quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

São João Bosco, presbítero - “E admirou-se com a falta de fé”

4ª Semana Comum – Quarta-feira 03/02/2016 – Paróquia Porciúncula de Sant'Ana

Antífona

Vossos sacerdotes, Senhor, se vistam de justiça e vossos santos exultem de alegria (Sl 131,9).

João Bosco nasceu em 1815 na Itália e lá faleceu em 1888. De família pobre, seguiu o chamado de Deus e foi ordenado padre. Fruto de uma época de notável desenvolvimento industrial, muito se empenhou em favor da classe operária, com especial atenção aos desempregados. Para levar adiante sua ação educativa, fundou os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora. Valorizou também a eficaz obra dos leigos. Peçamos ao Senhor uma parcela do zelo pastoral desse santo educador.

Primeira Leitura: 2 Samuel 24,2.9-17

Ao fazer o recenseamento do povo, Davi demonstra confiar mais na capacidade bélica de Israel do que em Deus. Em “Nazaré, sua terra”, Jesus não encontra pessoas dispostas a recebê-lo, por isso não realiza aí nenhum fato extraordinário: “admirou-se da falta de fé deles”.

Leitura do segundo livro de Samuel – Naqueles dias, 2disse o rei Davi a Joab e aos chefes do seu exército que estavam com ele: “Percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até Bersabeia, e faze o recenseamento do povo, de maneira que eu saiba o seu número”. 9Joab apresentou ao rei o resultado do recenseamento do povo: havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que manejavam a espada; e, em Judá, quinhentos mil homens. 10Mas, depois que o povo foi recenseado, Davi sentiu remorsos e disse ao Senhor: “Cometi um grande pecado ao fazer o que fiz. Mas perdoa a iniquidade do teu servo, porque procedi como um grande insensato”. 11Pela manhã, quando Davi se levantou, a palavra do Senhor tinha sido dirigida ao profeta Gad, vidente de Davi, nestes termos: 12“Vai dizer a Davi: Assim fala o Senhor: dou-te a escolher três coisas; escolhe aquela que queres que eu te envie”. 13Gad foi ter com Davi e referiu-lhe estas palavras, dizendo: “Que preferes: três anos de fome na tua terra, três meses de derrotas diante dos inimigos que te perseguem ou três dias de peste no país? Reflete, pois, e vê o que devo responder a quem me enviou”. 14Davi respondeu a Gad: “Estou em grande angústia. É melhor cair nas mãos do Senhor, cuja misericórdia é grande, do que cair nas mãos dos homens!” 15E Davi escolheu a peste. Era o tempo da colheita do trigo. O Senhor mandou, então, a peste a Israel, desde aquela manhã até o dia fixado, de modo que morreram setenta mil homens da população, desde Dã até Bersabeia. 16Quando o anjo estendeu a mão para exterminar Jerusalém, o Senhor arrependeu-se desse mal e disse ao anjo que exterminava o povo: “Basta! Retira agora a tua mão!” O anjo estava junto à eira de Areúna, o jebuseu. 17Quando Davi viu o anjo que afligia o povo, disse ao Senhor: “Fui eu que pequei, eu é que tenho a culpa. Mas estes, que são como ovelhas, que fizeram? Peço-te que a tua mão se volte contra mim e contra a minha família!” – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 31(32)

Perdoai-me, Senhor, meu pecado!

1. Feliz o homem que foi perdoado / e cuja falta já foi encoberta! / Feliz o homem a quem o Senhor † não olha mais como sendo culpado / e em cuja alma não há falsidade! – R.

2. Eu confessei, afinal, meu pecado / e minha falta vos fiz conhecer. / Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” / E perdoastes, Senhor, minha falta. – R.

3. Todo fiel pode, assim, invocar-vos / durante o tempo da angústia e aflição, / porque, ainda que irrompam as águas, / não poderão atingi-lo jamais. – R.

4. Sois para mim proteção e refúgio; / na minha angústia me haveis de salvar / e envolvereis a minha alma no gozo / da salvação que me vem só de vós. – R.

Evangelho: Marcos 6,1-6

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam minha voz; / eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Marcos – Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando. – Palavra da salvação.

Reflexão

"E admirou-se com a falta de fé deles." É com essas palavras que o Evangelista São Marcos registra os sentimentos de Cristo, rejeitado pelos que lhe eram mais próximos, desprezado por seus conterrâneos e familiares. Não se admira o Senhor com a pouca fé dos nazarenos, senão com a total falta dela. O próprio texto grego, aliás, faz questão de o ressaltar: Jesus fica perplexo diante da ἀπιστία (apistia) daqueles que, embora o conhecessem desde pequenino, na verdade nunca chegaram a conhecê-lo de fato, porque não estavam dispostos a crer nele. Mas o que significa, na prática, esse não ter fé? Vejamos, antes de mais, em que consiste a fé cristã. Trata-se, com efeito, de um dom de Deus derramado em nossos corações: é, noutras palavras, "uma virtude sobrenatural infundida por Ele" (CIC, 153) em nossas almas. Nesse sentido, podemos dizer que, se alguém tem fé, tem-na apenas porque Deus lha concedeu. Ora, se tal é assim, não estariam escusados os nazarenos? Afinal, que culpa teriam eles por um ato a que, por si sós, não têm direito e do qual, deixados às próprias forças, são incapazes?

Sucede porém que a fé é um dom que o Senhor quer dar a todos os homens, pois a todos deseja a salvação: Ele "não quer que ninguém pereça", escreve o Príncipe dos Apóstolos, "mas que todos cheguem ao arrependimento" (2Pd 3, 9). Ele a todo momento nos fala ao coração, convida-nos à conversão, inspira-nos a abraçar a fé em seu Filho, Jesus Cristo. "Eis que estou à porta, e bato", diz-nos todos os dias; "se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Ap 3, 20). Qual, então, a nossa desculpa? De que modo, pois, nos poderíamos excusar de não crer? Não manda Deus graças mais do que suficientes para escutarmos o seu apelo, para assentirmos à sua Palavra? Por que então, ensoberbecidos como os nazarenos de hoje, nos fechamos à fé em Cristo? Acaso julgamos os nossos preconceitos, as nossas tolices e a nossa "ciência", provinciana e de curtas vistas, superiores ao Verbo eterno do Pai? Acaso pensamos ser Deus um enganador, um embusteiro que não merece sequer a mais simplória e frágil das confianças humanas?

O Concílio Vaticano I nos recorda que Deus não se engana e, sendo Ele a suma verdade, não nos pode enganar. Por isso, ao Deus que se revela temos de prestar o obséquio da nossa mais filial e firme obediência; à Verdade que nos fala devemos o mais sincero e humilde ato de fé, pois não é uma pessoa qualquer que se dirige a nós, mas aquele que não mente, nem pode mentir. Se, portanto, podemos estar certos das verdades que Ele nos atesta, pela mesma razão podemos escutar aquele que Ele mesmo enviou, o "seu Filho bem-amado" (Mc 1, 11), que disse: "Crede em Deus, crede em mim também (Jo 14, 1). Que o Senhor nos incremente a fé, fazendo-a amadurecer cada dia mais. Confiantes na bondade e veracidade de Deus, abramos o peito ao único que viu ao Pai, ao único que, por isso mesmo, no-lo pode dar a conhecer (cf. Jo 6, 46; Mt 11, 27).

 
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