quinta-feira, 2 de agosto de 2012

E QUANDO A ARIDEZ ESPIRITUAL CHEGAR?

A única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele.

Muitas vezes, podemos passar por algum período de aridez espiritual, isto é, não temos vontade de rezar, torna-se difícil assistir a Santa Missa, a reza do Terço fica pesada, etc. Até mesmo a sagrada Comunhão se torna um sacrifício diante das dúvidas que podem atingir a nossa alma. Parece que o céu sumiu.

Como vencer esse estado de espírito no qual parece que Deus está longe e que nos falta a fé?

Primeiro é preciso verificar se esta situação não é tibieza, isto é, causada por nossa culpa em não perseverar no cuidado da vida espiritual, e, sobretudo, verificar se não há pecados graves em nossa alma, que possam estar afugentando dela a graça de Deus.

Se não houver pecados na alma, então, é preciso antes de tudo, calma, paciência e perseverança nos exercícios espirituais: oração, vida sacramental, caridade, penitência, etc. Mesmo sem vontade ou sem gosto, continuar, sem jamais parar, os exercícios espirituais.

Deus, às vezes, permite essas provações para que aprendamos a “buscar mais o Deus das consolações do que as consolações de Deus”, como disse um santo.

São João da Cruz, místico que tanto experimentou o que chamou de “noite escura da fé”, afirmou que “o progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.”



Muitas vezes, nos deleitamos nas orações gostosas, cheias de fervor sensível, como crianças quando comem doces. Mas quando vem a luta, deixamos a oração.
Vejamos o que diz o Apóstolo:
“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s).

Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige?… Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos… Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade” (Hb 12,5-10).

Deus nos quer santos, e é também algumas vezes pela provação e pela aridez espiritual que Ele arranca as ervas daninhas do jardim de nossas almas. Coragem, alma querida de Deus! Jesus disse que Ele é a videira verdadeira, e Seu Pai o bom agricultor, que podará todo ramo bom que der fruto, para que produza mais fruto (cf. Jo 15,1-2).

Não podemos querer apenas o açúcar do pão e renegar o pão do sacrifício. Às vezes a meditação é difícil, a oração é penosa, distraída, surgem as noites e as trevas… Nessas horas é preciso silêncio, abandono, paciência. O Esposo há de voltar logo… Em breve vai raiar a aurora e os fantasmas vão sumir.

Quanto mais a noite fica escura, mais perto nos aproximamos da aurora. Deus sabe o que estamos passando, louvado seja o Seu santo Nome! É hora de abandono em Suas mãos paternas.

Em meio às trevas alguns sentem o coração como se fosse de gelo, não sentem mais amor a Jesus, perdem a piedade, se sentem condenados. Que desoladora confusão espiritual!
Nestas horas a única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele na fé; confiança e abandono, irmão! Só o Senhor sabe o caminho para sairmos deste matagal fechado e escuro.

Deus nos prepara para a contemplação pelas provas passivas, ensinam os santos. Ele as produz e a alma apenas tem que aceitar. É o duro caminho dos que querem a perfeição. Ele está purificando a alma; o Cirurgião Celeste está nos operando a alma.

São João da Cruz fala da famosa “noite dos sentidos” cheia de aridez e de provação, um verdadeiro martírio para a alma. Segundo o santo doutor, é Jesus que chama a alma a caminhar com Ele no deserto, mesmo queimando os pés e sendo queimado pelo sol, para se santificar.

Calma, alma querida de Deus, Ele faz isso porque o ama muito! O fogo bom não é aquele “fogo de palha”, alto e bonito, mas rápido, que logo se apaga; mas é o fogo baixo que pega na lenha grossa e permanece por muito tempo. O fogo de palha é só para começar…
É isso que está acontecendo; não se assuste; não se preocupe porque o gosto de rezar sumiu e se tornou um agora um sacrifício penoso… Fé não é sentimento e muito menos sentimentalismo; fé é adesão, com a mente, a Deus, às Suas verdades e às Suas determinações. Não se preocupe de estar ou não “sentindo” fé ou devoção; apenas viva-a; vá à Missa, ao grupo de oração, ao Terço, com ou sem vontade, com ou sem gosto, com ou sem sentimento. Assim, temos mais méritos ainda diante de Deus.


