Antífona
Senhor, vós vos tornastes um refúgio para nós de geração em geração; desde sempre e para sempre, vós sois Deus (Sl 89,1s).
Ao povo inseguro e desanimado, o
Senhor garante que suas promessas de salvação serão plenamente
realizadas: “Do coração atribulado ele está perto e conforta os de
espírito abatido”. Depositemos total confiança no Senhor, nosso Pai.
Primeira Leitura: Isaías 55,10-11
A
“Oração do Senhor” reveste-se de simplicidade: poucas palavras, porém
repletas de familiaridade, fé e amor. Ela acompanhe dia a dia nossa
vida, irrigando e fecundando nosso coração tal como a Palavra que agora
vamos ouvir.
Leitura do livro do profeta Isaías – Isto diz o Senhor: 10“Assim
como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm
irrigar e fecundar a terra e fazê-la germinar e dar semente para o
plantio e para a alimentação, 11assim a palavra que sair de
minha boca não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de
minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la”. –
Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 33(34)
O Senhor liberta os justos de todas as angústias.
1. Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. – R.
2. Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.
3. O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, / e seu ouvido está atento ao seu chamado; / mas ele volta a sua face contra os maus, / para da terra apagar sua lembrança. – R.
4. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. / Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. – R.
Evangelho: Mateus 6,7-15
Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!
O homem não vive somente de pão, / mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4). – R.
Proclamação do santo Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”. – Palavra da salvação.
Reflexão
oração do pai-nosso, em torno da qual gira o Evangelho desta
terça-feira, aparece nas Escrituras em duas versões ligeiramente
distintas: uma em S. Mateus (cf. Mt 6, 7-15), outra em S. Lucas (cf. Lc 11, 1-13). Mais, porém, do que as variantes textuais, o que queremos considerar hoje é o contexto
em que o primeiro evangelista expõe a oração dominical. Dentro da
narrativa de Mateus, com efeito, o pai-nosso é parte de um ensinamento
mais amplo, conhecido como Sermão da Montanha (cf. Mt 5-7), e,
ao contrário do que lemos em Lucas, o Senhor o ensina não em resposta a
um pedido dos Apóstolos, mas como advertência e contraponto ao modo de
rezar dos gentios: “Quando orardes”, diz Ele, “não useis muitas
palavras, como fazem os pagãos”. E acrescenta em seguida o motivo: “Eles
pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras”, para então
concluir: “Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais,
muito antes de que vós o peçais”. Jesus, por conseguinte, aconselha a
economia de palavras, não porque Lhe desagradem as orações longas e
prolixas, desde que nascidas de um coração devoto, mas por causa da
“teologia” que frequentemente lhes subjaz. Os pagãos e os que como eles
oram, por mais que sejam batizados, “pensam que serão ouvidos por força
das muitas palavras”, à semelhança dos profetas de Baal, que desde a
manhã até ao meio-dia invocavam embalde o nome do seu ídolo,
retalhando-se “segundo o seu costume, com espadas e lanças, até se
cobrirem de sangue” (1Rs 18, 28). Não é esta a oração cristã. O
cristão não reza esperando modificar a vontade de Deus ou impor a sua
sobre a dEle, à custa de muitas fórmulas e sacrifícios. O cristão reza
sabendo que a vontade divina, sem deixar de ser imutável, é também amiga
e ciosa das necessidades humanas: “O vosso Pai sabe do que precisais,
muito antes de que vós o peçais”. O modo de o cristão rezar, portanto,
consiste em pôr no centro de seus desejos e pedidos, não a própria, mas a
vontade de Deus: “Seja feita a tua vontade, assim na terra
como nos céus”. Eis por que devemos pedir sempre com grande cautela,
conscientes de que nem sempre o que pedimos, sobretudo se se trata de
bens temporais, é o que realmente nos convém. E para que os
nossos pedidos coincidam com o que Deus, em seu eterno presente, espera e
deseja conceder-nos sob a condição de Lho pedirmos, rezemos antes de
tudo para seja feita a vontade dEle, e não a nossa, e para que a nossa
se conforme tanto à dEle, que não tenhamos mais outro querer que o do
nosso amorosíssimo Pai. Como criancinhas e filhos de um Deus tão bom,
tenhamos confiança de alcançar dEle o que nos for necessário, não à
força de nossas iniciativas, mas pela certeza de que Ele nos há de
prover com o melhor no tempo e do modo oportunos, a fim de sermos
salvos.
https://padrepauloricardo.org
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