VATICANO, 05 Nov. 10 / 01:49 pm (ACI).- O Papa Bento XVI pediu aos participantes da assembléia plenária do Pontifício Conselho Justiça e Paz, uma urgente formação dos fiéis leigos nos princípios da doutrina social da Igreja para que possam responder aos desafios da sociedade atual. O Santo Padre dirigiu uma mensagem ao presidente deste dicastério, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, na qual assinalou que os leigos "devem comprometer-se para promover uma reta configuração da vida social, respeitando a legítima autonomia das realidades terrenas".
O evento, que se realiza em Roma, analisa a recepção da Encíclica "Caritas in veritate" nos diferentes continentes."É muito importante uma compreensão profunda da doutrina social da Igreja, em harmonia com todo seu patrimônio teológico e fortemente enraizada na afirmação da dignidade transcendente do homem, na defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural, e da liberdade religiosa", indicou. Nesse sentido, Bento XVI insistiu na necessidade de "preparar a fiéis leigos capazes de dedicar-se ao bem comum, especialmente nos âmbitos mais complexos, como o mundo da política".
O Papa recordou os "problemas fundamentais que afetam o destino das nações e das instituições mundiais, assim como da família humana", e indicou que os desequilíbrios sociais e nacionais não desapareceram." A coordenação entre os Estados –freqüentemente inadequada, porque se orienta à busca de um equilíbrio de poder, em lugar da solidariedade– dá lugar a desigualdades, ao perigo do domínio de grupos econômicos e financeiros que ditam -e querem seguir fazendo-o- a agenda política, à custa do bem comum universal", explicou. Nesse sentido, expressou seu desejo de que o Pontifício Conselho Justiça e Paz siga "levando adiante a atualização da doutrina social da Igreja" e sua promoção e estudo.
O Papa indicou que “em colaboração com outros, o dicastério deve procurar vias mais apropriadas para a transmissão da doutrina social, não só nos tradicionais itinerários formativos e educativos cristãos de todo tipo e grau, mas também nos grandes centros de formação do pensamento mundial, como os grandes meios de comunicação ‘laicos’, as universidades e os numerosos centros de reflexão econômica e social, que recentemente se desenvolveram em todos os rincões do mundo"."Só com a caridade, sustentada pela esperança e iluminada pela luz da fé e da razão, é possível conseguir objetivos da liberação integral do ser humano e de justiça universal", afirmou.
NOTA DO BLOG:
É bem verdade que nos últimos anos, muitos foram os bispos que contribuiram para aprofundar a doutrina social da Igreja. Da mesma forma, também muitos estudiosos assim o fizeram.
A igreja nunca foi omissa quanto as questões de vida social. Muitos pontificados por sua vez, também tiveram grande preocupação com tal assunto. Dentre eles, destaque para João Paulo II, que publicou, três grandes Encíclicas: Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis e Centesimus annus, estas constituem etapas fundamentais do pensamento católico sobre o assunto.
O Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS, diz que a Doutrina Social da Igreja (DSI) designa o conjunto de escritos e mensagens – cartas, encíclicas, exortações, pronunciamentos, declarações – que compõem o pensamento do magistério católico a respeito da chamada “questão social”.
Claro que não basta tão somente conhecer o conjuntos desses escritos. Para uma formação de leigos sobre assunto, necessitaria de um maior aprofundamento, haja vista, o alto grau de exigência, principalmente na tentativa de trazer para os dias atuais a dimensão socio-política da Boa Nova de Cristo.
Esperamos mesmo que o Dicastério possa urgentemente encontrar não somente as vias mais apropriadas para a transmissão da doutrina social, como afirma o Papa Bento, mas também, uma forma de melhor adequar essa formação aos tempos atuais.
O preocupante pedido de Bento XVI, em uma urgente formação dos fiéis leigos nos princípios da doutrina social da Igreja, se dar dentro da visão do atual contexto onde a sociedade sofre dois principais tipos de exclusão que de forma precisa ameaça desiquilibrá-la.
Uma se dar pela própria exlusão do trabalho. O que cada vez mais eleva o número de marginalizados e abre cada vez mais as porta para o crime e a violência extrema. A outra, o mundo passa por um processo de transformação avassalador, com o advento da globalização, esta tem por objetivo a intensificação do comércio em nível mundial, com isso, traz como consequência, a perca da dignidade da pessoa humana. Pois, ela é vista apenas pelo seu poder de compra, de ter, de adquerir bens e serviços.
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