No mundo das imagens somos levados a perceber sua aparência. Nem sempre vislumbramos a realidade, o conteúdo e a verdade que dão consistência ao que aparece. Podemos nos enganar em nossa percepção. Por isso, vale a pena desenvolvermos nossa capacidade de análise e não nos deixarmos levar só pela propaganda captada pelos sentidos. Temos sensação e razão. Os sentidos e a reflexão devem estar bem sintonizados na busca da verdade e do bem. Até a fé conduzida proeminentemente mais pela sensação ou só pela razão pode nos levar à relativização do que percebemos.
A caminho de Emaús os discípulos falavam com o próprio Jesus, sem perceberem que era Ele ressuscitado. Seus olhos somente se abriram quando o viram no ato característico da ceia, lembrando a última com os apóstolos, em que instituiu a Eucaristia (Cf. Lucas 24,13-35). Acontece também, na realização de cada Sacramento, a presença da realidade que a matéria e a forma do mesmo estão indicando. De fato, para vermos além do não visto, é preciso o ato de fé, vendo o invisível no visível. Ver Jesus e reconhecê-lo como o Filho de Deus são virtudes de quem recebe a fé como dom e o faz frutificar no seguimento do Mestre.
Uma vez reconhecido Jesus os discípulos saíram correndo para comunicar o fato de sua ressurreição aos outros discípulos, que estavam em Jerusalém. O estupor foi imenso por parte de todos. A alegria certamente foi incontida. Precisaria ser repassada para todos os que estavam decepcionados com a morte de seu líder. A superação da morte é o maior desafio para o ser humano. Somente Deus tem este poder. Jesus provou sua divindade. Os discípulos então ganharam segurança e vitalidade sem par, chegando a dar a própria vida para serem coerentes com a fé no Ressuscitado.
Nossa vida ganha sentido quando nos encontramos com quem tem o poder de nos levar à superação dos limites da matéria, do tempo e do espaço. O Filho de Deus é o único a nos dar esta certeza. Nem sempre as pessoas percebem esta verdade. Mas os sem a possibilidade de enxergar a verdade de Jesus também têm a oportunidade de se endereçar para a consecução da busca de realização plena, quando procuram o bem com convicção ou boa fé. O Senhor Redivivo veio realizar o projeto do Pai para redimir a humanidade de todos os tempos. Compete aos discípulos, que O veem com os olhos da fé, levar esta verdade a todos. Para isso, é preciso mostrar pelo testemunho de vida coerente com a mesma, o valor de seguirem o Salvador e ensinar o que Ele ensinou.
Pedro mostra sua alegria e missão diante do fato da ressurreição: “Ele não foi abandonado na região dos mortos e sua carne não conheceu a corrupção. Com efeito, Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos nós somos testemunhas” (Atos 2, 31.32). A consequência da aceitação da divindade do Senhor se vê na pessoa que vive sua fé: “Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdade de vossos pais... pelo sangue de Cristo... Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou ...e assim a vossa fé e esperança estão em Deus” (1 Pedro 1, 18.19.21).
Por: Dom José Alberto Moura, CSS
Fonte: CNBB
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