Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos 7, 51; 8, 1
Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, Estêvão disse ao povo, aos seus anciões e aos doutores da lei: 51Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós também! 1Naquele dia começou uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém. E todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judéia e da Samaria. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(30)
REFRÃO: Em vossa mãos, Senhor, entrego o
meu espírito.
1. Inclinai para mim vossos ouvidos, apressai-vos em me
libertar. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me
salvar. Pois só vós sois minha rocha e fortaleza: haveis de me guiar e dirigir,
por amor de vosso nome. - R.
2. Em vossas mãos entrego meu espírito; livrai-me, ó
Senhor, Deus fiel. - R.
3. Detestais os que adoram ídolos vãos. Eu, porém,
confio no Senhor. - R.
4. Exultarei e me alegrarei pela vossa compaixão, porque
olhastes para minha miséria e ajudastes minha alma angustiada. - R.
5. Mostrai semblante sereno ao vosso servo, salvai-me
pela vossa misericórdia. - R.
6. Sob a proteção de vossa face os defendeis contra as
conspirações dos homens. Vós os ocultais em vossa tenda contra as línguas
maldizentes. - R.
Evangelho: João 6, 30-35
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João -
Naquele tempo, 30Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o
vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra? 31Nossos pais comeram o
maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do
céu (Sl 77,24). 32Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos
digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro
pão do céu; 33porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida
ao mundo. 34Disseram-lhe: Senhor, dá-nos sempre deste pão!
35Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá
fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu
A multidão que participou da partilha dos pães na montanha e, depois, seguiu
Jesus em Cafarnaum, acaba percebendo que Jesus propõe algo novo. Pedem-lhe um
sinal para crer. Não entenderam o sinal da partilha. Querem um sinal
extraordinário como o de Moisés e o maná. É o apego do judaísmo às suas
tradições, fechado à novidade de Jesus. Querem um messias poderoso, mesmo que
seja opressor e explorador. E então Jesus revela a Sua verdadeira identidade bem
como a daqueles que o recebem dignamente: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim
nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.
Ele é O verdadeiro Pão que desceu do Céu. Diferente do maná, alimento que Deus enviou por meio de Moises diz: Os nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deus-lhes a comer pão do céu. O maná avalizou Moisés diante do povo como profeta enviado por Deus. Mas Jesus é o Próprio Filho de Deus que se deu como alimento para os homens peregrinos. É o primeiro e o último sinal. É a primeira e última palavra do Pai, por quem tudo começou a existir. Sem Ele nada seria criado e nem salvo. Por Ele todos nós alcançamos graças sobre graças. Pois onde abundou o pecado superabundou à graça.
Por duas vezes no Evangelho de hoje se repete o tema do maná no discurso de Jesus sobre o pão da vida; é um tipo ou referência fundamental para a comparação que se estabelece entre Moisés e Jesus. Entre o alimento que nos leva à morte e pão de vida eterna. O mana apareceu em circunstâncias providencias de tempo e lugar em que apareceu para saciar a fome dos israelitas, perdidos no deserto dentro enquanto caminhavam, reclamando e com saudades das panelas do Egito. Infelizmente a crença popular judaica esperava que na era messiânica voltasse a repetir-se o “milagre” do maná. Jesus faz-lhes um desafio. Apresenta-lhes não um pão. Mas O Pão. Eis aqui um alimento material que simboliza outro superior e mais completo: o pão da vida que é o próprio Cristo.
Por isso Jesus instrui a multidão acerca da verdadeira natureza do pão do céu: Em verdade vos digo que não foi Moisés quem vos deu o pão do céu, mas é meu Pai quem vos dá o verdadeiro ao do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
A expressão pão descido do céu nos remete hoje ao Pão eucarístico, que é o corpo de Jesus. Ele é o pão da vida. Então as pessoas, de acordo com a sua interpretação material do pão de que Cristo lhe fala – tal como a samaritana a respeito da água viva (Jo 4,14) -, dizem a Jesus: Senhor dá-nos sempre desse pão. Este pedido propicia a grande autorevelação em que Jesus se identifica com o pão em questão: Eu sou o pão da vida. O que vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede. Jesus é o pão da vida que, tal como a água viva, satisfaz para sempre a fome e a sede do que crê nele.
Assim, o sinal que devemos pedir receber, acolher de Deus não deve ser outro senão Jesus. Ele é o resgate e o cultivo da vida. É a transformação das pessoas que, acolhendo o seu amor, passam a ser também fonte de vida para outros. Jesus deixa claro: o que vem do céu vem do Pai. O maná não foi dado por Moisés. É o Pai que dá o verdadeiro pão do céu, o pão que dá vida ao mundo. E este pão é Jesus. Os que o ouvem se sensibilizam de modo semelhante à samaritana quando Jesus oferece a fonte d''água da qual quem beber nunca mais terá sede. Pedem desse pão para sempre. Jesus identifica-se como sendo ele próprio o pão da vida. É Jesus que alimenta a vida eterna em nós por sua palavra, seu amor e seu testemunho. Como aquele povo diga você também: Senhor dá-nos sempre desse Pão.
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