As grandes perguntas ainda estão sem resposta: existe uma conexão física entre os genes e o comportamento humano? Se existe, em que extensão e intensidade ele é produto da hereditariedade?
As inumeráveis experiências feitas até hoje, sugeriram o que os genes podem fazer sem saber exatamente o que os genes são.
Um físico e não um biólogo teve que entrar em cena para tentar uma resposta. Seymor Benzer, cruzou cromossomos virais para mostrar que os genes consistem em fileiras de elementos químicos chamados de nucleotídeos que, como os átomos, podem ser divididos. Assim pensando, Benzer se perguntou se estes “ átomos da hereditariedade” poderiam dar origem – semelhante aos eletrons que originam aeletricidade – a certos comportamentos que se repetem em sucessivas gerações de várias espécies animais.
Trabalhando com moscas domésticas, Benzer passou a fazer experiências com atividades básicas, tais como o direcionamento para a luz, os ritmos de sono, os rituais sexuais e a capacidade de aprendizado. Concluiu que, em alguns casos, as mutações genéticas resultam em modificações de comportamento nas gerações subseqüentes.
Em recente livro, o biólogo Jonatahn Weiner, estudando os experimentos prolongados e tediosos do físico Benzer, advertiu que os resultados estão longe de merecerem interpretações definitivas.
Eles nos fornecem evidências da existência de conexões entre a mente e os genes, o que poderia explicar certos comportamentos básicos e instintivos de algumas espécies. Também proporcionam evidências de que é possível alterar o comportamento de algumas espécies inserindo nelas genes de outras espécies.
Não obstante, o preciso papel desempenhado pelos genes permanece pouco claro e estudos mais recentes vieram complicar o problema. Pesquisadores descobriram, por exemplo, que a tendência das moscas de voar em direção à luz é determinada não por um simples gene mas por centenas deles.
Quanto progresso se conseguiu no conhecimento da genética do comportamento, principalmente no humano, tão complexo e imprevisível, isto ainda não está claro.
Weiner observou que “entre 1965 e 1995, inúmeros estudos afirmaram sucessivamente, a relação entre os genes humanos e a violência, a psicose, a depressão, o alcoolismo, o autismo, o QI, o deficit de atenção, a síndrome de Tourette e outras inúmeras alterações. O que restou de comum entre eles é que todos tiveram de se desdizer quando submetidos a críticas cientificamente sérias”.
E se nos remontarmos às décadas anteriores, as implicações da genética com as qualidades e os defeitos do ser humano resultaram - quem não lembra? - em quarenta milhões de mortos.
“Os estudos da relação dos genes com o comportamento humano nasceram sob o signo do pecado“ escreveu Weiner se referindo às idéias de purificação racial ou de eugenia que marcaram e mancharam tais estudos.
Sempre que alguém perora sobre a inevitabilidade biológica dos defeitos ou qualidades do ser humano, sente-se cheiro de carne humana queimada, ouvem-se estampidos de armas pesadas e vislumbram-se clarões de bombas de napalm. Acompanhados, ao fundo, por gritos lancinantes de homens, mulheres e crianças.
Este filme já vimos !
Franklin Cunha
Médico Ginecologista
TEGO 256/69
por
Formação Shalom
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