domingo, 21 de agosto de 2016

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM - SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


Celebramos hoje – nesta solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria – o último mistério da vida terrena da Mãe de Deus e nossa Mãe.
Terminada a sua vida mortal, foi conduzida em corpo e alma, desta vida mortal ao mundo da imortalidade, revestida de glória.
Perante este acontecimento único, extraordinário, multiplicam-se as nossas perguntas: como se passou este mistério? Por que razão e com que finalidade o quis Deus?
Unamo-nos à alegria com que os bem-aventurados do Céu cantam os louvores da Mãe de Jesus e nossa Mãe.
Preparemo-nos para acolher a Palavra de Deus que nos ajudará a responder a todas estas perguntas.

Primeira Leitura: Apocalipse 11,19a 12, 1-6a.10ab
Sob a imagem da Arca (v. 19) e da mulher (vv. 1-17) é-nos apresentada, na intenção da Liturgia, a Virgem Maria. Entretanto os exegetas continuam a discutir, sem chegar a acordo, se estas imagens se referem à Igreja ou a Maria. Sem nos metermos numa questão tão discutida, podemos pensar com alguns estudiosos que a Mulher simboliza, num primeiro plano, a Igreja, mas, tendo em conta as relações tão estreitas entre a Igreja e Maria -«membro eminente e único da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade… sua Mãe amorosíssima» (Vaticano II, LG 53) – podemos englobar a Virgem Maria nesta imagem da mulher do Apocalipse. Tendo isto em conta, citamos o comentário de Santo Agostinho ao Apocalipse (Homilia IX):
4-5 - «O Dragão colocou-se diante da mulher…»: «A Igreja dá à luz sempre no meio de sofrimentos, e o Dragão está sempre de vigia a ver se devora Cristo, quando nascem os seus membros. Disse-se que deu à luz um filho varão, vencedor do diabo».
6 - «E a mulher fugiu para o deserto»: «O mundo é um deserto, onde Cristo governa e alimenta a Igreja até ao fim, e nele a Igreja calca e esmaga, com o auxílio de Cristo, os soberbos e os ímpios, como escorpiões e víboras, e todo o poder de Satanás».

Segunda leitura: 1 Coríntios 15, 20-27
É a partir deste texto e do de Romanos 5 que os Padres da Igreja estabelecem a tipologia baseada num paralelismo antiético, entre Eva e Maria: Eva, associada a Adão no pecado e na morte; Maria, associada a Cristo na obra de reparação do pecado e na ressurreição.
20-23 - São Paulo, começando por se apoiar no facto real da Ressurreição de Cristo, procura demonstrar a verdade da ressurreição dos já falecidos (vv. 1-19). Nestes versículos, diz que «Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram» (v. 20). As primícias eram os primeiros frutos do campo que se deviam oferecer a Deus e só depois se podia comer deles (cf. Ex. 28; Lv. 23,10-14; Nm. 15,20-21). De igual modo, Cristo nos precede na ressurreição. Nós (excetuando pelo menos a Virgem Maria) havemos de ressuscitar «por ocasião da sua vinda» (v. 23). Não se pode confundir esta ressurreição sobrenatural e misteriosa de que aqui se fala com a imortalidade da alma. O Credo do Povo de Deus de Paulo VI, no nº. 28, diz: «Cremos que as almas de todos aqueles que morrem na graça de Cristo - tanto as que ainda devem ser purificadas com o fogo do Purgatório, como as que são recebidas por Jesus no Paraíso logo que se separem do corpo, como o Bom Ladrão - constituem o Povo de Deus depois da morte, a qual será destruída por completo no dia da Ressurreição, em que as almas se unirão com os seus corpos». Por seu turno, a S. Congregação para a Doutrina da Fé, na carta de 17-5-79, declara: «A Igreja, ao expor a sua doutrina sobre a sorte do homem depois da morte, exclui qualquer explicação com que se tirasse o seu sentido à Assunção de Nossa Senhora, naquilo que esta tem de único, ou seja, o facto de ser a glorificação que está destinada a todos os outros eleitos».

