tudo fez com sabedoria e bondade. Que a Virgem Santíssima, Espelho da justiça, nos ajude a tudo fazermos para a maior glória de Deus, bendito pelos séculos. A nós, vermes e servos inúteis, o pecado e a vergonha; a Ele, três vezes santo, o poder e glória para sempre!
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