A oração não é uma simples operação psicológica ou esforço de concentração para se chegar ao vazio mental.
A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes. De onde falamos nós ao rezar? Das alturas de nosso orgulho e vontade própria, ou das “profundezas” (Sl 130,14), de um coração humilde e contrito? A humildade é o fundamento da oração. A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração.
A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços aonde vamos procurar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar e é ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede que nós tenhamos sede dele.
De onde vem a oração humana? Qualquer que seja a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que reza. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito, geralmente do coração. É o coração que reza. Se ele está longe de Deus, a expressão da oração é vã.
A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem.
A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem.
Ao orar, Jesus já nos ensina a orar. O caminho teologal de nossa oração é a oração a seu Pai.
A oração de bendição ou adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal.
É pela oração de súplica que traduzimos a consciência de nossa relação a Deus: como criaturas, não somos nem nossa origem, nem senhores das adversidades, nem nosso fim último. Mas, como pecadores, sabemos, na qualidade de cristãos, que nos afastamos de nosso Pai. O pedido já é uma volta para Ele. O pedido de perdão é o primeiro movimento da oração de súplica. A súplica cristã está centrada no desejo e na procura do Reino que vem, de acordo com o ensinamento de Jesus. Existe uma hierarquia nos pedidos: primeiro o Reino, depois o que é necessário para acolher e cooperar com a sua vinda.
A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma perfeitamente com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens, dos pecadores sobretudo. Interceder, pedir em favor de um outro é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus. Na intercessão, aquele que ora não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos dos outros e reza mesmo por aqueles que lhe fazem mal.
A ação de graças, caracteriza a oração da Igreja que, celebrando a Eucaristia, manifesta e se torna mais aquilo que ela é. Todo acontecimento e toda necessidade podem se tornar oferenda de ação de graças.
O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus. Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que Ele faz, por aquilo que Ele é.
A oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar. E é por uma transmissão viva (a sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na Igreja crente e orante, ensina os filhos de Deus a rezarem.
A Igreja exorta a todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo. Lembrem-se, porém., que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração afim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois a Ele falamos quando rezamos; a ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos.
As expressões da oração
A oração vocal
Deus fala ao homem por sua Palavra. É por palavras mentais ou vocais, que nossa oração cresce. Mas o mais importante é a presença do coração àquele a quem falamos na oração. Que a nossa oração seja ouvida depende não da quantidade das palavras, mas do fervor de nossas almas.
A meditação
A meditação é sobretudo uma procura. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã a fim de aderir e responder ao que o senhor pede. A meditação coloca em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Essa mobilização é necessária para se aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração e fortificar a vontade de seguir a Cristo.
A oração mental
A oração mental é a expressão mais simples do mistério da prece. A oração é um dom, uma graça; não pode ser acolhida senão na humildade e na pobreza. A oração é uma relação de aliança estabelecida por Deus no fundo de nosso ser. A oração é comunhão: a Santíssima Trindade, nesta relação, conforma o homem, imagem de Deus, à sua semelhança.
A oração é um dom da graça e uma reposta decidida da nossa parte. Supõe sempre um esforço.
“Orai sem cessar” (1Ts 5,17), “sempre e por tudo dando graças a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef5,20), “com orações e súplicas de toda sorte, orai em todo tempo, no espírito, para isso vigiai com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef6,18).
Orar é uma necessidade vital. Nada se compara em valor à oração; ela torna possível o que é impossível, fácil o que difícil. É impossível que caia em pecado o homem que reza. Quem reza certamente se salva, quem não reza certamente se condena.
Oração e vida cristãs são inseparáveis, pois se trata do mesmo amor e da mesma renúncia que procede do amor.
“Quanto a ti, quando quiseres orar, entra em teu quarto mais retirado, tranca a tua porta, e dirige a tua oração ao teu Pai que está ali, no segredo. E teu Pai, que vê no segredo, te retribuirá. Quando orardes, não multipliqueis palavras como fazem os pagãos; eles imaginam que pelo muito falar se farão atender. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe do que precisais, antes que lho peçais. Vós, portanto, orai assim: Pai nosso, que estás no céus, dá a conhecer a todos quem tu és, faze com que venha o teu Reinado, faze com que se realize a tua vontade, na terra, à imagem do céu. Dá-nos hoje o pão de que precisamos, perdoa-nos as nossas faltas contra ti, como nós mesmos temos perdoado aos que tinham faltas contra nós, e não nos introduzas na tentação, mas livra-nos do Tentador.” (Mt6,3-14)
Jesus lhes disse ainda: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo no meio da noite para lhe dizer: ‘Meu amigo, empresta-me três pães, porque um de meus amigos chegou de viagem em minha casa, e se o outro, de dentro da casa, lhe responder: ‘Não me aborreças! Agora a porta está fechada; meus filhos e eu estamos deitados; eu não posso levantar-me para te dar o pão’, eu vos digo: mesmo que ele não se levante para lho dar por ser seu amigo, pois bem, porque o outro não tem vergonha, ele se levantará para lhe dar tudo o que lhe é preciso. Pois bem, eu vos digo: Pedi, e vos será dado; procurai, e encontrareis; batei, e se abrirá para vós. De fato, todo o que pede recebe, quem procura encontra e a quem bate se abrirá. Que pai entre vós, se o seu filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente em lugar de um peixe? Ou se ainda se ele pede um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lho pedem.”
(Lc11,1-13).
(Lc11,1-13).
Fonte: Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Vozes, Edições Paulinas, Edições Loyola, Editora Ave-Maria, 1993.
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