segunda-feira, 12 de março de 2012

LITURGIA DIÁRIA - O DESEJO DA ETERNIDADE.


Primeira Leitura: Êxodo 17, 1-7
III SEMANA QUARESMA
(roxo - ofício do dia da III semana)

Leitura do Livro do Êxodo - Naqueles dias, 1Segundo uma ordem do Senhor, toda a assembléia dos israelitas partiu, por etapas, do deserto de Sin. Acamparam em Rafidim, onde não havia água para o povo beber. 2E vieram então contender com Moisés: "Dá-nos água para beber" disseram eles. Moisés respondeu-lhes: "Por que procurais contendas comigo? Por que provocais o Senhor?" 3Entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: "Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?" 4Então dirigiu Moisés esta prece ao Senhor: "Que farei a este povo? Mais um pouco e irão apedrejar-me." 5O Senhor respondeu a Moisés: "Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com que feriste o Nilo, e vai. 6Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber." Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel. 7Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: "O Senhor está ou não no meio de nós?" - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(94)
REFRÃO: Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: Não fecheis os vossos corações.
1. Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor, aclamemos o Rochedo de nossa salvação; apresentemo-nos diante dele com louvores, e cantemos-lhe alegres cânticos, - R.
2. Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou. Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: - R.
3. Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras. - R.

Evangelho: Jo 4, 5-42

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Jó - 5Agora que é a tua vez, enfraqueces; quando és atingido, te perturbas. 6Não é tua piedade a tua esperança, e a integridade de tua vida, a tua segurança? 7Lembra-te: qual o inocente que pereceu? Ou quando foram destruídos os justos? 8Tanto quanto eu saiba, os que praticam a iniquidades e os que semeiam sofrimento, também os colhem. 9Ao sopro de Deus eles perecem, e são aniquilados pelo vento de seu furor. 10Urra o leão, e seu rugido é abafado; os dentes dos leõezinhos são quebrados. 11A fera morreu porque não tinha presa, e os filhotes da leoa são dispersados. 12Uma palavra chegou a mim furtivamente, meu ouvido percebeu o murmúrio, 13na confusão das visões da noite, na hora em que o sono se apodera dos humanos. 14Assaltaram-me o medo e o terror, e sacudiram todos os meus ossos; 15um sopro perpassou pelo meu rosto, e fez arrepiar o pêlo de minha pele. 16Lá estava um ser - não lhe vi o rosto - como um espectro sob meus olhos. 17Ouvi uma débil voz: Pode um homem ser justo na presença de Deus, pode um mortal ser puro diante de seu Criador? 18Ele não confia nem em seus próprios servos; até mesmo em seus anjos encontra defeitos, 19quanto mais em seus hóspedes das casas de argila que têm o pó por fundamento! São esmagados como uma traça; 20entre a noite e a manhã são aniquilados; sem que neles se preste atenção, morrem para sempre. 21Não foi arrancada a estaca da tenda deles? Morrem por não terem conhecido a sabedoria. - Palavra da salvação.
catolicanet.com

Homilia - Pe Bantu

À samaritana e a todos os que de alguma forma se reconhecem em sua situação, Jesus faz uma proposta radical no Evangelho deste domingo: buscar outra «água», dar um sentido e um horizonte novo à própria vida. Um horizonte eterno! «A água que eu lhe darei se converterá nela em fonte de água que brota para a vida eterna.» Eternidade é uma palavra que caiu em «desuso». Converteu-se em uma espécie de tabu para o homem moderno. Crê-se que este pensamento pode afastar do compromisso histórico concreto para mudar o mundo, que é uma evasão, um «despertar no céu os tesouros destinados à terra», dizia Hegel.
Mas qual é o resultado? A vida, a dor humana, tudo se torna imensamente mais absurdo. Perdeu-se a medida. Se na nossa vida faltar a visão da eternidade, todo sofrimento, todo sacrifício parece absurdo, desproporcionado, nos «desequilibra», derruba-nos. São Paulo escreveu: «A leve tribulação de um momento nos produz, sobre toda medida, um pesado caudal de glória eterna». Em comparação com a eternidade da glória, o peso da tribulação lhe parece «leve» (a ele, que sofreu tanto na vida!) precisamente porque é «passageiro». Com efeito, acrescenta:
«As coisas visíveis são passageiras, mas as invisíveis são eternas» (2 Cor 4, 17-18). Já para o filósofo Miguel de Unamuno, dizia a um amigo que reprovava, como se fosse orgulho ou presunção, sua busca de eternidade, respondia nestes termos: «Não digo que mereçamos um mais além, nem que a lógica o demonstre; digo que precisamos, mereçamos ou não, simplesmente. Digo que o que passa não me satisfaz, que tenho sede de eternidade, e que sem esta tudo me é indiferente. Sem ela, já não existe alegria de viver... É fácil demais afirmar: ‘Devemos viver, devemos conformar-nos com esta vida’. E os que não se conformam?». Não é que quem deseja a eternidade mostra que não ama a vida, mas sim quem não a deseja, dado que se resigna tão facilmente ao pensamento de que aquela deva terminar.
Seria um enorme lucro, não só para a Igreja, mas também para a sociedade, redescobrir o sentido de eternidade. Ajudaria a reencontrar o equilíbrio, a relativizar as coisas, a não cair no desespero diante das injustiças e a dor que há no mundo, ainda lutando contra elas. A viver menos freneticamente.
Na vida de cada pessoa, houve um momento em que se teve certa intuição da eternidade, ainda que confusa. Devemos estar atentos para não buscar a experiência do infinito nas drogas, no sexo desenfreado e em outras coisas nas quais, no final, só permanece a desilusão e a morte. «Todo aquele que beber desta água voltará a ter sede», disse Jesus à samaritana. Deve-se buscar o infinito no alto, não no que é baixo; acima da razão, não por abaixo dela, nas ebriedades irracionais.
Está claro que não basta saber que a eternidade existe; é preciso também saber o que fazer para alcançá-la. Perguntar-se, como o jovem rico do Evangelho: «Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna?». Leopardi, na poesia O Infinito, fala de uma cerca que oculta da vista o último horizonte. Qual é, para nós, esta cerca, este obstáculo que nos impede de olhar para o horizonte último, para o eterno? A samaritana, aquele dia, compreendeu que devia mudar algo em sua vida se desejava obter a «vida eterna», porque em pouco tempo a encontramos transformada em uma evangelizadora que relata a todos, sem hesitar, o que Jesus lhe disse: «Ele disse-me tudo o que eu fiz.».

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