Evangelho: Lucas 1,39-56
Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes.53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
Os estudiosos descobrem neste relato uma série de ressonâncias vetero-testementárias, o que corresponde não apenas ao estilo do hagiógrafo, mas sobretudo à sua intenção teológica de mostrar como na Mãe de Jesus se cumprem as figuras do A.T.: Maria é a verdadeira e nova Arca da Aliança (comparar Lc. 1,43 com 2Sm. 6,9 e Lc. 1,56 com 2Sm. 6,11) e a verdadeira salvadora do povo, qual nova Judite (comparar Lc. 1,42 com Jd. 13, 18-19) e qual nova Ester (Lc. 1,52 e Est. 1–2).
39 - «Uma cidade de Judá». A tradição documentada a partir do séc. IV diz que é Ain Karem (fonte da vinha), uma povoação a uns 6 km. a oeste da cidade nova de Jerusalém. De qualquer modo, ficaria a uns quatro ou cinco dias de caminho em caravana desde Nazaré (130 Km.). Maria empreende a viagem movida pela caridade e espírito de serviço. A «Mãe do meu Senhor» (v. 43) não fica em casa à espera de que os Anjos e os homens venham servir a sua rainha; e Ela mesma, que se chama «escrava do Senhor» (v. 38), «a sua humilde serva» (v. 48), apressa-se em se fazer a criada da sua prima e de acudir em sua ajuda. Ali permanece, provavelmente, até depois do nascimento de João, uma vez que Lucas nos diz que «ficou junto de Isabel cerca de três meses».
42 - «Bendita és Tu entre as mulheres». Superlativo hebraico: a mais bendita de todas as mulheres.
43-44 - «A Mãe do meu Senhor». As palavras de Isabel são proféticas: o mexer-se do menino no seu seio (v. 41) não era casual, mas «exultou de alegria» para também ele saudar o Messias e sua Mãe.
46-55 - O cântico de Nossa Senhora, o Magnificat, é um poema de extraordinária beleza poética e elevação religiosa. Dificilmente poderiam ficar melhor expressos os sentimentos do coração da Virgem Maria – «a mais humilde e a mais sublime das criaturas» (DANTE, Paraíso, 33, 2) –, em resposta à saudação mais elogiosa (vv. 42-45) que jamais se viu em toda a Escritura. É como se Maria dissesse que não havia motivo para uma tal felicitação; tudo se deve à benevolência, à misericórdia e à omnipotência de Deus. Sem qualquer referência ao Messias, refulge aqui a alegria messiânica da sua Mãe e a sua humildade num extraordinário hino de louvor e de agradecimento. O cântico está todo entretecido de reminiscências bíblicas, sobretudo do cântico de Ana (1Sm. 2,1-10) e dos Salmos (35,9; 31,8; 111,9; 103,17; 118,15; 89,11; 107,9; 98,3); cf. também Hb. 3,18; Gn. 29,32; 30,13; Ez. 21,31; Si. 10,14; Mi. 7,20. Ao longo dos tempos, muitos e belos comentários se fizeram ao Magnificat; mas também é conhecida a abordagem libertacionista, abundando leituras materialistas utópicas, falsificadoras do genuíno sentido bíblico, com base no princípio marxista da luta de classes. Com efeito, a transformação social que é urgente realizar, não se consegue com o inverter a ordem social, o «derrubar os poderosos dos seus tronos» e o «despedir os ricos de mãos vazias». Eis o comentário da Encíclica Redemptoris Mater, nº. 36: «Nestas sublimes palavras… vislumbra-se a experiência pessoal de Maria, o êxtase do seu coração; nelas resplandece um raio do mistério de Deus, a glória da sua santidade inefável, o amor eterno que, como um dom irrevogável, entra na história do homem».

