sexta-feira, 30 de março de 2012

O PODER DA CRUZ DE JESUS.


A pergunta que quero fazer e responder é: Onde está o poder da Cruz de Jesus?

O poder de Deus está na mensagem da cruz. Em II Coríntios 1,18, Paulo escreve: "Pois a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus". Ela é o poder de Deus.

Eu tenho visto algo acontecer em nossa Igreja e mesmo entre os Carismáticos Católicos, nos últimos anos, e é que temos cessado de crer que o poder de Deus está em pregar a mensagem da cruz.

Nós pregamos sobre todo o resto; nós fazemos todo o resto; mas, não confrontamos homens e mulheres com a mensagem da cruz de Jesus Cristo e todas as implicações que há na Palavra de Deus sobre esta grande mensagem. Se vai haver um derramar do poder de Deus nas nossas igrejas, nesta nação ou qualquer outra nação, temos que voltar a pregar a mensagem antiga e fora de moda da cruz! É a cruz que lida com o pecado. É a cruz que lida com nosso ser. É a cruz que transforma vidas. É o que Jesus Cristo fez na cruz o poder de Deus. Quando nós proclamamos a mensagem do que Ele fez e de como isto afeta as vidas de homens e mulheres, é o próprio poder de Deus se derramando.

Eu voltei de uma Celebração Eucarística há pouco tempo, onde eu preguei um encontro. Era para ser um encontro sobre o poder do Espírito Santo, mas foi mais um encontro de avivamento para os cristãos. Durante aqueles dias nós oramos juntos e falamos sobre o que o avivamento é e como alcançar a almas para Cristo. Conforme nós discutíamos essas coisas, eu perguntei a eles: "Que tipo de reuniões vocês já tiveram aqui?" O que eles me disseram se origina, na sua maioria tudo que temos tido até agora são shows.

Do lado carismático, eles vêm cheios de sinais e maravilhas, tipo show de milagres, e poucas vidas são verdadeiramente mudadas.

Eles trazem cantores cristãos famosos e descobrimos que poucas vidas são mudadas.

Por onde eu vou, eu escuto a mesma história. Há pouca pregação da simples mensagem da cruz, que é o próprio poder de Deus para mudar vidas. Eu não conheço nenhuma outra mensagem que transformará vidas, curará corações e perdoará pecados, que libertará o cativo. Eu não conheço nenhuma outra mensagem, mas a mensagem da cruz de Jesus Cristo. É a mensagem da cruz que o mundo precisa e que as igrejas precisam. Precisamos pregar a antiga e fora de moda mensagem da cruz!

Há poder na mensagem da cruz! O poder de Deus não está em pregar sinais e maravilhas. O poder não está em deixar todo mundo confortável. A cruz não foi confortável para Jesus Cristo. A cruz foi um lugar na história humana onde, fora de Jerusalém, há 2009 anos atrás, pendurado entre dois ladrões, suspenso entre o céu e a terra, estava o Cordeiro de Deus. De um lado da eternidade veio a ira de Deus e Jesus levou sobre Si toda aquela ira. Por quê? Por causa do seu pecado e do meu pecado. E de um outro lado da eternidade veio o amor de Deus. A ira e o amor de Deus se chocaram na cruz, há 2009 anos atrás, e deixou o poder, uma explosão, para que quando falarmos sobre o que Cristo fez em relação aos nossos pecados, nosso ser e nossa rebeldia, quando falarmos da mensagem da cruz, haja o poder de Deus!

A mensagem da cruz é a mensagem que trará avivamento para as nossas igrejas. Nossas igrejas estão cheias de pecado e de egocentrismo e a cruz lida com ambos. Nosso povo precisa se apaixonar por Jesus novamente. Se apaixonar não pelas coisas de Jesus, não pelo poder de Jesus, mas com Jesus e o que Ele fez na cruz, compreendendo que meu pecado colocou Cristo na cruz! Não judeus nem romanos, mas eu mesmo. O meu pecado colocou Cristo na cruz. Quando eu vejo e compreendo o que Ele fez por mim, eu coloco meu rosto no chão, perante Deus, e digo: "Ó, Deus, tenha misericórdia de mim, um pecador! Ó Deus veja o que eu fiz com o Seu filho!"

A mensagem da cruz gera avivamento. A mensagem da cruz liberta o cativo. A mensagem da cruz traz perdão. A mensagem da cruz traz reconciliação. A mensagem da cruz transforma vidas. É o poder de Deus. Paulo disse: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que foram salvos, para nós, é uma força divina.” (I Cor 1,18).

Nós não teremos o poder de Deus sem a mensagem da cruz. A cruz deve ser central. Ela deve ser o centro das nossas vidas. A mensagem da cruz deve queimar em nossos corações. Ela deve ser a mensagem que proclamamos. Devemos nos consumir com o que o Salvador fez na cruz e devemos ensiná-lo, pregá-lo, explicá-lo, porque há o próprio poder de Deus nisso.

Para o apóstolo Paulo, a cruz ocupava o centro de toda a sua cosmovisão. Viver pela cruz foi a sua mais gloriosa experiência. A afirmação de Paulo é profunda, pois para ele, a cruz não representava nenhum tipo de peso, mas era algo transbordante de glória. Sem dúvida alguma, a cruz é um fato histórico muito bem definido. O livro de 1 Pedro 2,24 aponta: Carregando Ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. No entanto, ela também nos remete para a eternidade, pois está escrito em Apocalipse 13,8b: ...escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

O poder e o valor da cruz ultrapassam o tempo e o espaço. A sua ação é perfeitamente notada na intimidade da Trindade divina.

