“... Não vos pude falar como a homens espirituais, mas como a criançinhas. E vos dei leite para beber, pois não suportais alimento sólido...”[ I Cor 3, 1s ]
São Paulo não teve “peninha” daqueles que receberam esta carta citada acima, e ele estava certíssimo! Corinto era uma cidade grega, na época dominada pelos romanos. Aí nós podemos imaginar com que tipo de paganismo os cristãos daquele lugar eram obrigados a conviver; se não tivessem cuidado, acabariam por deixar ocorrer absurdos. E, de fato, quem já leu um pouco mais a respeito dessa Comunidade sabe que escândalos horríveis aconteceram por ali. Por quê? Ora, o próprio Paulo explica: falta de crescimento espiritual, de maturidade na fé.Uma das coisas mais tristes que freqüentemente presenciamos em nossos dias é um filhão mimado dentro de casa. Homem feito: 35, 38, 40 anos de idade e não consegue resolver nada sozinho ainda, atrasa a vida dos pais, amigos, e se consegue uma namorada, a pobrezinha não suporta nem um mês direito, pois acaba assumindo o papel de “mãe de reserva”. Uma situação complicadíssima para todos, inclusive para ele mesmo. Será que nosso ministério não vive da mesma maneira? Será que já crescemos?Essa atitude de crescimento é tão importante que, na mesma carta (capítulo 13, versículos 11 e 12), o Apóstolo nos mostra que nossas relações com Deus dependem diretamente da capacidade que deveríamos ter de passar da fase infantil para a adulta nas coisas do espírito. Lembro que Pedro havia passado anos caminhando com Jesus dia e noite. Ele viveu experiências fortíssimas perto do Mestre. Deixou tudo para ser pescador de homens, viu curas extraordinárias, andou sobre as águas, foi declarado a pedra base da Igreja do Senhor e muitas outras coisas mais.E então encontramos novamente os dois caminhando lado a lado, novamente à beira de uma praia, naquela que seria a sua última conversa particular narrada pelos Evangelhos (João 21, 15-19). Que assunto escolheria Jesus para tratar com Pedro nesse momento tão importante? Estratégias de difusão da Palavra? Instruções para resolver problemas internos do grupo dos onze? Comentários a respeito da morte e ressurreição?Não, o Mestre fala sobre maturidade, crescimento, abandono, confiança, pois Ele sabia que, se Pedro conseguisse elevar sua fé a essas alturas, tudo mais viria (e, como sabemos, veio mesmo) como conseqüência. “... Eu te afirmo e esta é a verdade: quando eras moço costumavas apertar teu cinto e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, um outro te apertará o cinto e te levará para onde não queres ir.” ( João 21, 18 e 19 ) Antigamente nós preparávamos encontros, nós ensaiávamos, nós pregávamos, nós dançávamos, cantávamos e tocávamos e isso era bom, mas era só o básico, o leitinho.Para cristãos maduros, crescidos na fé, um outro prepara tudo isso. E quem é esse Outro? O Paráclito, o Consolador, o Ensinador de todas as coisas, o Espírito Santo de Deus. Ele aperta nossos cintos, nos levando para terras que nossa pobre imaginação jamais sonharia poder existir, e nos prepara, prega, dança, atua, pinta, desenha, canta e toca a partir de nós, para a Sua glória.Assim é o alimento sólido de que nos fala Paulo. E então, é mesmo dele que nos alimentamos a cada dia, em cada reunião do grupo de oração, em cada ensaio de nosso ministério? Ou somos ainda moços na fé, filhões mimados entulhando as portas da casa do Pai?
Fonte:Carta Aberta aos Artistas da RCC 005.
João Valter Ferreira Filho Secretário DAVI Nacional
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