Sugestões para a homilia
A Assunção de Maria é um dogma solenemente definido por Pio XII em 1 de Novembro de 1950, segundo o qual Nossa Senhora, no termo da sua vida mortal, foi elevada ao céu em corpo e alma.
Definido o dogma só em nossos dias, a sua festa começou logo no princípio da Igreja, a seguir à sua Assunção ao Céu.
A Assunção da Virgem Santa Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos (Catecismo da Igreja Católica, n.º 966).
Os Orientais celebram este mistério desde o século V com o nome de «Dormição de Maria». No calendário da Igreja latina celebra-se, com a categoria de solenidade, a 15 de agosto.
1. Maria, Sinal do Amor de Deus
Ao terminar a Sua missão na terra, Maria, a Imaculada Mãe de Deus, «foi elevada em corpo e alma à glória do céu» (Pio XII), sendo assim a primeira criatura humana a alcançar a plenitude da salvação.
Esta glorificação de Maria é uma consequência natural da Sua Maternidade divina: Deus «não quis que conhecesse a corrupção do túmulo Aquela que gerou o Senhor da vida».
É também o fruto da íntima e profunda união existente entre Maria e a Sua missão e Cristo e a Sua obra salvadora. Plenamente unida a Cristo, como Sua Mãe e Sua serva humilde, associada, estreitamente a Ele, na humilhação e no sofrimento, não podia deixar de vir a participar do mistério de Cristo ressuscitado e glorificado, numa conformação levada até às últimas consequências. Por isso, Maria é «elevada ao Céu em corpo e alma e exaltada por Deus como Rainha, para assim Se conformar mais plenamente com Seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte» (Concílio Vaticano II,Lumen Gentium n.º 59).
Este privilégio, concedido à Virgem Imaculada, preservada e imune de toda a mancha da culpa original, é «Sinal» de esperança e de alegria para todo o Povo de Deus, que peregrina pela terra em luta com o pecado e a morte, no meio dos perigos e dificuldades da vida. Com efeito, a Mãe de Jesus, «glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há-de consumar no século futuro» (LG. 68).
O triunfo de Maria, mãe e filha da Igreja, será o triunfo da Igreja, quando, juntamente com a humanidade, atingir a glória plena, da qual Maria já está a gozar.
A Assunção de Maria ao Céu, em corpo e alma, é a garantia de que o homem se salvará todo: também o nosso corpo ressuscitará! É o penhor seguro de que o homem triunfará da morte!
a) A Virgem do Apocalipse.
«Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.»
O texto do Apocalipse emprega uma linguagem simbólica:
– Uma mulher revestida de sol. Maria é «a cheia de graça», como nome próprio, como A tratou o Arcanjo. Está revestida com o sol da graça. Encontramos aqui uma alusão à Imaculada Conceição, à Mulher do Apocalipse que venceu o dragão.
– Com a lua debaixo dos pés. Maria é Rainha de toda a criação, porque é a Mãe do Rei.
– E uma coroa de doze estrelas na cabeça. As doze estrelas aparecem como alusão às doze tribos de Israel. Em última análise, alude-se à Igreja, Povo de Deus da nova Aliança.
Maria é o grande sinal que apareceu no céu da nossa vida, enviado por Deus:
– Sinal da onipotência divina à nossa disposição para nos ajudar nas dificuldades da vida. Maria é a onipotência suplicante. Quando pedimos o que está em conformidade com a vontade de Deus, Maria alcança-no-lo.
– Sinal do Amor e da benevolência de Deus em nosso favor. Há uma tendência nas pessoas para ver em tudo ameaças de Deus. O Senhor não ameaça; atrai com o Seu Amor perseverante e paciente, esperando a nossa resposta generosa. Em qualquer momento que o desejemos, Ele acolhe-nos.
(Com quanto solicitude nos avisou Nossa Senhora de que não entraríamos em guerra! A irmã Lúcia e a beata Alexandrina foram as mensageiras desta carícia da Mãe).

b) Maria, nossa Advogada.
«Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com cetro de ferro.»
Deus quis dar-nos em Maria, nossa Mãe, a melhor das advogadas. Ao contemplá-la na sua maternidade, compreendemos melhor o amor misericordioso de Deus para conosco.
Por isso, a Igreja canta: «Lembrai-vos, ó Virgem-Mãe, quando estiverdes diante de Deus, de Lhe dizer coisas boas em nosso favor.»
Nós invocamo-l’A como medianeira, não porque Ela se oponha à vontade de Deus, para nos favorecer. Pelo contrário, como Mãe desvelada, ajuda-nos a cumprir a vontade do Senhor e alcança-nos as graças para o conseguirmos fazer.
Valemo-nos da sua intercessão, porque é a Mãe do Rei (são Luís Maria de Monforte explica-nos deste modo a mediação de Maria. Se um lavrador resolve oferecer uma cesta de maçãs ao rei e lhas faz chegar pela mão da Rainha, esta prepara-as, enriquecendo a sua aparência e torna-as mais agradáveis ao Rei pela simpatia que a rainha goza junto dele. Assim são as nossas boas obras, quando as apresentamos pelas mãos imaculadas de Maria).
Por isso aproximemo-nos cheios de confiança do trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia.

c) Ela vencerá!
«E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: ‘Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido‘.»
Quando olhamos para os acontecimentos desta vida apenas com os olhos do corpo e o pobre raciocínio que se vê incapaz de explicar tantos mistérios, corremos o risco de nos tornarmos pessimistas.
A vitória de Deus – na qual tomaremos parte – está prometida e garantida. A única interrogação é se queremos ou não participar nela por uma vida limpa e apostólica.
Não há, pois, lugar para pessimismos ou complexos de inferioridade. O importante é não deixarmos de fazer aquilo que nos está confiado. Foi esta negligência dos cristãos que deixou o mundo resvalar até às posições absurdas que se assumem nas nossas leis.
A confiança na vitória de Maria não pode justificar a nossa preguiça. É verdade que sofremos, desde sempre, uma tentação: esperar que Deus faça tudo, para podermos continuar a dormir.
Quando o Senhor nos pede colaboração para o bem não é porque se veja incapaz de o fazer, mas porque nos quer enriquecer num trabalho de mãos dadas com Ele, intensificando cada vez mais a nossa vida em comunhão.
Confiança Em Deus, por Maria, e trabalho generoso é, pois, o que o Senhor nos pede nesta solenidade da Assunção de Maria.
2. O itinerário de Maria para a glorificação
No cântico do Magnificat entoado por Maria em casa de Isabel e que a Igreja não se cansa de repetir, encontramos a indicação do itinerário que Nossa Senhora nos ensina para alcançarmos a glória final.

