Leitura do livro dos Números.
Naqueles dias, 13 1 o Senhor disse a Moisés:
2 “Envia homens para explorar a terra de Canaã, que eu hei de
dar aos filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo patriarcal,
tomados todos entre os príncipes.”
25 Tendo voltado os exploradores, passados quarenta dias,
26 foram ter com Moisés e Aarão e toda a assembléia dos
israelitas em Cades, no deserto de Farã. Diante deles e de toda a
multidão relataram a sua expedição e mostraram os frutos da terra.
27 Eis como narraram a Moisés a sua exploração: “Fomos à
terra aonde nos enviaste. É verdadeiramente uma terra onde corre leite e
mel, como se pode ver por esses frutos.
28 Mas os habitantes dessa terra são robustos, suas cidades grandes e bem muradas; vimos ali até mesmo filhos de Enac.
29 Os amalecitas habitam na terra do Negeb; os hiteus, os
jebuseus e os amorreus habitam nas montanhas, e os cananeus habitam
junto ao mar e ao longo do Jordão.”
30 Caleb fez calar o povo que começava a murmurar contra
Moisés, e disse: “Vamos e apoderemo-nos da terra, porque podemos
conquistá-la.”
31 Mas os outros, que tinham ido com ele, diziam: “Não somos capazes de atacar esse povo; é mais forte do que nós.”
32 E diante dos filhos de Israel depreciaram a terra que
tinham explorado: “A terra, disseram eles, que exploramos, devora os
seus habitantes: os homens que vimos ali são de uma grande estatura;
33 vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; parecíamos gafanhotos comparados com eles.”
14 1 Toda a assembléia pôs-se a gritar e chorou aquela noite.
26 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
27 “Até quando sofrerei eu essa assembléia revoltada que
murmura contra mim? Ouvi as murmurações que os israelitas proferem
contra mim.
28 Dir-lhes-ás: ‘juro por mim mesmo’, diz o Senhor, ‘tratar-vos-ei como vos ouvi dizer.
29 Vossos cadáveres cairão nesse deserto. Todos vós que
fostes recenseados da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes
contra mim,
30 não entrareis na terra onde jurei estabelecer-vos, exceto Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.
34 Explorastes a terra em quarenta dias; tantos anos quantos
foram esses dias pagareis a pena de vossas iniqüidades, ou seja, durante
quarenta anos, e vereis o que significa ser objeto de minha vingança.
35 Eu, o Senhor, o disse. Eis como hei de tratar essa
assembléia rebelde que se revoltou contra mim. Eles serão consumidos e
mortos nesse deserto!´”
Palavra do Senhor.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
15 21 Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.
22 E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava:
“Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente
atormentada por um demônio”.
23 Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos
vieram a ele e lhe disseram com insistência: “Despede-a, ela nos
persegue com seus gritos”.
24 Jesus respondeu-lhes: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
25 Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: “Senhor, ajuda-me!”
26 Jesus respondeu-lhe: “Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos”.
27 “Certamente, Senhor”, replicou-lhe ela; “mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”.
28 Disse-lhe, então, Jesus: “Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada”.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Depois de Jesus ter andado a espalhar pela Galiléia junto dos seus a chegada do Reino dos Céus, ele decide-se a ir para terra estrangeira, para a região de Tiro e Sidon que fica ao norte da Galiléia, no atual Líbano, uma terra estrangeira onde a maior parte das pessoas eram não-judias, ao contrário da Galiléia, onde quase todos eram judeus. Uma delas era esta mulher que foi ter com Jesus. Esta mulher, sem nome, o evangelista Marcos chama-a de Síro-Fenícia, Mateus diz que ela é cananéia. Os dois títulos têm o mesmo significado: é uma mulher estrangeira.
Ela tinha uma filha endemoniada. A mãe não sabia mais o que fazer para livrar a pobre coitada daquele sofrimento. O demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento. A mãe da menina aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus tenha pena de mim! Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!” Ela conhecia Jesus de nome e sabia que Ele era muito bom e tinha poder para mandar embora os demônios. A princípio, Jesus não falou nada nem fez nada. Também não parou de andar para dar atenção à mulher. Mas ela foi atrás dele gritando: “Jesus, tenha pena de mim!” Os amigos de Jesus entenderam o sofrimento daquela mãe e pediram para que o Senhor a mandasse embora. Jesus não mandou a mulher embora, mas fingiu que não iria atender o seu pedido. Para provar a fé daquela mulher, Ele disse que curava gente de seu país, e não gente de outro país.
A mulher movida de uma fé que ultrapassa a dos discípulos grita a Jesus: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-lhe: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.
A mulher, porém, jogou-se aos pés de Jesus: “Senhor, ajuda-me!”. Jesus insiste em não querer envolver-se no caso de uma estrangeira: “Não está certo tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar de reconhecer que não tem esse direito insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então, Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da cananéia ficou curada.
A mulher cananéia é um modelo de súplica humilde, como o centurião de Cafarnaum (Mt 8,5-13), e perseverante, como o cego Bartimeu (Mc 10,46-52). O centro do episódio é Jesus. Ele aparece livre, sereno, firme. No mesmo capítulo 15 de Mateus, Jesus se distancia das tradições dos escribas e fariseus. No episódio da cananéia, ele é pressionado pelos próprios discípulos para que despeça a mulher importuna. Mas Jesus se deixa vencer pela súplica de uma mãe angustiada. Não são os gritos da cananéia que o comovem, mas a perseverança da sua fé. Por ser pagã, ela não teria direito, mas a sua filha foi curada por pura graça. Jesus realiza um gesto soberano e profético, que anuncia o acesso dos pagãos (chamados de “cães”, pelos judeus) à salvação.
A insistência e ousadia da mulher cananéia, fez com que Jesus atendesse seu pedido e com isso provou para todos que em Deus não há diferença entre cultura, cor, raça, credo ou região. Uma grande lição para levarmos para nossas vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, chata, daquelas que chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois assim, quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e fiéis. A perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a tua. Insista que Jesus vai atender. A promessa é mesmo dele: Batei, e a porta se vos abrirá, buscai e achareis. Exercite sua fé na oração, na reflexão da palavra e no testemunho de sua vida.
Senhor, que eu seja mais sensível ao sofrimento dos pobres desta terra, do que aos “direitos adquiridos” dos sábios e entendidos! Que nas horas em que tu pareces não responder à minha súplica, eu persevere, confiando na tua misericórdia.
Pe Bantu
https://homilia.cancaonova.com
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