As palavras de
Paulo em 2 Coríntios 12,10 são impressionantes,
refletindo uma maturidade espiritual que poucos alcançam: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias,
nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque,
quando sou fraco, então, é que sou forte."
Ele sentia prazer
no sofrimento! Será que nós sentimos a mesma coisa? É comum sentir pena de si,
ou amargura, ou profunda depressão, mas sentir prazer?
O comentário de
Paulo não trata de alguma prática louca de autoflagelação, mas de sua capacidade
de confiar plenamente no Senhor. Ele entendeu que o sofrimento nos oferece
oportunidades para aproximar mais de Deus, e Paulo aproveitou tais
oportunidades ao máximo. Da mesma forma que a pessoa que pratica ginástica ou
musculação pode sentir prazer no esforço e sofrimento da malhação, visando os
resultados em termos da saúde física, Paulo sentia prazer nas angústias da
vida, tendo em vista os resultados de crescimento espiritual e do galardão
eterno.
Tiago falou a
mesma coisa: "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por
várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tiago 1,2-4).
Paulo explica seu
prazer em dois sentidos:
1)."...por amor de
Cristo". Quando Paulo admitiu sua própria incapacidade, ele deixou Cristo
tomar conta da vida dele. Como Cristo morreu para nos dar vida, nosso velho
homem morre para dar lugar para Jesus viver: "Porque eu, mediante a
própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver
que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim" (Gálatas 2,19-20). Jesus aceitou a
"fraqueza" da sua forma humana para se entregar por nós. É somente
quando aceitamos a nossa própria inadequação que temos condições de nos
entregar a Cristo.
2)."Porque, quando sou fraco, então, é que sou
forte". Quando Paulo confiou plenamente em Cristo, se esvaziando do
orgulho e da ideia de ser autônomo, ele ganhou força bem maior. Cristo vivendo
em Paulo era infinitamente mais forte do que Paulo sozinho.
Como
nós usamos o sofrimento?
Considere as
palavras que Paulo usa em 2 Coríntios 12,10. Como você reage aos mesmos
desafios na sua vida? Paulo enfrentou:
Fraquezas. Você se sente incapaz de
enfrentar algumas fraquezas (problemas, tentações vícios, etc.)? Essas
fraquezas devem servir de convite para permitir Jesus reinar na sua vida.
Injúrias. Você foi maltratado ou ofendido
por outros? O diabo quer usar suas injúrias como motivo de ódio, vingança e
blasfêmia. Mas Deus quer que você fique forte, usando essas injúrias como
oportunidade para crescer.
Necessidades. Você enfrenta grandes
dificuldades financeiras? Não sabe como resolvê-las? Nada melhor que a fome
para tornar o homem dependente de Deus. Jesus deu este desafio: "Buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o
amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal" (Mateus 6,33-34).
Pessoas que nunca conheceram a pobreza têm dificuldade em entender esse princípio.
Quando temos geladeiras abastecidas e armários cheios de alimentos, é difícil
imaginar a circunstância que Jesus descreve. Esse é, sem dúvida, um dos motivos
que poucos ricos são convertidos a Cristo (1 Coríntios 1,26-29; Marcos 10,23-25).
Perseguições. Quando sofremos por causa de
Cristo, é o momento de desistir ou de ficar mais firmes que nunca? Muitas
pessoas egoístas justificam sua desistência porque não querem sofrer. Mas os
discípulos verdadeiros imitam o exemplo dos cristãos hebreus: "Lembrai_vos,
porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande
luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto
de tribulações, ora tornando-vos coparticipantes com aqueles que desse modo
foram tratados. Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como
também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de
possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.... Nós, porém, não somos dos que
retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da
alma" (Hebreus 10,32-34,39). Falando de perseguições, devemos
lembrar que fazem parte da vida do cristão. Paulo usou uma palavra bem
abrangente para frisar esse fato: "Ora, todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2 Timóteo 3,12). Nenhum
servo do Senhor tem imunidade da perseguição.
Angústias. A palavra usada aqui vem de uma
raiz que descreve lugares estreitos ou apertados. Muitas pessoas sofrem de
claustrofobia. Quando se encontram em lugares apertados e fechados sentem-se
desesperadas. Espiritualmente, muitos reagem da mesma forma. Quando se vê em
apuros, como você reage? Abandona os princípios de Deus e age de uma forma
errada no desespero? A única saída é aceitar o fato que você é incapaz de sair
do problema sozinho. Temos que reconhecer a necessidade da graça de Deus, para
aceitar o resgate que ele nos oferece. "Não andeis ansiosos de coisa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo
Jesus" (Filipenses 4,6-7).
Os servos do
Senhor sofrem nessa vida. Enfrentamos perseguições, angústias, fraquezas,
necessidades, etc. Da mesma maneira que Deus recusou tirar o espinho de Paulo,
ele pode deixar qualquer um de nós em circunstâncias difíceis e desagradáveis.
Quando nos encontramos nessas situações, vamos ter a fé e a coragem que Paulo
mostrou para aproveitar a oportunidade e crescer espiritualmente. Quando nos
entregamos a Cristo, encontramos a graça e a força verdadeira.
Pe. Emílio Carlos
Mancini
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