a) Caridade ardente.
«Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá.»
O Arcanjo revela a Nossa Senhora, na Anunciação, que Zacarias e Isabel iam ver realizado o maior sonho da sua vida: ter um filho.
Dois pensamentos a fazem parir para a sua casa: felicitá-la por este dom de Deus e oferecer-lhe os seus préstimos no serviço domésticos, nos últimos tempos da gravidez.
O Evangelho descreve a sua ida como sendo feita apressadamente. Esta palavra sugere-nos a prontidão da caridade e a alegria com que se desempenha desta missão.
Uma das dimensões essenciais da vida do cristão é o amor aos outros que se exprime também em partilhar a alegria e oferecer uma ajuda.
Não é fácil viver esta exigência, porque fomos crescendo num cristianismo individualista que nada tem a ver com os ensinamentos de Jesus. O «salve-se quem puder» não faz sentido na vida cristã. Deus chama as pessoas uma a uma, dentro da família que é a Igreja, para que nos ajudemos mutuamente.
E, de facto, a visita de Nossa Senhora produz frutos admiráveis. «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo». Leva a alegria àquela família – de tal modo que o menino exultou de alegria no seio de Isabel – e possibilita que Jesus, concebido no momento da Anunciação, santifique João Baptista.
Maria permanece ali até ao nascimento do Precursor, realizando os trabalhos humildes de uma dona de casa e enchendo de alegria aquela família.

b) Humildade profunda.
«Maria disse então: ‘A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome.’»
Maria não quer negar a grandeza a que o Senhor A elevou. A humildade é a verdade. Mas proclama com toda a simplicidade que tudo o que aconteceu se deve à misericórdia do Altíssimo.
Não devemos negar as qualidades que recebemos e as graças que o Senhor nos tem concedido. O erro poderia estar em olharmos para tudo isto como se fosse devido exclusivamente ao nosso esforço pessoal, sem nenhuma referência a Deus.
É muito importante que nesta solenidade da glorificação de Maria a Igreja nos lembre a virtude da humildade.
Deus conta connosco para a viver em todos os momentos.
– Na vida pessoal. Devemos afastar-nos de dois extremos, ambos fruto do orgulho: o pessimismo, como se contássemos só connosco, cultivando uma visão pessimista e nós mesmos; e um optimismo néscio, como se tudo se devesse aos nossos méritos.
– Na vida com os outros. Se não podemos ter complexos de inferioridade para connosco, também não havemos de ter complexos de superioridade em relação aos outros.
Não há duas classes de pessoas: uma de primeira escolha e outra de segunda. Há uma só raça: a dos filhos de Deus.
Esta verdade há-de levar-nos a um profundo respeito pelos outros, sabendo compreender as suas limitações. Só Deus sabe os talentos que deu a cada um.

c) Tudo para glória de Deus! «É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte, porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés.»
Maria foi glorificada pelos méritos de Jesus Cristo, seu Filho. Foi em atenção a eles que o Pai antecipou a glorificação de Maria, pela sua ressurreição, logo que terminou a vida na terra.
Na Ressurreição de Cristo encontramos a garantia da nossa. Se Ele quis glorificar a Sua Mãe, não esperando para o fim dos tempos, foi pelo carinho infinito que lhe dedica.
Mas podemos ver neste facto mais uma razão: ao ver ressuscitar Jesus Cristo, poderíamos cair na tentação de pensar que a Sua Ressurreição era somente para Ele, porque é Deus. Ao glorificar Maria – a primeira criatura a assumir em corpo e alma a glorificação definitiva – aviva a nossa esperança, porque se trata de uma criatura como nós.
Para que a nossa ressurreição final fosse possível, Jesus deixou-nos um penhor e força infinita na Santíssima Eucaristia.
Por isso, a Igreja insiste com solicitude para que participemos da Missa Dominical e comunguemos com as necessárias disposições.
Seguindo o caminho de Maria, chegaremos à glorificação final.

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