Os antigos davam o nome de natalício ao dia que consideramos “dia da morte”. E tinham razão. Existe em nós uma alma imortal, cuja juventude vai desabrochando aos poucos até estar consumada no dia em que deixamos esta vida terrestre.
Com outras palavras: nascemos em duas etapas.
A primeira ocorre no seio materno, onde o bebê goza de aconchego, alimentação, proteção; começa então a assumir sua configuração corpórea ou a se desenvolver fisicamente. Após nove meses é dado à luz; chora, porque se torna carente da segurança que o útero materno lhe oferecia. Aos poucos, porém vai-se adaptando ao novo ambiente e inicia a segunda etapa de sua configuração.
Com efeito; ao término da primeira etapa, a criança que vem ao mundo, ainda é um ser muito embrionário, cheio de virtualidades a desenvolver numa segunda “gestação” regida não por mamãe, mas pelo próprio indivíduo. Tal é o caso de todos nós, que encontramos um lugar ao sol e nos sentimos constantemente incitados a exercitar nossas potencialidades. Estas vão sendo atualizadas pela pessoa, que vai assim delineando sua estatura física e espiritual ora com mais coragem e heroísmo, ora com medo e covardia. Aí está a enorme importância da vida presente: estamos traçando, cinzelando, burilando nossa imagem no tempo da graça que nos é concedido à guisa de moratória (cf. Rm 2,4s). Cada momento, cada gesto têm sua repercussão na eternidade. A consciência desta verdade escapa a muitos, que vivem levianamente, procurando manter o tempo com passa-tempos fúteis. A cada momento estão jogando com valores definitivos e perenes como se fossem um jogo de cartas desconexas e sem sentido.
Quando o Pai o julga oportuno, chama a Si a sua “obra de arte” num momento dito “morte”, que na verdade é o termo final da segunda etapa do nosso nascimento; é precisamente nesse momento que acabamos de nascer, tendo a nossa personalidade rematada com maior ou menor brilho... maior ou menor brilho em função da maior ou menor generosidade com que tivermos respondido aos apelos do Senhor Deus no decorrer do estágio terrestre.
Vê-se assim como os antigos cristãos tinham razão ao designarem como natalício o dia da sua morte. É o que atesta, por exemplo, S. Inácio de Antioquia († 110 aproximadamente): ...condenado a ser lançado às feras no Coliseu de Roma, escrevia aos fiéis amigos que tencionavam interceder junto às autoridades romanas para lhe evitar o martírio:
“É bom para mim morrer a fim de me unir ao Cristo Jesus... Aproxima-se o momento em que serei dado à luz... Não ponhais empecilho a que eu viva, não queirais que eu morra” (Aos Romanos 6, 1s).
O cristão, sim, só é homem perfeito na medida em que é filho do dia, da luz, da vida definitiva. É desta que ele vive, trazendo-a arraigada em seu íntimo. Em conseqüência, a morte pode tornar-se meta ardentemente desejada, como revela o mesmo S. Inácio[1]:
“Escrevo a vós, possuído do amor da morte...; há, em mim, uma água viva que fala e dentro de mim diz: ‘Vem para o Pai’” (Aos Romanos 7, 2).
Santa Tereza de Ávila († 1582), por sua vez, disse: “A vida presente é uma só noite de má pousada”. Estamos na transição da noite para o dia; este já desponta e a pousada do viandante cederá ao feliz aconchego de quem já chegou.
Com outras palavras: nascemos em duas etapas.
A primeira ocorre no seio materno, onde o bebê goza de aconchego, alimentação, proteção; começa então a assumir sua configuração corpórea ou a se desenvolver fisicamente. Após nove meses é dado à luz; chora, porque se torna carente da segurança que o útero materno lhe oferecia. Aos poucos, porém vai-se adaptando ao novo ambiente e inicia a segunda etapa de sua configuração.
Com efeito; ao término da primeira etapa, a criança que vem ao mundo, ainda é um ser muito embrionário, cheio de virtualidades a desenvolver numa segunda “gestação” regida não por mamãe, mas pelo próprio indivíduo. Tal é o caso de todos nós, que encontramos um lugar ao sol e nos sentimos constantemente incitados a exercitar nossas potencialidades. Estas vão sendo atualizadas pela pessoa, que vai assim delineando sua estatura física e espiritual ora com mais coragem e heroísmo, ora com medo e covardia. Aí está a enorme importância da vida presente: estamos traçando, cinzelando, burilando nossa imagem no tempo da graça que nos é concedido à guisa de moratória (cf. Rm 2,4s). Cada momento, cada gesto têm sua repercussão na eternidade. A consciência desta verdade escapa a muitos, que vivem levianamente, procurando manter o tempo com passa-tempos fúteis. A cada momento estão jogando com valores definitivos e perenes como se fossem um jogo de cartas desconexas e sem sentido.
Quando o Pai o julga oportuno, chama a Si a sua “obra de arte” num momento dito “morte”, que na verdade é o termo final da segunda etapa do nosso nascimento; é precisamente nesse momento que acabamos de nascer, tendo a nossa personalidade rematada com maior ou menor brilho... maior ou menor brilho em função da maior ou menor generosidade com que tivermos respondido aos apelos do Senhor Deus no decorrer do estágio terrestre.
Vê-se assim como os antigos cristãos tinham razão ao designarem como natalício o dia da sua morte. É o que atesta, por exemplo, S. Inácio de Antioquia († 110 aproximadamente): ...condenado a ser lançado às feras no Coliseu de Roma, escrevia aos fiéis amigos que tencionavam interceder junto às autoridades romanas para lhe evitar o martírio:
“É bom para mim morrer a fim de me unir ao Cristo Jesus... Aproxima-se o momento em que serei dado à luz... Não ponhais empecilho a que eu viva, não queirais que eu morra” (Aos Romanos 6, 1s).
O cristão, sim, só é homem perfeito na medida em que é filho do dia, da luz, da vida definitiva. É desta que ele vive, trazendo-a arraigada em seu íntimo. Em conseqüência, a morte pode tornar-se meta ardentemente desejada, como revela o mesmo S. Inácio[1]:
“Escrevo a vós, possuído do amor da morte...; há, em mim, uma água viva que fala e dentro de mim diz: ‘Vem para o Pai’” (Aos Romanos 7, 2).
Santa Tereza de Ávila († 1582), por sua vez, disse: “A vida presente é uma só noite de má pousada”. Estamos na transição da noite para o dia; este já desponta e a pousada do viandante cederá ao feliz aconchego de quem já chegou.
Pe. Estêvão Bettencourt, OSB Diretor da Escola Mater Ecclesiae,RJ.
[1] A água viva de que fala Inácio, é o símbolo do Espírito Santo, conforme Jo 7,37-39.
[1] A água viva de que fala Inácio, é o símbolo do Espírito Santo, conforme Jo 7,37-39.
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