(Lc 5, 13)
Um dia em que Francisco rezava em solidão e, levado pelo fervor, estava todo absorvido em Deus, o Senhor apareceu-lhe na Cruz.
A esta visão, «a sua alma derreteu-se» (Ct 5, 6) e a memória da Paixão de Cristo atingiu-o tão profundamente que a partir de então mal podia conter as lágrimas e os suspiros assim que se punha a pensar no Crucificado; ele próprio o confessou um dia, pouco tempo antes de morrer.
E assim ficou a compreender que era a ele que eram dirigidas as palavras do Evangelho: «Se alguém quiser vir Comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Mt 16, 24).
A partir de então, abandonou-se ao espírito de pobreza, ao sabor da humildade e aos rasgos duma profunda piedade.
Enquanto que outrora não só a companhia, mas até a vista dum leproso, mesmo ao longe, o enchia de repugnância, daí em diante pôs-se a prestar-lhes todos os serviços possíveis com uma completa indiferença por si próprio, sempre humilde e todo humano, por causa de Cristo crucificado que, segundo as palavras do profeta, foi considerado e «desprezado como um leproso» (Is 53, 3-4).
São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja
Vida de S. Francisco, Legenda Major, cap. 1 (a partir da trad. cf. Vorreux, Éds franciscaines 1951, p. 572)
com minha benção sacerdotal
Pe.Emílio Carlos+
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