Fonte: Professor Felipe
NOTA BLOG: O chamado período de aridez espiritual, é para muitos cristãos um tempo em que apenas se demonstra a perca da vontade de rezar, a participação do sacrifício da Santa Missa é realmente um sacrifício, da perca do desejo de participar do seu Grupo de Oração ou comunidade e da falta de fé. Estes cristãos,entendem que  existe um tempo muitas vezes breve para que aquele que se enconra nesse estado, possa voltar. O entendimento está correto. Mas, para aqueles que assim compreendem, não podem esquecer que se a atual situação foi gerada pela própria culpa na omissão de sua vigilância e na consequente falta de perseverança no zelo dos bens espirituais e sobretudo na existênca de pecados considerados graves, então esse tempo que poderia ser breve, não mais o será.
 
 
 O pecado gera sofrimento. A alegria será sempre simbólica e vazia, tudo setorna sombrio  e sem vida, pois a sólida e vivificante palavra de Deus, parece não existir mais.
A voz da fé tantas vezes anunciada e defendida em assembléias ou entre amigos, é silenciada, perdeu sua força, empobreceu, tornou-se insípida,  foi engavetada.
Um culpado? nossa conduta. Nossas atitudes arbitrárias, insolentes e ingratas para com o Senhor Criador dos céus e da terra. Para com Aquele que tudo o que fez  e faz é tão somente amar, mesmo quando nos tornamos um sepulcro que somente sua parte interna é exposta.
Nem tudo que acontece na vida dos que perdem a beleza e o zelo pelos bens espirituais, é passível de entendimento por parte dos que acreditam estar caminhando.
Alguns pensam coisas até absurdas as vezes, emitindo até mesmo um juízo duro, cruel  e impiedoso sobre o que seu conhecimento, mesmo sendo amplo  sobre a situação do outro (ou talvez não), mas o amor presente nele é extremamente  limitado.
Outros, mesmo sendo mas flexíveis em sua leitura da situação, acreditam estarem outorgados (pela sua vivência diária preenchidas por longas orações e  possuídos por um sentimento de piedade que formam "colunas de concreto ", que os sustentam na caminhada),   para também emitirem um parecer depreciativo, esvaziando e excluindo a beleza que ali se encontrava, porque em nada haverá beleza, se não existir amor.
Já diz um pregador: "A plenitude da beleza em Deus, se manifesta quando você ama. Se você ama, você é bonito, se você ama, você é belo".
Mas, há ainda aqueles que conseguem olhar através dos olhos de Jesus, e enxergarem em um mar de misérias presente,  a luz da esperança, e mesmo lutando contra as forças do mundo  que insiste em provar que não tem mais jeito, ainda conseguem amar. São através destes, pela coragem, intrepidez, perseverança e fé, que muitos ainda conseguem encontrar o caminho de volta.
Deus utiliza muitas formas para nos ensinar. Quando nós procuramos a exataltação para si mesmo, quando nos inclinamos ao egoísmo e nos tornamos obstinados em fazer nossa vontade,   nossa beleza presente no coração poderá ser tirado, dando espaço para a manifestação do pecado (se for grave, gera não a perca, mas a graça de Deus não poderá alcançá-lo no momento).
O povo de israel teve que de forma árdua, passar por essa  dura experiência no deserto, após terem procurado viver uma vida própria, até chegarem a idolatria, raiz e porta de entrada para todo mal. Aprenderam quando de coração contrito se humilharam e dobraram-se diante do Deus Todo Poderoso.
São nas promessas e nas maravilhas do amor de Deus que temos que crer, é assim que tem que ser, embora muitos não olhem por esse ângulo, mas é exatamente por esse ângulo onde habita um fio de esperança e o primeiro passo para sair do mundo sombrio. Acreditar que tudo tem um propósito e de tudo se tira aprendizado além do fortalecimento vivo e puro para uma fé sólida e um testemunho autêntico.
 
 
"Sei, Senhor, que são justos os vossos decretos e que com razão vós me provastes. Venha-me em auxílio a vossa misericórdia, e console-me segundo a promessa feita a vosso servo." (Sl 118,75-76)(Biblia Ave Maria)


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