Como um fruto do Concílio Vaticano II, entre outras graças, cremos firmemente que a RCC – Renovação Carismática Católica – é uma real e forte resposta de Deus.
Em 1967, após um retiro espiritual realizado por um grupo de catedráticos, padres e estudantes da Universidade Duquesne, na Pensilvânia (EUA), nasce a Renovação Carismática Católica, um movimento leigo que logo se consolidou. Os participantes daquele encontro inicial expressavam o desejo de fazer a experiência transformadora que a Pessoa do Espírito Santo podia realizar nas pessoas. Uma experiência que mais tarde o mundo inteiro iria chamar de “Batismo no Espírito Santo”, a experiência de Pentecostes hoje. Esta é a grande novidade que o Espírito manifesta dentro da RCC: hoje podemos viver a mesma experiência que os Apóstolos tiveram no dia de Pentecostes.
Estas pessoas sentiam que a vida espiritual que Deus chamava os batizados a viverem hoje não poderia existir de forma autêntica como resultado simplesmente da ação humana, o que sempre deixaria uma sensação de orfandade invadida pelo vazio e pelo desânimo. Então, reunidos em oração, clamaram a vinda do Espírito Santo, e enquanto rezavam, ocorreu um verdadeiro Pentecostes, festa cristã celebrada cinqüenta dias após a Páscoa, em comemoração à descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, reunidos em Cenáculo, por meio de línguas de fogo. Podemos afirmar que a RCC, como dom do Espírito em favor dos fiéis e da Igreja, é este Novo Pentecostes, com toda sorte de força e de poder que se atualiza e perpetua na vida da Igreja. Ela não é um movimento na Igreja, mas, como disse o Papa Paulo VI, “uma sorte para a Igreja e para o mundo”. Ela é, portanto, a Igreja em movimento, uma corrente de graças que concerne à própria vida da Igreja e que beneficia os seus membros sem distinção de pessoas.
Sua peculiar identidade é a experiência de transformação interior. O Espírito Santo vindo a nós, na medida em que é acolhido e favorecido, acha-se, finalmente em condições de transformar a situação interior que a “lei escrita” não podia modificar. O Espírito Santo toma posse do coração do homem e este deixa de viver para si mesmo e passa a viver para Deus. A graça infundida no coração humana torna-se uma “ação”, um princípio vivo e ativo.
Dessa ação da graça brotam livremente os dons e os frutos de uma vida agora não mais vivida pela imposição caprichosa da “carne”, mas pela condução do Espírito Santo. Nasce assim, um gosto pela oração, pela leitura orante da Palavra de Deus, um amor pela Igreja, um amor e devoção à Nossa Senhora, um comprometimento na evangelização de todas as pessoas, o louvor a Deus, a busca dos sacramentos – especialmente, Eucaristia e reconciliação –, a vida de comunhão fraterna, o uso dos dons carismáticos: dom de línguas, que se constitui de uma oração em linguagem não-vernacular que provém do Espírito Santo, ou ainda, uma manifestação de louvor dentro de cada um; o dom da profecia, uma ação do Espírito Santo que se utiliza de uma pessoa para proclamar uma mensagem divina; o dom de cura, em que a saúde espiritual, física e pisicológica de alguém é restaurada pela intervenção de Deus; o dom dos milagres, o dom da fé, que se constitui na confiança, na certeza, na convicção da ação de Deus; o dom do discernimento dos espíritos, o dom da palavra de ciência e de sabedoria.
Na verdade a maior graça que o Espírito Santo derrama sobre homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos é a conversão a Pessoa de Jesus Cristo. Ele passa a ser o centro da existência.
Foram necessários apenas alguns poucos anos para que essa experiência se espalhasse entre os norte-americanos católicos, ganhasse visibilidade e fosse expandida depois para os demais continentes. Assessorada por teólogos como Yves Congar e pelo Cardeal Leon Suenens, a Renovação Carismática logo conquistou a aprovação do Papa Paulo VI, o que garantia, por si só, sua autenticidade, apesar da resistência por parte da ala progressista, mais afinada com as Comunidades Eclesiais de Base e com a Teologia da Libertação centrada para o compromisso social.
Com menos de três anos de existência, a RCC já chegava ao Brasil e em apenas três décadas já estava presente em 90% das dioceses brasileiras e, em termos mundiais, pouco antes da entrada do novo milênio, já se encontrava em 140 países, com a participação de 40 milhões de católicos, destes, 30% só na América Latina.
Hoje são no mundo mais de 80 milhões de católicos que experimentaram esta graça em suas vidas, converteram-se a Cristo e dedicam-se ao serviço da Igreja. Destes, cerca de 12 milhões estão no Brasil.
Como podemos perceber, a RCC nasceu em meio a um grupo de oração, que gerou vários outros grupos de oração, em todo o mundo. Mas a ação do Espírito Santo pedia mais, pedia um maior comprometimento entre os homens e estes com Deus. Daí, surgiram as Comunidades de Vida e de Aliança, nada mais justificável dentro do plano bíblico e teológico que este Novo Pentecostes gerasse uma vida comunitária. Por isto em todo o mundo estão surgindo pessoas, que impulsionadas pelo Espírito, se unem no que chamamos de “Comunidades Novas”. Elas têm dado sinal de uma fértil e atuante presença no mundo pelo testemunho de vida e pela ação evangelizadora de seus membros que atuam em várias dimensões da sociedade, em especial na família, juventude, meios de comunicação, política e promoção humana.
por Germana Perdigão, Comunidade de Aliança Shalom
Revista Shalom Maná - Edições Shalom
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