terça-feira, 17 de abril de 2012

O SENHOR CORRIGE A QUEM AMA.


A Palavra de Deus é um Sacramento, isto é, um sinal vivo, atual e eficaz da Presença Viva de Deus e que age com todo o poder no momento em que é lida e proclamada.

O que o Senhor nos propõe através da Escritura é um plano amoroso de sua Salvação e por isso ela tem como objetivo primeiro alimentar nossa vida espiritual, modificando nossa vida, segundo os critérios de seu plano de Amor e Salvação para toda a humanidade. Por isso a Palavra de Deus vai estar sempre agindo em nossa vida, curando, ensinando, convertendo, a cada um de nós seus ouvintes, a partir de sua realidade, e como o salmista nós exclamaremos: “Luz para meus passos é a tua Palavra, Senhor” (Sl 118,105).

Ela própria nos afirma a necessidade de tê-la em nossa vida, como vemos em II Tim 3,6-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra”.

Portanto, não podemos desprezar os seus ensinamentos e muito menos rejeitar a correção divina.
E por que será que as verdades que nos ferem mais fortemente são exatamente aquelas que mais precisamos acatar? Quando alguém se acidenta, tem que tratar é das partes do corpo que estão feridas.

O mesmo se aplica à nossa vida espiritual. Quando nosso espírito se acha ferido pelo pecado, por enganos ou pensamentos errôneos, precisamos aplicar a Palavra de Deus, a palavra de cura, sobre o que está errado: “Enviou-lhes a sua Palavra e os sarou, e os livrou do que lhes fora mortal” (Sl 106,20).

E o mais curioso neste processo é que, devido à inclinação humana para a rebeldia, temos a tendência de revidar ao toque da Palavra exatamente nos pontos onde mais precisamos dela.

O rebelde despreza interiormente os textos da Palavra de Deus que exigem submissão. Os temerosos rejeitam aqueles que nos instruem para sermos corajosos e decididos , e tendem a ignorá-los. Os que amam o dinheiro detestam as proibições claras de Deus, com relação a querer sempre mais e mais. Os orgulhosos resistem às determinações de Cristo no sentido de nos esvaziarmos do ego e nos revestirmos de humanidade.

O impaciente zomba dos textos onde Deus está sempre exigindo que tenhamos paciência, perseverança, que aguardemos nele, que tenhamos longanimidade, e procura racionalizá-los. Os adúlteros detestam as exortações do Novo Testamento acerca da ira de Deus contra a impureza. O rancoroso ignora deliberadamente o ensino da Palavra acerca da misericórdia e do perdão.

O fato é que a maioria dos filhos de Deus despreza e ignora a Palavra de que tanto necessita e que iria libertá-los. E assim, em vez de sarar essas feridas, se tornam purulentas, e o mal vai se agravando mais e mais e é contra essa situação que Deus envia sua mensagem. Está soando sua trombeta para avisar-nos desse mal.
E por isso o próprio Deus nos diz:: “Guardai-vos, pois, de recusar ouvir Aquele que fala:” (Heb 12,25 a).
Deus está nos dizendo que precisamos ouvir a palavra de correção quer gostemos dela ou não. E quanto mais alto protestarmos, mais certos poderemos estar de que o Espírito Santo apontou nosso erro contumaz com sua precisão de sempre: “Tu és o homem” (2 Sm 12,7).

No capítulo 12 de Hebreus temos a seguinte advertência: “Não menospreze a correção que vem do Senhor”, e ali diz também: “Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos” (Heb 12,8.8).

O bastardo está sempre discordando do diagnóstico que Deus faz de seu pecado. Não reconhece de maneira alguma a verdadeira condição de seu coração. O verdadeiro filho, não; este aceita a avaliação divina acerca de suas motivações errôneas e faz as modificações necessárias em sua vida. E se alegra com a perspectiva de modificar-se. “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Apoc 3,19).

Davi pecou. Cometeu adultério, depois procurou encobrir seu erro armando uma trama contra um homem inocente. Porém isto que Davi fizera, foi mal aos olhos do Senhor. E um dia Deus enviou-lhe uma palavra. O profeta Natã foi fazer-lhe uma visita. “O Senhor enviou Natã a Davi” (2 Sm 12,1).
E o profeta não ficou a conversar com o rei sobre idolatria, dia do sábado ou nem sobre qualquer outro pecado que nada tinha a ver com ele na ocasião. Ele contou-lhe uma história que ilustrava seu grande pecado contra Urias. é que esse era seu ponto doloroso. Ele não havia colocado ídolos em Jerusalém, nem havia profanado a guarda do sábado.

Não precisava de correção nessas questões, nem de repreensão por parte do profeta. O que ele fizera fora um pecado terrível aos olhos do Senhor: adultério; tomando a mulher de outro homem e mandando-o matar, foi homicida. é terrível ver que o próprio Urias levou em suas mãos a sua própria condenação. A correção de Deus iniciou exatamente sobre esse ponto que constituíra o pecado de Davi: adultério e a violação do mandamento – “Não matarás.”

O rei poderia ter resistido à correção e repreensão ; poderia ter-se rebelado e mandado matar o profeta, mas em vez de agir assim, aceitou a correção divina, e não pereceu. “Pequei contra o Senhor...não morrerás” (2 Sm 12,13).
Muitos de nós também pecamos como Davi, mas ainda não confessamos o pecado perante o Senhor nem acertamos o erro. Deus, em sua misericórdia, envia-nos os seus “Natãs”, para trazer-nos a libertação.
Mas para que nos libertemos precisamos render-nos à repreensão, à correção do Senhor com relação ao pecado cometido.


Temos que nos arrepender do erro cometido e mudar nossa forma de agir exatamente nessa questão, na qual o Diabo (o divisor) nos enganou...” (Heb 12,1).
Precisamos corrigir nossa maneira de pensar, é preciso mudanças de mentalidade, ajustando-a à simplicidade de Deus, aceitando-a com alegria, para que aquele erro específico seja devidamente corrigido.

Há algum texto da Palavra que o deixa irritado toda vez que o lê ou ouve uma pregação sobre ele? Ele o deixa exasperado e parece feri-lo?
Então pergunte a si mesmo por que isso se dá. “Destarte, quem rejeita estas coisas não rejeita ao homem, e sim, Deus...” (I Tes 4,8). Provavelmente existe um ponto sensível em sua alma que corresponde exatamente à mensagem desse texto, e que você precisa entregar a Deus.

Dobre seu orgulho, sua teimosia, que opõem resistência a essa verdade. Humilhe-se e aceite a misericordiosa correção divina. Faça isso, renda-se a Deus; receba interiormente essa verdade que vem detestando há tanto tempo.
“Dirigi os vossos passos pelo caminho certo. Os que claudicam tornem ao bom caminho e não se desviem.” (Heb 12,13).; Deixe que Deus cure esses pontos sensíveis agora. Não rejeite a correção divina. Antes seja curado pela mão de Deus.
“Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Heb 12,1).

“...Não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho” (Heb 12,5-6).


Pe. Emílio Carlos Mancini

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