quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

2ª Semana da Quaresma - Nós não sabemos o que pedimos.

 Mt 20,17-28 « Paróquia Sagrado Coração de Jesus

Antífona

Não me abandoneis, Senhor, meu Deus, nem fiqueis longe de mim! Vinde em meu auxílio, ó Senhor, força da minha salvação! (Sl 37,22s)

Por ser fiel à sua missão, o mensageiro de Deus sofre ameaças e perseguições. Em sua aflição, recorre ao Senhor, com a confiança do salmista: “Sois o meu refúgio protetor”. Confiemos ao Senhor todas as nossas preocupações, e ele cuidará de nós.

Primeira Leitura: Jeremias 18,18-20

Para Jesus, servir significa dar a vida pelos outros: “O Filho do Homem veio… para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos”.

Leitura do livro do profeta Jeremias – Naqueles dias, 18disseram eles: “Vinde para conspirarmos juntos contra Jeremias; um sacerdote não deixará morrer a lei; nem um sábio, o conselho; nem um profeta, a palavra. Vinde para o atacarmos com a língua, e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras”. 19Atende-me, Senhor, ouve o que dizem meus adversários. 20Acaso pode-se retribuir o bem com o mal? Pois eles cavaram uma cova para mim. Lembra-te de que fui à tua presença para interceder por eles e tentar afastar deles a tua ira. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 30(31)

Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

1. Retirai-me desta rede traiçoeira, / porque sois o meu refúgio protetor! / Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, / porque vós me salvareis, ó Deus fiel! – R.

2. Ao redor, todas as coisas me apavoram; / ouço muitos cochichando contra mim; / todos juntos se reúnem, conspirando / e pensando como vão tirar-me a vida. – R.

3. A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio / e afirmo que só vós sois o meu Deus! / Eu entrego em vossas mãos o meu destino; / libertai-me do inimigo e do opressor! – R.

Evangelho: Mateus 20,17-28

Salve, Cristo, luz da vida, / companheiro na partilha!

Eu sou a luz do mundo; / aquele que me segue / não caminha entre as trevas, / mas terá a luz da vida (Jo 8,12). – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, 17enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18“Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte 19e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. 20A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro seja vosso servo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. – Palavra da salvação.

Reflexão
No Evangelho de hoje, faz a mãe dos filhos de Zebedeu o que fazemos nós muitas vezes em oração. Aproximou-se ela do Senhor e, ajoelhando-se em sinal de reverência, fez-lhe um pedido cheio de fé na autoridade dEle e no poder de lho conceder: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Ora, tem esta oração de Maria Salomé inegáveis qualidades: a) é piedosa e reverente, como vemos no recato de seu corpo: “Aproximou-se de Jesus […] e ajoelhou-se”; b) é confiante e humilde, como vemos na discrição com que esperou Cristo tomar a palavra: “[…] com a intenção de fazer um pedido, e Jesus perguntou: ‘Que queres?’”; c) é desinteressada, porque pede não para si, mas para seus filhos: “Manda que estes meus dois filhos”; d) é, em síntese, honesta por seu objeto, pois não pede menos do que a glória que têm os santos no Reino dos Céus: “[…] se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. E no entanto, apesar de tantas qualidades, não só não lhe fez caso o Senhor como repreendeu os que, pela embaixada da mãe, não ousaram pedir-Lho diretamente: “Não sabeis o que estais pedindo”. São estas as qualidades que muitas vezes tem a nossa oração, e é este quase sempre o despacho que ouvimos de Cristo: “Não sabeis o que estais pedindo”. E por que saímos tantas vezes frustrados da oração, se tanto esforço pomos em fazê-la com as qualidades que Deus nos recomenda? Porque, por mais recato que guardemos no corpo, por mais confiança que tenhamos ao rezar, por mais honesto que seja o nosso pedido, o queremos pelos nossos meios e caminhos, nem sempre conformes aos de Cristo: “Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Jesus quer que dEle nos aproximemos com fé e esperança, com confiança e humildade, de joelhos no chão, desejosos de alcançar os dons que Ele nos quer dar, mas não sem a cruz com a qual no-los mereceu. Deve a nossa oração, portanto, despir-se dessa lógica demasiado humana que quer a glória sem a cruz, o Tabor sem o Gólgota, a vida imortal sem a morte da Páscoa: “Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Se nos dispusermos pois a beber deste cálice, tomando às costas a nossa cruz, seguindo a Cristo até o Calvário para com Ele sermos crucificados, então, sim, Lhe serão aceitáveis os nossos pedidos, porque o teremos querido pelos meios com que Ele no-los quer conceder: “De fato, vós bebereis do meu cálice”.


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