Nenhuma das pessoas divinas existe para si, senão cada uma delas para as demais: O Pai entregou ao Filho todas as coisas e o tem feito centro e Senhor de toda a criação. O Filho ama ao Pai e se deu a si mesmo para que o Pai possa realizar o desígnio de seu coração. O Espírito Santo vive eternamente para glorificar o Pai e ao Filho. Isto quer dizer que o princípio que opera eternamente no seio da vida divina não é outro senão o princípio da cruz.

Talvez muitos se surpreendam, mas a cruz é uma realidade eterna e seguirá sendo eterna. A cruz está ligada a Deus de modo intrínseco e inerente, e isto significa que ela é parte essencial e inseparável do Todo poderoso. A cruz conhecida dentro do tempo e espaço nada mais é do que a expressão da realidade eterna. Deus criou o homem e o colocou em lugar muito especial. Constata-se este fato lendo o livro de Gênesis 2,15: Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. A primeira lição sobre a cruz que Deus deu para a raça humana aconteceu num jardim chamado, o lugar das delícias. Logo ao pisar no paraíso, o homem ouviu do Altíssimo estas palavras: E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2,16-17.

Quando Deus criou o homem, teve em conta a cruz para ele, entregando-o uma primeira lição da cruz ao ordenar que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Sabemos que o pecado consistiu na desobediência deste mandamento, que trouxe como conseqüência a perda da cruz na natureza do homem. A árvore da vida era uma forma de cruz, já que ao comer deste fruto o homem teria uma substituição de vida; outra vida estaria dentro dele... Se ingerisse do fruto da árvore da vida, o homem estaria abrindo mão daquilo que lhe era mais precioso, a sua própria vida. Seria a evidência clara da operação da cruz. O homem ficaria livre de sua vida natural, mas ganharia algo infinitamente mais glorioso, uma vida "incriada". O fruto da árvore da vida apontava para a vida do filho de Deus. No entanto, cativado pela mentira de satanás o homem rejeitou a palavra de Deus. Ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal ele selou a sua morte espiritual. Em Gênesis 3,6 está escrito: Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Não comer da árvore da vida significou a morte. Morte espiritual é separação em relação a Deus. O homem se tornou um ser independente de Deus, conseqüentemente amante de si mesmo. A atitude do primeiro homem foi fatal, pois afetou toda a raça humana. O livro de Romanos 5,12 confirma a conseqüência da rebelião no jardim do Éden: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.

Devido à queda, o homem se tornou um ser errante, nutrido por sua própria vida limitada, terrena, pecadora e separada de Deus. Por causa da queda, nascemos neste mundo mortos para Deus. O livro de Efésios 4,18 atesta: Obscurecidos de entendimento, separados da vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seu coração.

Todo o universo foi atingido pela rebelião do homem. O mundo ficou totalmente maculado por causa da queda. O homem se tornou um escravo do pecado e de suas paixões carnais. O orgulho, o egoísmo, a mentira, a traição, o ódio, a vaidade... agora fazem parte da essência da natureza humana. O diabo mantém toda a raça humana agrilhoada debaixo de seu poder. Isto se chama perdição completa. O caos da humanidade tem um responsável, o próprio homem.

Contudo, ficamos muito admirados e louvamos a Deus, pois a rebelião do homem não foi capaz de impedir que Deus nos amasse em grau infinito. O livro de João 3,16 testifica esta verdade: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Deus se revelou a si mesmo em Jesus Cristo de uma maneira plena e definitiva. E ao fazê-lo, nos mostrou que a essência de sua natureza e caráter é o amor. Amor que se expressou de maneira suprema na cruz do calvário. Pois a Escritura nos diz que em verdade o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. E foi imolado em um ato de amor em que toda a Divindade renunciou, por assim dizer àquilo que mais amava. Para o Pai era o seu filho; para o Filho, o amor e a comunhão com o Pai; e para o Espírito o laço inexpressável que une ao Pai e ao Filho, pois a essência deste laço é Ele.

A cruz foi concebida como o divino remédio para a rebelião humana. Não há outro meio pelo qual o homem pode ser livre da escravidão de seu pecado. É por isto que o apóstolo Paulo enfaticamente disse: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1 Coríntios 2,2. E, em outro lugar: Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. 1 Coríntios 1,18.

Cristo Jesus precisou romper a eternidade, entrar na história e morrer numa cruz para desfazer, para sempre, todas as conseqüências da rebelião. Este foi um ato inefável do amor de Deus por nós. O amor de Deus foi manifestado antes mesmo da criação do homem. Antes mesmo que qualquer anjo fosse criado, já éramos amados por Ele. Deus amou o homem mesmo sabendo de antemão que este o rejeitaria. Está registrado no livro de Efésios 1,4-5: Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade. Somente a experiência da cruz pode pôr um fim a uma vida egocêntrica e auto-suficiente. O livro de Gálatas 2,19 e 20 aponta: Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. A nossa morte em Cristo põe um fim à nossa escravidão ao pecado. Podemos afirmar com fé e segurança: Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Unidos em Cristo, em sua morte e ressurreição, somos agora participantes da família de Deus. Somos parte integrante do Corpo de Cristo, a sua amada Igreja.

Que o nosso coração, como o de Paulo, possa se gloriar de modo pleno na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pois foi por intermédio dela que fomos unidos de modo eterno, ao Pai celestial.







Pe. Emílio Carlos Mancini

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