quarta-feira, 29 de agosto de 2012

COMPORTAMENTO CRISTÃO.

 
Entre as normas deixadas a seus discípulos, Jesus, admirável preceptor, assim se expressou: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos” (Mc 9,35). Traçou admiravelmente o estilo de vida do cristão. No nível da espiritualidade a humildade deve ser considerada como a mais bela qualidade do ser humano, mesmo porque é impossível sem esta virtude se submeter a Deus e se colocar a serviço do próximo. Ela abre as portas da sabedoria celestial, do desabrochamento de tudo que conduz à perfeição, levando à plenitude as verdadeiras aspirações do ser racional.
 
A humildade é a pedra fundamental da autenticidade cristã, pois é nela que habita a dileção ao Ser Supremo e o devotamento ao semelhante. Dela jorra uma profunda serenidade interior, afastando a inquietude e as turbulências do espírito. Liberta do egocentrismo e, deste modo, o cristão evita enquadrar os outros nos seus moldes mentais, mas procura estar sempre no serviço daqueles que giram em sua órbita. Deste modo, não há lugar para a ira, a maledicência. Grande gáudio causa o êxito alheio e se regozija com os talentos que contemplado naqueles que o cercam.
 
A humildade dilata a capacidade de se doar aos outros dos quais atrai a simpatia e a gratidão. Com efeito, pelo modo de ser habitual quem é humilde e serviçal cria um ambiente de tranquilidade, de alegria, imperturbabilidade porque não se sobrepõe aos outros e lhes reconhece o valor. Tudo isto porque o humilde se identifica com Cristo ao qual pede continuamente: “Jesus, manso e humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao vosso”. Disto resulta a mansidão, a simplicidade, o equilíbrio pessoal. É que o humilde é como uma árvore frutífera que oferece inúmeros frutos. Estes aliás foram elencados por São Paulo na Carta aos Gálatas como está na Vulgata: paz, alegria, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, paciência, castidade, modéstia, continência, fidelidade, caridade (Gl 5,22).
 
Estes frutos do Espírito Santo não são, portanto, formas de humildade, mas uma demonstração palpitante desta virtude. Sem a mesma o cristão se desvaloriza, pois superestimando suas capacidades não cultiva estes frutos e cai na mediocridade espiritual. É a humildade que se opõe a todas as visões deformadas as quais impedem o discípulo de Cristo usufruir dos bens advindos da graça santificante. Bem se expressou Maria no seu hino gratulatório: “Deus resiste aos soberbos, aos humildes porém concede as suas graças” (Lc 1,51). É de se notar que a humildade não é qualidade inata ao ser humano, mas deve ser adquirida dia a dia até se atingir aquela maturidade afetiva e espiritual que tanto dignifica o cristão. Isto o impede de ter desgosto de si mesmo e de se aborrecer da vida, pois tem olhos para ver as maravilhas que o Criador derrama em seu derredor. Passa a ter uma consciência esclarecida, arejada de sua condição e de seu lugar no cosmos, na Igreja, na comunidade em que vive. Donde uma gratidão profunda à Providência divina que tanto gratifica suas criaturas. É por isto que a humildade não se confunde com a falsa modéstia, mas leva cada um a reconhecer as qualidades que possui e a corrigir os defeitos que surgem da má administração do que Deus lhe deu para o próprio bem e dos outros.
 
Para se cultivar esta virtude é preciso não querer impor aos outros a própria opinião. Cumpre ser serviçal para com os outros, paciente sem altear a voz seja com quem for, humano, sabendo que só Deus é perfeito. Pratica-se a humildade também através da cortesia, da boa educação, do total respeito ao próximo. Enfim, quando Jesus aconselhou: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele eu serve a todos” ele estava preconizando um comportamento existencial para seu discípulo que deve ser humilde interior e exteriormente, de pensamento e de vontade, na prosperidade e na adversidade, em todo lugar e em todo tempo. É que esta virtude leva à verdade, à justiça e à ordem. A humildade prospera nos corações que bem conhecem sua própria indigência, seus limites, persuadidos intimamente de que todo bem procede de Deus. Esta virtude é a primeira fonte de verdadeira grandeza aos olhos dos homens e do Criador de tudo. Eis porque a Maria pôde afirmar que Deus olhou para a humildade de sua serva e fez nela grandes coisas. Sigamos o que Jesus ensinou e imitemos sua Mãe Santíssima e veremos maravilhas em nossas vidas.

Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana

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